O professor de história, Carlos Eduardo Meira Batista, conhecido como Kadu, de 29 anos, faleceu no domingo, 31, após sofrer um infarto em Recursolândia, onde trabalhava na rede estadual de ensino. Natural de Brumado (BA), ele havia ingressado recentemente no quadro efetivo da Secretaria da Educação do Tocantins (Seduc), atuando na Escola Estadual Recurso I desde 2024.

De acordo com relatos de colegas e amigos, Kadu apresentou ao menos três pedidos de remoção, anexando laudos médicos que apontavam problemas de saúde e a necessidade de tratamento em outra localidade. Em nota, a Seduc disse que o primeiro pedido foi negado pelo fato de o docente ainda se encontrar em estágio probatório. O segundo foi aceito e seria publicado nesta segunda, 1º, um dia após a morte do professor. Confira nota abaixo.

Ele começou a fazer uso de três medicamentos de tarja preta após as situações na escola. Segundo professores e moradores que conviviam com Kadu, o docente chegou a denunciar episódios de assédio no ambiente de trabalho. Amigos afirmaram à reportagem que ele era alvo de hostilidade por parte de estudantes. “Alunos colocavam pedras dentro de bolinhas de papel para jogar nele enquanto escrevia no quadro”, relatou uma pessoa próxima que não quis se identificar.

Outro colega contou que o professor enfrentava perseguição e bullying, e que chegou a registrar denúncias contra a gestão da escola. “No início, eu aconselhei ele fazer um dossiê de tudo que estava ocorrendo com ele na escola. Um cara super inteligente. Muito dedicado ao trabalho. Foi poesia em um lugar onde as pessoas não sabiam ler”.

Translado e funeral

O corpo será levado para Brumado (BA), cidade natal do professor, onde ocorrerá o sepultamento. Sem cobertura de plano funerário, familiares e amigos organizam uma campanha para arrecadar R$ 11.700,00, valor necessário para o translado, uso de salão funerário e sepultamento.

As doações podem ser feitas via Pix (77999576323) em nome de Natália Santos Franco, mãe do filho de Kadu.

Homenagens

O prefeito de Recursolândia, Vinícius Barbosa, divulgou nota de pesar manifestando solidariedade a familiares, colegas, alunos e amigos. Nas redes sociais, ex-alunos e professores também prestaram homenagens, lembrando a dedicação de Kadu ao trabalho.

Posição

O Jornal Opção Tocantins solicitou nota à Secretaria da Educação sobre o caso, incluindo a negativa dos pedidos de remoção feitos pelo professor e os relatos de denúncias de assédio no ambiente escolar. Em nota, a Seduc disse que “lamenta profundamente o falecimento do professor”. “Neste momento de grande dor, a Seduc manifesta solidariedade à família, amigos, colegas e estudantes do professor Carlos Eduardo”.

Segundo a pasta, o servidor estava em estágio probatório desde 21 de janeiro de 2024. Sobre as remoções, a Seduc disse que o professor havia solicitado remoção, e o pedido foi encaminhado à junta médica da Secretaria de Estado da Administração (Secad). “No entanto, a solicitação foi negada em razão do que diz a Lei Estadual nº 1.818/2007 e a Instrução Normativa Geral nº 02/2015, que institui que servidores em estágio probatório não podem ser removidos a pedido. Solicitações de remoção realizadas durante o estágio probatório só podem ser atendidas mediante determinação judicial”, disse.

A Seduc acrescentou que publicou, em 13 de agosto, o edital de remoção interna, acordado com o Ministério Público do Tocantins como parte do processo de redistribuição de vagas do concurso da educação. “O edital ofertou 490 vagas, permitindo que servidores interessados participassem conforme os critérios legais”.

De acordo com a Seduc, “no edital de remoção, o professor Kadu havia se inscrito para ser removido para a cidade de Pedro Afonso, que apresentava três vagas para a disciplina de História. O professor foi automaticamente aprovado, pois tiveram apenas dois inscritos para essas vagas. O resultado foi encaminhado para a Casa Civil e aguardava publicação prevista para esta segunda-feira, 1º de setembro, conforme cronograma do edital”, finalizou.