As defesas do jornalista e ex-prefeito de Almas, Goianyr Barbosa de Carvalho, e de seu filho, o advogado Thiago Marcos Barbosa, se manifestaram sobre as prisões realizadas na última terça-feira (18), durante operação da Polícia Federal (PF) que investiga o vazamento de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ambos permanecem detidos na Casa de Prisão Provisória de Palmas.

Ao Jornal Opção Tocantins, a defesa de Thiago Marcos Barbosa informou que foi requerida a revogação de sua prisão preventiva durante a audiência de custódia, mas o pedido não foi apreciado porque a sessão foi presidida por um juiz instrutor do gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e não pelo próprio ministro. A análise do pedido deve ocorrer nos próximos dias. Os advogados afirmaram ainda que só vão se manifestar sobre as investigações após terem acesso integral ao conteúdo dos autos.

Já a defesa de Goianyr Barbosa declarou à redação que ele é inocente e que não há qualquer indício de crime de lavagem de dinheiro. Reforçou ainda que, no Brasil, não há um limite legal para a quantia que uma pessoa pode manter consigo e que apenas valores acima de R$ 30 mil precisam ser declarados à Receita Federal. O montante encontrado na residência de Goianyr era de R$ 22,5 mil, quantia que a defesa classificou como “ínfima”.

As prisões ocorreram durante uma fase da Operação Sisamnes, que apura crimes como obstrução de justiça, violação do sigilo funcional e corrupção, supostamente envolvendo advogados, lobistas, empresários e integrantes do poder público. A decisão que autorizou as medidas foi assinada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF.

A defesa de Goianyr aguarda a designação da audiência de custódia, prevista para ocorrer ainda nesta quarta-feira (19), e segue buscando sua liberdade. Nenhuma nova manifestação da Polícia Federal ou do Supremo Tribunal de Justiça foi divulgada até o momento.

Sobre a Operação

A Operação Sisamnes investiga uma rede clandestina de monitoramento e repasse de informações sigilosas sobre investigações judiciais, o que poderia frustrar operações policiais. A ação resultou no cumprimento de quatro mandados de busca e uma ordem de prisão preventiva, com determinações adicionais como afastamento de funções públicas e proibição de contato entre investigados.

Parentesco com o governador

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, afirmou por meio de sua defesa que não recebeu informações privilegiadas e que não é alvo da investigação. A defesa reforçou que ele teve acesso regular ao processo da operação Fammes-19 desde abril de 2024 e que não há qualquer relação entre ele e os fatos apurados. Também destacou que Thiago e Goianyr Barbosa não possuem vínculo com o governo estadual, ambos são respectivamente, sobrinho e cunhado do gestor estadual. Confira abaixo na íntegra:

A defesa do Governador Wanderlei Barbosa esclarece que desde o dia 15 de abril de 2024 ele foi formalmente habilitado no inquérito da FAMES-19 junto com seus advogados, tendo, desde então, acesso regular ao processo por meio dos trâmites legais.

Dessa forma, não houve qualquer recebimento de informação privilegiada um vez que a conversa mencionada na investigação da Operação Sisamnes, encontrada no WhatsApp dos suspeitos, data de 28 de junho de 2024, quase três meses desde que a defesa do governador já possuía acesso integral ao processo.

Reforçamos que o Governador Wanderlei Barbosa não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Eventuais desdobramentos são de exclusiva responsabilidade dos investigados, não cabendo qualquer tentativa de vinculação ao governador por atos individuais de terceiros.

Destacamos ainda que Thiago Barbosa e Goianyr Barbosa, citados na investigação, não possuem qualquer vínculo com o Governo do Tocantins. Thiago era assessor do Ministério Público Estadual (MPE), e seu pai, Goianyr Barbosa, não ocupa cargo na administração estadual.

A defesa reitera sua confiança nas instituições e no devido processo legal, assegurando o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa.

O que diz o MPTO

Thiago era lotado no Ministério Público do Tocantins (MPTO) como assesor do procurador de justiça Ricardo Valente, que também está entre os investigados. A PF cumpriu mandados dentro da sede do órgão nesta terça-feira (18).

O MPTO afirmou, em nota, que tomou todas as medidas necessárias para cumprir a determinação do STF e que acompanha o caso colaborando com as autoridades. Além disso, informou que o servidor citado nas investigações foi exonerado no mesmo dia da operação.