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A Polícia Federal investiga indícios de repasses financeiros que podem ligar o deputado federal Vicente Alves de Oliveira Júnior, o Vicentinho Júnior (PP), e sua esposa, Gillaynny Marjorie Duarte Borba de Oliveira, a um grupo investigado na Operação Overclean. As apurações apontam conexões com os irmãos Alex e Fábio Parente, apontados como líderes da organização criminosa investigada.

Segundo informações obtidas pelo Metrópoles, entre março de 2023 e novembro de 2024, a empresa GMD Borba Distribuidora Eireli, registrada em nome de Gillaynny, recebeu transferências mensais de uma firma considerada de fachada pela PF. A empresa remetente, BRA Teles LTDA, teria sido criada pelos irmãos Parente com o objetivo de movimentar recursos de origem ilícita, segundo as investigações.

Os depósitos, no valor de R$ 20 mil por mês, coincidem com registros encontrados em uma planilha apreendida pela Polícia Federal em dezembro de 2024. O documento é tratado pelos investigadores como um controle de supostos repasses ilegais. Nessas anotações, as transferências aparecem associadas ao codinome “VIC”, que, de acordo com a investigação, faria referência ao parlamentar.

A soma dos valores descritos na planilha atribuídos aos anos de 2023 e 2024 chega a R$ 420 mil. Desse total, R$ 260 mil teriam origem diretamente na empresa de fachada vinculada à organização criminosa, enquanto o restante aparece relacionado a outros remetentes citados nos documentos apreendidos.

Para a Polícia Federal, os elementos reunidos até o momento indicam, com elevado grau de convicção, que os valores teriam como destinatário final o deputado, por meio da empresa registrada em nome de sua esposa.

Durante diligências, investigadores estiveram em duas ocasiões no endereço informado como sede da GMD Borba Distribuidora Eireli. No local, não foi encontrada nenhuma distribuidora de bebidas em funcionamento. Pessoas ouvidas relataram que, há cerca de dois anos, teria existido um estabelecimento desse tipo no endereço, mas afirmaram não haver movimentação recente.

A reportagem entrou em contato com o deputado federal para solicitar posicionamento, mas não obteve resposta até a publicação. O espaço permanece aberto para manifestação.

A Operação Overclean

Deflagrada em dezembro do ano passado, a Operação Overclean apura um esquema de corrupção envolvendo recursos públicos destinados a municípios por meio de emendas parlamentares. As investigações identificaram fraudes em contratos relacionados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), incluindo obras superfaturadas e serviços que não teriam sido executados, especialmente em cidades da Bahia.

Em uma das fases da operação, a Polícia Federal apreendeu planilhas com mais de 100 nomes e codinomes ligados ao esquema. As apurações também apontam a participação de empresários e agentes públicos de diferentes esferas.

Entre os investigados está o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, preso na fase inicial da operação e apontado como articulador político do grupo. Na residência dele, a PF encontrou uma escritura vinculada ao nome do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que nega qualquer irregularidade.

Outro parlamentar citado nas investigações é Félix de Almeida Mendonça Júnior (PDT-BA), apontado como integrante do núcleo político responsável pela articulação das emendas. Embora não tenha sido alvo das buscas mais recentes, ele permanece sob investigação por sua relação com prefeitos afastados no âmbito da operação.