Em uma reunião que durou cerca de quatro horas, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, juntamente com representantes do Executivo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, chegaram a um consenso sobre a reformulação das regras para a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União. O encontro, realizado no gabinete da presidência do STF, contou também com a presença de todos os ministros do Supremo e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O acordo estabelece que todas as emendas parlamentares deverão seguir novos critérios de transparência, rastreabilidade e correção. De acordo com a nota conjunta divulgada após a reunião, será obrigatória a identificação clara de quem indica os recursos e para onde eles são destinados. Essa medida visa garantir que o uso do dinheiro público seja devidamente monitorado e que os processos sejam transparentes.

As chamadas “emendas Pix”, que permitem a transferência direta de recursos públicos sem destinação específica a projetos ou programas, continuarão a existir, mas com condições rigorosas. Agora, será necessário identificar antecipadamente o objeto do recurso, priorizar a conclusão de obras inacabadas e garantir a prestação de contas ao Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, a execução dessas emendas será obrigatória pelo Executivo, mantendo seu caráter impositivo.

As emendas individuais, que também possuem impositividade, continuarão a ser realizadas, mas sob novas exigências de transparência e rastreabilidade, que serão formalizadas pelos Poderes Executivo e Legislativo em até 10 dias. Em relação às emendas de bancada, que já são impositivas, o acordo determina que os recursos sejam destinados exclusivamente a projetos estruturantes em cada estado e no Distrito Federal, proibindo a divisão dos valores entre os parlamentares que compõem as bancadas.

As emendas de comissão, por sua vez, serão direcionadas a projetos de interesse nacional ou regional, definidos em comum acordo entre o Legislativo e o Executivo. As regras específicas para essas emendas também serão estabelecidas nos próximos 10 dias.

Outro ponto importante do acordo é que o volume total de emendas não poderá crescer de um ano para outro em uma proporção maior do que o aumento das despesas discricionárias do Executivo. Essa medida visa garantir que o crescimento das emendas parlamentares esteja alinhado com o orçamento geral do governo.

Esse entendimento entre os Poderes ocorre após o Supremo Tribunal Federal confirmar, por unanimidade, a suspensão temporária das emendas parlamentares, incluindo as “emendas Pix”, através de decisões provisórias do ministro Flavio Dino. As liminares foram mantidas, mas deverão ser reavaliadas após o consenso alcançado na reunião.

A suspensão das emendas foi resultado de ações movidas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), pelo PSOL e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que argumentaram que a liberação das emendas não estava cumprindo os critérios constitucionais de transparência, rastreabilidade e eficiência na aplicação dos recursos públicos.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, destacou que o acordo representa uma solução “inteligente e concertada” entre os Poderes, com o objetivo de assegurar que o orçamento público seja utilizado de forma eficaz, atendendo às necessidades da população.