O Tocantins abriga 20 mil indígenas distribuídos em 16 etnias de norte a sul do Estado. Os dados são do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São elas Xerente, Ixambioá, Krahô, Karajá, Apinajé, Javaé, Atikum, Fulni-Ô, Karajá Ixambioá, Tapirapé, Krahô Takaywrá, Tuxá, Awa, Guarani, Kanela, Krahô Kanela, Pankararu e Warao.

Eles (as) representam 1,32% da população total do Tocantins e vivem em diferentes regiões do Estado, como: Tocantínia (4.086), Goiatins (2.650), Tocantinópolis (2.352), Lagoa da Confusão (2.340), Formoso do Araguaia (1.633), Itacajá (1.195), Pium (983), Gurupi (802), Palmas (645) e Maurilândia do Tocantins (483), de acordo com o IBGE.

Conhecidos como povos guardiões da floresta, no Tocantins, a preservação da cultura indígena é evidenciada pela continuidade do uso das línguas maternas e pela riqueza dos eventos culturais, que destacam o artesanato, as pinturas corporais e os adornos. A sobrevivência desses povos é garantida por meio de atividades como agricultura, caça, pesca e produção de artesanatos, incluindo o uso de materiais naturais como a palha de coco e sementes nativas do cerrado.

Além disso, o extrativismo do coco babaçu é uma fonte de renda importante, assim como a transformação das amêndoas em óleo para venda. As habitações nas aldeias são construídas com materiais locais, como madeira e palha. Atualmente, os indígenas buscam novas formas de sobrevivência, muitos buscando educação na sociedade não indígena, sem comprometer sua identidade cultural. Muitos são universitários, estudando diversos cursos na Universidade Federal do Tocantins (UFT), enquanto outros trabalham e ocupam espaços de poder em instituições públicas e privadas.

Há mais de um ano, o governo do Tocantins implantou a Secretaria de Povos Originários e Tradicionais (Sepot), primeiro órgão a se dedicar a esses povos. Tendo como titular, a secretária Narubia Werreria, ativista indígena da etnia Iny (Karajá), tem realizado um trabalho que busca fomentar, coordenar e executar políticas públicas de inclusão e valorização dos povos originários e tradicionais do Tocantins em âmbito estadual, de forma transversal. A pasta também se pauta pelo desenvolvimento sustentável, proteção e promoção dos seus direitos. “É assim que fazemos política pública, pra nós todos os dias são nossos e todos os dias são dias para servirmos os povos originários”, disse a gestora.

Ela acrescenta que na próxima semana, a Sepot apoiará a participação indígena do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. “Serão mais de 200 líderes indígenas, participando das discussões de saúde, educação, território e políticas públicas. A Sepot trabalha na participação e valorização dos povos indígenas, fazendo uma política pública séria e real para nossa população”, finaliza.

O diretor de Proteção aos Indígenas, Paulo Waikarnãse Xerente, afirma que o Abril Indígena é uma data para relembrar a história e as lutas pelas quais os povos originários passam. “Hoje, administramos o legado deixado por nossos antepassados. A cultura e o mundo dos povos indígenas são ricos em informações, e isso é algo que devemos celebrar nesta data específica”, diz.

Além disso, o diretor afirma que a Sepot tem trabalhado na articulação para a oferta de saúde e educação. “Temos parceria com órgãos de saúde indígena e educação, e estamos acompanhando as ações que envolvem a discussão sobre o combate a violência em territórios indígenas. Estamos participando dessas ações e organizando as ações que serão realizadas pela secretaria de forma itinerante. Essas são nossas ações principais dentre tantas outras”, finalizou.

O diretor de Fomento e Proteção à Cultura da Sepot, Célio Thorkã Kanela, avalia que a Sepot tem procurado ao máximo apoiar eventos que visam a promoção da cultura dos povos indígenas. “Para nós é um momento muito importante auxiliar nossos povos, aos nossos parentes a cultuar, a mostrar a sua cultura que tão bela e tão diversa é a cultura dos povos indígenas do Brasil”, comentou.

Kanela acrescenta que para ele, que também é indigena, o dia 19 de abril é um dia de relembrar a história do país “É relembrar a nossa história, o nosso pertencimento a essa terra. É um momento de confraternização, mas também um momento de luta, de visibilidade, de mostrar para a população e a sociedade que nós somos seres dessa terra, que nós somos seres humanos que pertencemos a esse território que aqui estava antes da chegada dos europeus. E aqui resistimos por anos, mostrando a nossa força, a cultura e diversidade dos nossos povos”, reforçou.