Tocantins está entre os estados com mais financiamentos rurais barrados pelo BNDES por suspeita de desmatamento ilegal

06 junho 2025 às 09h55

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bloqueou R$ 806,3 milhões em financiamentos rurais no Brasil desde 2023, após identificar indícios de desmatamento ilegal nas propriedades. O Tocantins está entre os dez estados com maior percentual de crédito evitado, ao lado de outros da região Norte, como Amazonas, Acre e Rondônia.
Os dados são resultado de uma parceria do BNDES com a plataforma MapBiomas, que utiliza imagens de satélite para monitorar o uso da terra em todo o país. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente.
Desde o início da parceria, em fevereiro de 2023, foram identificados 3.723 alertas ativos de desmatamento irregular. Isso corresponde a cerca de 1% dos 337 mil pedidos de crédito rural recebidos no período. Em média, quase R$ 1 milhão por dia deixou de ser financiado a produtores com indícios de irregularidade ambiental.
Monitoramento e bloqueios
No Tocantins, assim como em outros estados da região Norte, a tecnologia tem sido usada para impedir o acesso ao crédito de produtores com passivos ambientais. A plataforma do MapBiomas está integrada ao sistema do BNDES e cruza os dados com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), gerando alertas sobre áreas com desmatamento recente.
A política do banco é mais rigorosa do que a exigida pelo Banco Central. O BNDES veta a concessão de crédito rural a produtores que tenham embargos ativos do Ibama, mesmo que o embargo não esteja relacionado diretamente à propriedade que receberia o financiamento. Se o produtor não apresentar medidas efetivas de regularização, o crédito não é liberado.
Regiões e impactos
Na divisão por regiões, a maior proporção de bloqueios foi registrada no Norte do país, onde 2,2% do valor total solicitado foi negado por causa de indícios de desmatamento. No Nordeste, esse índice foi de 1,6%. Já no Sudeste, onde os alertas foram menores, apenas 0,4% dos pedidos foram barrados.
Entre os estados, o Amazonas lidera os percentuais de bloqueios e alertas. No Tocantins, os números também chamaram a atenção e colocaram o estado entre os que mais tiveram financiamentos negados em proporção ao total solicitado.
Além da análise prévia, o BNDES monitora contratos já firmados. Caso um embargo ambiental seja decretado após a liberação do crédito, os repasses são suspensos. Se o produtor não apresentar os documentos de regularização em até 12 meses, o contrato é encerrado antecipadamente.
Nos casos em que o produtor não cumpre as ações de recuperação pactuadas com os órgãos ambientais, o banco credenciado deve liquidar a dívida antes do prazo, no máximo em 30 dias.
Hoje, os financiamentos rurais do BNDES atendem cerca de 95% dos municípios brasileiros, por meio de uma rede de 70 instituições financeiras parceiras.
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