Tocantins está entre os cinco estados com maior volume de processos trabalhistas contra os Correios, segundo dados do CNJ
11 novembro 2025 às 09h01

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A situação dos Correios voltou ao centro do debate nacional diante do aumento expressivo de ações trabalhistas e da sequência de prejuízos financeiros que afetam a estatal. No Tocantins, o cenário reflete a realidade nacional: o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), que abrange o estado e o Distrito Federal, registrou 3.475 processos envolvendo a empresa, colocando a região entre as cinco com maior volume de ações no país.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os Correios foram responsáveis por 56.481 novos processos trabalhistas em 12 meses, uma média de 154 por dia. O número equivale a 70% da atual força de trabalho da estatal, que conta com cerca de 83 mil empregados. No total, o passivo trabalhista acumulado já soma 75.173 ações em andamento.
Em nota, a empresa informou que está realizando um levantamento de dados e análises técnicas para conter o crescimento das despesas judiciais e implementar medidas preventivas. A estatal também anunciou que desenvolve um novo Plano de Cargos e Salários e ajustes internos com o objetivo de reduzir o número de litígios.
O CNJ mostra que o TRT da 15ª Região (Campinas-SP) lidera em volume de processos, com 7.938 ações, seguido pela Bahia, Distrito Federal e Tocantins, Pernambuco e Piauí. Em todo o país, o impacto financeiro das condenações ultrapassou R$ 1,5 bilhão apenas no primeiro semestre de 2025, superando o valor desembolsado em todo o ano anterior.
Os prejuízos se somam à crise financeira enfrentada pela estatal, que acumula 12 trimestres consecutivos de resultados negativos. Desde o final de 2022, os Correios registram perdas que totalizam R$ 8,38 bilhões. O governo federal já avalia alternativas de reestruturação, e a empresa busca aval do Tesouro Nacional para um empréstimo de R$ 20 bilhões.
Especialistas apontam que a maioria das ações trabalhistas tem relação com doenças ocupacionais e descumprimentos de acordos coletivos. Segundo a advogada Marina Tambelli, que representa funcionários da estatal, a falta de investimento em segurança e saúde do trabalhador é um dos principais fatores. “Grande parte das ações envolve problemas físicos resultantes de longas caminhadas e sobrecarga de peso”, explicou.
Em nota enviada à imprensa, os Correios afirmaram que não há previsão de aporte federal para quitar dívidas e que o foco está na recuperação operacional e financeira. A primeira fase do plano de reestruturação inclui corte de despesas administrativas, diversificação de receitas e medidas para recuperar a liquidez da empresa.
Atualmente, a estatal conta com cerca de 260 advogados em todo o país atuando na condução de ações judiciais e extrajudiciais.
*Com informações do Estadão
