PF aponta que dinheiro desviado no Tocantins financiou pousada de luxo em nome do filho do governador

03 setembro 2025 às 11h32

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A Polícia Federal (PF) investiga o uso de recursos desviados durante a pandemia de Covid-19 para a construção de uma pousada de luxo em Taquaruçu, distrito turístico de Palmas. O empreendimento, registrado em nome de Rérison Antônio Castro Leite, diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), filho do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos), teria recebido cerca de R$ 2,4 milhões entre junho de 2022 e julho de 2024. As informações são da TV Globo.
Segundo a PF, os valores foram direcionados para a Pousada Pedra Canga, onde “foi constatado o aporte de grandes somas de recursos” ligados ao esquema de desvio de verbas públicas. Interceptações telefônicas mostram conversas entre Rérison e Marcos Martins Camilo, então chefe de gabinete do governador, que reforçam a suspeita de ocultação de patrimônio em nome do filho.
Para justificar o fluxo de capital, os aportes passaram a ser registrados como investimentos de “investidor-anjo”, prática comum em direito empresarial, mas que, segundo a PF, teria sido usada para mascarar a origem ilícita do dinheiro.
A decisão que afastou Wanderlei Barbosa por seis meses foi assinada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O governador é apontado como chefe da organização criminosa investigada na Operação Fames-19, que apura fraudes em contratos de cestas básicas e frangos congelados firmados em 2020 e 2021, durante o estado de emergência.
De acordo com a investigação, mais de R$ 97 milhões foram pagos nesses contratos, com prejuízo estimado de R$ 73 milhões aos cofres públicos. Além da pousada, o dinheiro desviado teria sido usado para a compra de gado e despesas pessoais.
O que diz Wanderlei Barbosa
Em nota, o governador afastado afirmou que respeita a decisão do STJ, mas classificou a medida como “precipitada”. Disse ainda que as compras investigadas ocorreram durante a gestão anterior, quando ele era vice-governador e não ordenador de despesas. Barbosa destacou que determinou auditorias pela PGE e CGE e prometeu recorrer para reassumir o cargo.
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