Sobrecarregado e sem médicos, Hospital Dona Regina corre risco de colapsar, revela sindicato e CRM
23 outubro 2024 às 09h56
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O Hospital e Maternidade Dona Regina, localizado em Palmas, enfrenta uma crise que envolve a falta de profissionais médicos, sobrecarga de trabalho e condições inadequadas, fatores que estão levando o sistema de saúde à beira do colapso. A situação foi debatida em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 23, com representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM), e do Sindicato dos Médicos do Tocantins (Simed), em que o cenário é descrito como crítico, principalmente nos setores de pediatria e obstetrícia, com profissionais formados na residência médica do hospital preferindo atuar em outras regiões ou até mesmo deixando o estado em busca de melhores condições de trabalho.
De acordo com os relatos, muitos médicos, especialmente os residentes, enfrentam sobrecarga extrema. O hospital, que deveria contar com no mínimo quatro plantonistas por turno, muitas vezes opera com apenas um ou dois, segundo os representantes, isso não só coloca em risco a qualidade do atendimento, como também agrava o quadro de exaustão física e mental dos profissionais, uma vez que a pressão excessiva tem levado a uma alta incidência de burnout e transtornos mentais entre os médicos. Dados mencionados na coletiva indicam que cerca de 40% dos médicos no Brasil sofrem com algum tipo de transtorno mental, sendo que essa porcentagem aumenta para quase 50% na faixa etária de 25 a 35 anos, onde o burnout se destaca.
O Hospital Dona Regina, referência no atendimento de casos de pediatria e obstetrícia, atualmente depende da força de trabalho dos residentes. No entanto, muitos desses jovens médicos, após concluir sua formação, optam por não permanecer no local, migrando para outras cidades ou até outros estados em busca de uma melhor qualidade de vida e remuneração mais atraente. Esse êxodo tem se intensificado nos últimos meses, aumentando a precariedade no atendimento.
Durante a coletiva, o presidente do Simed, Reginaldo Abdalla, e os presidente e vice do CRM, Eduardo Pinto Gomes e Wordney Camargo, também evidenciaram a falta de concursos públicos e o número elevado de profissionais contratados de forma temporária, consequentemente resultando em alta rotatividade e falta de compromisso a longo prazo. As autoridades destacaram que o último concurso público realizado para a área da saúde no Tocantins ocorreu há mais de dez anos, e atualmente, cerca de 70% dos profissionais que atuam no estado são contratados temporários.
O governo estadual anunciou recentemente algumas medidas emergenciais, como o aumento da remuneração por plantões extras, mas essa iniciativa foi criticada pelos representantes das entidades de classe. Segundo eles, apenas o aspecto financeiro não será suficiente para resolver os problemas estruturais, que incluem a falta de profissionais e a sobrecarga de trabalho. Além disso, foi apontado que os ajustes salariais propostos podem não ser aplicados de forma equitativa entre os médicos concursados e os contratados por empresas terceirizadas, o que cria mais insatisfação entre os profissionais.
Uma nova unidade hospitalar está em fase de licitação e deverá ser construída dentro de dois anos. Entretanto, até lá, a preocupação é como manter o sistema funcionando de forma minimamente eficiente. Os representantes destacaram a necessidade de medidas emergenciais de curto e médio prazo, como a reabertura de negociações com médicos que estão saindo e a oferta de melhores condições de trabalho para os profissionais que optarem por permanecer.
Diante desse cenário, os presentes na coletiva afirmaram que o risco de colapso é iminente, declarando que o Hospital Dona Regina, que já foi uma das melhores ofertas de emprego médico no Brasil, hoje se encontra em uma situação de extremo desgaste, não só para os profissionais de saúde, mas também para a população, que depende de seus serviços. A falta de pediatras e obstetras adequados para atender à demanda torna-se uma preocupação crescente. O sindicato dos médicos e o CRM informaram que seguem abertos para diálogo com o governo, visando soluções que possam garantir a continuidade do atendimento até a inauguração da nova unidade, evitando, assim, um colapso total no sistema de saúde estadual.
O Jornal Opção Tocantins solicitou um posicionamento sobre o caso à Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) e aguarda retorno.