Um relatório técnico de 183 páginas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), concluído em 2020, indicava 19 tipos de danos estruturais na ponte Juscelino Kubitschek, que desabou no domingo, 22, entre os Estados do Tocantins e Maranhão. O acidente resultou na morte de duas pessoas e no desaparecimento de outras 14.

De acordo com o documento, que foi acessado pelo Jornal Opção Tocantins, a ponte, construída na década de 1960, apresentava fissuras em 14 dos 16 pilares, além de falhas nas paredes de travamento, nos blocos de fundação e nos reforços dos pilares, que exibiam inclinações visíveis. O relatório descreve o “nível elevado de danificação da estrutura”, mas não aponta risco iminente de colapso. 

O Dnit ainda mantém em seu portal um relatório gerencial sobre a infraestrutura rodoviária, que classifica o estado de conservação da ponte JK como “ruim”. Numa escala de 1 a 5, onde 5 representa a melhor condição, a estrutura foi avaliada com nota 2.

Quatro anos após essa vistoria, o Dnit anunciou, em 2024, um edital para contratar uma empresa responsável pela reabilitação da ponte, com valor estimado em R$ 13,320 milhões. No entanto, a licitação não atraiu interessados.

O documento do Dnit, publicado em maio deste ano, alertava sobre as condições precárias da ponte, mencionando vibrações excessivas e desgaste visível das estruturas e do pavimento. Entre 2021 e 2023, o órgão informou que foram investidos R$ 3,5 milhões em manutenção de estruturas rodoviárias no Estado do Tocantins, incluindo reparos em vigas, lajes e passeios, mas não especificou quais intervenções foram feitas na ponte Juscelino Kubitschek.

A ponte, que fazia a ligação entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), está agora condenada, após o desabamento, e o Dnit anunciou que os custos para sua reconstrução devem variar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, com a demolição da estrutura restante a ser feita sob regime de emergência.

O vereador de Aguiarnópolis, Elias Cabral Júnior, declarou nas redes sociais que os danos na ponte eram visíveis a ponto de serem facilmente percebidos por uma criança. Segundo ele, a estrutura balançava quando veículos passavam, e havia buracos com ferragens expostas, fendas e desnível nas junções, situação que foi registrada por ele em vídeo no momento da queda da ponte.