“Se for necessário, faremos greve”: professores da rede estadual se mobilizam em Palmas em defesa do PCCR

01 outubro 2025 às 11h39

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Professores da rede estadual de ensino realizaram, nesta quarta-feira, 1º, uma paralisação em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), em Palmas. O movimento também contou com adesão de profissionais de outros municípios do Tocantins. A mobilização tem como objetivo pressionar o governo a dar andamento ao Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da categoria.
Na terça-feira, 30, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) se reuniu com representantes da Seduc, da Casa Civil e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para tratar do PCCR. O encontro tinha como objetivo obter uma data para envio do projeto à Assembleia Legislativa, mas isso não ocorreu. Segundo o governo, o projeto ainda está em análise interna. Extraoficialmente, foi indicada a possibilidade de nova reunião na próxima segunda-feira (6), sem confirmação formal. Diante da falta de compromissos concretos, o Sintet convocou a paralisação desta quarta-feira.
Antônia Cássia, professora com quase 20 anos de experiência na rede estadual, atualmente lotada na unidade São Castro Alves, na região norte de Palmas, destacou a importância da mobilização:
“Essa paralisação é fundamental porque nosso plano de carreira não recebe a devida atenção. Nossa categoria é a que recebe menos em comparação a outras, mesmo sendo a base de toda educação do país. Por que não nos valorizam? Por que aumentam o salário de todos, menos o nosso? E quando há aumentos, são apenas migalhas. Após muitas paralisações e greves, o que conquistamos quase nunca é cumprido. É uma luta constante, como se tivéssemos que viver na corda bamba entre o trabalho e a valorização que não existe.”

O presidente do Sintet, José Roque Santiago, afirmou que o sindicato busca garantir que o PCCR avance independentemente da gestão:
“Estamos há mais de um ano trabalhando nesse projeto. Não buscamos um projeto de governo, mas um projeto de estado. Precisamos dialogar com quem responde pelo estado para que o plano avance e seja implementado com as propostas que construímos. O importante são as ações e os compromissos com uma educação de qualidade e trabalhadores valorizados.”
Sobre a relação com a atual gestão interina, Santiago comentou:
“Participamos de dois encontros com a gestão atual, um no sindicato e outro oficial, mas não recebemos a agenda necessária para discutir cada etapa do PCCR, realizar análises, ajustes e encaminhar assembleias. Nosso objetivo é garantir que o projeto avance e seja implementado, que é a grande expectativa da categoria.”

A presidente regional do Sintet em Palmas, Rose Marques, reforçou que o sindicato não descarta medidas mais enérgicas:
“Se for necessário, faremos greve. Esse sindicato sempre esteve à frente das lutas da categoria e jamais se furtará. Estamos há mais de 11 anos com a carreira parada. A educação do estado tem o pior plano de carreira, e ainda assim entregamos qualidade e resultados. O mínimo que esperamos é a valorização prevista no PCCR.”
O ato também chamou atenção para a sobrecarga e o desgaste psicológico enfrentados pelos professores, que relatam sensação de desvalorização e casos de assédio moral. O Jornal Opção Tocantins entrou em contato com a gestão da Seduc solicitando posicionamento e aguarda retorno.
Lista de munícipios com paralisações:
Palmas – em frente à Seduc – 8h30
Paraíso – sede do Sintet
Porto Nacional – Praça do Centenário – 8h30
Colinas do Tocantins – sede do Sintet / Praça 7 de Setembro – 8h30
Gurupi – em frente à S.R.E. – 8h30
Guaraí – Praça da Conciliação
Itacajá – em frente ao Colégio Itacajá
Colmeia – em frente ao Colégio Estadual de Colmeia
Dianópolis – Praça Central – 8h30
Arraias – Praça do Coreto / em seguida S.R.E.
Miracema – sede do Sintet – 8h30
Augustinópolis – Praça Ary Valadão – 8h30
Tocantinópolis – Praça da Bíblia – 8h30
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