Projeto de hidrovia Araguaia-Tocantins é contestado por mais de 50 organizações
30 agosto 2024 às 10h35
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Mais de 50 organizações da sociedade civil estão se posicionando contra um projeto de construção de um trecho da hidrovia no Rio Tocantins, uma parte essencial da futura Hidrovia Araguaia-Tocantins. Este projeto, intitulado “Dragagem e Derrocagem da Via Navegável do Rio Tocantins,” visa facilitar o transporte de commodities agrícolas e minerais, mas está sendo questionado por seus potenciais impactos socioambientais.
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação pedindo a anulação do licenciamento concedido para a obra. Segundo o MPF, o licenciamento foi realizado sem consultas prévias, livres e informadas às comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas que seriam afetadas, o que contraria normas estabelecidas. Além disso, o MPF argumenta que houve uma fragmentação no processo de licenciamento ambiental, o que desconsiderou os impactos mais amplos que a hidrovia teria na região.
A obra envolve intervenções como a dragagem, que remove bancos de areia, e a derrocagem, que retira afloramentos rochosos ao longo de 560 km do rio, criando um canal de navegação para grandes embarcações. No entanto, a ação do MPF alega que foram utilizados critérios artificiais para delimitar as áreas de influência do projeto, excluindo diversas comunidades dependentes da pesca e navegação tradicional.
Os impactos previstos incluem erosão das margens, contaminação da água, perturbação da vida aquática e alteração das rotas de pesca, o que pode prejudicar gravemente a subsistência das comunidades locais. O MPF também alerta que, devido às mudanças climáticas e às previsões de crises hídricas, a navegabilidade do Rio Tocantins pode ser comprometida, transformando o projeto em um possível desperdício de recursos públicos bilionários.
Diante desses riscos, diversas organizações estão mobilizadas para discutir e divulgar os potenciais perigos do empreendimento. Elas se opõem à continuidade da obra sem a realização de estudos, consultas e licenças que considerem a totalidade dos impactos socioambientais envolvidos.
Debate na CMA
Durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) no Senado, na quarta-feira, 28, autoridades e especialistas debateram os impactos socioambientais e econômicos da Hidrovia Araguaia-Tocantins. O senador Jorge Kajuru, que presidiu a reunião, expressou preocupação com a degradação do Rio Araguaia, ressaltando problemas como o desvio de água por empresários locais.
Defensores da obra, como Larissa Martins, do Ministério de Portos e Aeroportos, argumentaram a favor da dragagem e derrocamento do Rio Tocantins, destacando a importância dessas ações para garantir a navegação segura. No entanto, críticos, como o pesquisador Alberto Akama e o procurador Sadi Flores Machado, questionaram a adequação do processo de licenciamento e alertaram sobre os possíveis impactos negativos para as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas que dependem dos rios Araguaia e Tocantins.
Lista de organizações que assinam a manifestação:
- A Vida no Cerrado – AVINC
- Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins – APA-TO
- Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins – ARPIT
- Articulação Tocantinense de Agroecologia – ATA
- Associação Alternativa Terrazul
- Associação Brasileira de Antropologia – ABA
- Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista Vila Tauiry – ACREVITA
- Associação de Amigos do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – AVE
- Associação de Jovens Engajamundo
- Associação Indígena Apinajé PYKA MEX
- Associação Onça D’água – Tocantins
- Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente – ARCA
- Associação Wyty Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins
- Cáritas Brasileira Regional Norte 2
- Centro de Direitos Humanos de Cristalândia Dom Heriberto Hermes – CDHC
- Centro de Trabalho Indigenista – CTI
- Coalizão Pelos Rios
- Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática
- Coletivo Goiás Lixo Zero
- Coletivo Ideias Urbanas
- Colônia de Pescadores de Araguacema – Copesca Z-5
- Comissão Pastoral da Terra – Araguaia-Tocantins
- Comissão Pastoral da Terra – CPT Pará
- Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira – COMVIDA
- Conselho Indigenista Missionário regional Goiás-Tocantins
- Cooperativa de Trabalho de Catadores de Material Reciclável de Bela Vista de Goiás
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB
- FASE Amazônia
- Instituto Aldeias
- Instituto Altair Sales
- Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental – IDESA
- Instituto EcomAmor
- Instituto Madeira Vivo – IMV
- Instituto Plantadores de Água
- Instituto Pouso Alto
- Instituto Santa Dica
- Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN
- Instituto Zé Claudio e Maria
- International Rivers
- Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
- Movimento Estadual de Direitos Humanos e Ambientais do Tocantins
- Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB
- Movimento Sos Cerrado
- Movimento SOS Chapada dos Veadeiros
- Museu da Águas Brasileiras
- Núcleo Rondônia do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental
- Observatório de Conflitos Socioambientais do Matopiba
- Rede Cerrado
- Rede Jandyras
- Rede Pouso Alto Agroecologia
- Sociedade Ecológica Porto das Antas
- SOS Rio Piracanjuba
- Territórios Globais – TG