Perícia invalida laudo e aponta indícios de irregularidades na eleição do PT Tocantins

15 julho 2025 às 16h02

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A campanha de Nile William, candidato à presidência do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no Tocantins, apresentou nesta terça-feira, 15, um parecer técnico pericial que contesta o laudo elaborado por Diego Montelo, candidato da situação apoiado pelo atual presidente da legenda no estado, Zé Roberto. O documento, produzido por um especialista independente, identifica inconsistências técnicas, distorções metodológicas e possíveis indícios de manipulação de dados no material usado para questionar a validade de assinaturas em listas de votação no Processo de Eleição Direta (PED) do partido.
O parecer foi assinado por Valdir Miranda Bizerra, perito documentoscópico e ex-perito oficial do Estado do Tocantins, com mais de 20 anos de experiência na área. A solicitação foi feita pela equipe técnica e jurídica da campanha de Nile William após denúncias de falsificação de assinaturas apresentadas por Montelo.
Segundo Bizerra, o laudo apresentado pelo adversário político não atende aos critérios exigidos pelas normas brasileiras de grafoscopia. “O documento se limita a comparar letras isoladas, desconsiderando parâmetros essenciais como ataques, remates, proporcionalidade gráfica, pressão de punho, inclinação axial, entre outros elementos exigidos pela Norma Brasileira de Grafoscopia”, destaca o especialista em trecho do parecer, que possui 18 páginas.
O documento também aponta que a análise apresentada pela equipe de Diego Montelo não contém demonstrações técnicas suficientes para comprovar a suposta falsidade das assinaturas. Conforme a avaliação do perito, a produção de um laudo completo e tecnicamente adequado não poderia ser feita em poucas horas, como ocorreu no caso em questão, sendo necessário um prazo médio de dez dias para análise detalhada.
Acusações
Outro ponto levantado pela campanha de Nile William é a atuação de Diego Montelo no processo eleitoral. De acordo com a denúncia da oposição, ele teria acumulado funções durante o PED-2025, conduzindo o processo enquanto também concorria à presidência estadual do partido. As acusações incluem a totalização individual dos votos, restrição de acesso às atas por parte da comissão eleitoral e distribuição de cédulas apenas para diretórios favoráveis à sua candidatura.
A equipe de Nile William sustenta que essa conduta configura conflito de interesses, comprometendo a legalidade e a transparência do processo. “Essa prática rompe com os princípios democráticos e estatutários do partido. Trata-se de um vício insanável que compromete toda a lisura do processo”, afirmou um dos advogados da campanha.
Diante dos apontamentos, os representantes de Nile William informaram que será protocolada uma representação formal à Direção Nacional do PT, com pedido de anulação das decisões tomadas pela atual direção estadual. O caso também deverá ser submetido à análise da Comissão Nacional de Ética Partidária.
“Não aceitaremos ser vítimas de um golpe interno. O que está em jogo não é apenas esta eleição, é o futuro da democracia interna do PT”, declarou o Professor Nile William, que, segundo sua campanha, obteve maioria de votos em várias localidades, mas teve o resultado questionado com base em um laudo técnico agora contestado.