Em 2022, no Tocantins foram apreendidos 1.622,2 kg de cocaína pelas polícias estaduais. É a segunda maior quantidade de droga apreendida pelas forças estaduais entre todos os estados da Amazônia Legal, ultrapassando estados como o Pará, reconhecido nacionalmente um dos berços do narcotráfico da região, onde as forças policiais estaduais apreenderam 1.104,5 kg da droga. O primeiro estado que mais teve apreensão do entorpecente em quilos foi o Mato Grosso, em que 14.458,5 kg foram detidos no mesmo ano. No Tocantins, pela Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve a apreensão de 659,7 kg e 1.147,4 kg, respectivamente.

Sobre apreensões de maconha, o Tocantins também tem destaque no volume apreendido pelas polícias estaduais. O Fórum mostra que foram detidos 3.394,4 kg em 2022, ficando em quarto lugar no volume apreendido, atrás de estados como o Mato Grosso (8.085,6 kg), Rondônia (7.742,8 kg) e Amazonas (6.544,0 kg). E a frente do Pará (1.820,4 kg), Maranhão (1.393,0 kg), Roraima (412,7 kg), Acre (405,5 kg) e Amapá (46,6 kg). Respectivamente, no Tocantins, pela Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve a apreensão de 962,5 kg e 2.061,6 kg de maconha, no período.

A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, que engloba hoje 772 municípios. Os dados são da segunda edição das “Cartografias da Violência na Amazônia”, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e lançado nesta semana. O levantamento traz informações e análises sobre crimes ambientais, crime organizado, violência contra os povos originários, feminicídios, tráfico de drogas e uma série de outras categorias, para compreender as dinâmicas do crime na Amazônia Legal. ​

A obra “Cartografias da Violência na Amazônia” mostra que as facções criminosas se expandiram na região, sendo que Palmas, Capital do Tocantins, faz parte como um dos nexos estruturantes das redes do narcotráfico na Amazônia, junto com os municípios de e Manaus e Itacoatiara (AM), Belém, Barcarena, Santarém e Marabá (PA), São
Luís (MA), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Santana e Macapá (AP) e Cuiabá (MT). Segundo o Fórum, essas cidades representam os principais pontos de organização das redes do crime organizado, impulsionando os fluxos de mercadorias ilícitas.

O documento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que no Tocantins existe a prevalência das facções criminosas CV e PCC, que disputam o controle da região, sendo o Tocantins é uma das principais rotas de conexão entre a Amazônia e o Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, especialmente pelas rodovias BR-153 e BR-226. Essa disputa, para o Fórum, é mais evidente nas cidades de Palmas, Araguaína, Gurupi e Paraíso do Tocantins, onde ambas facções empregam a estratégia de demonstrar poder por meio de pichações nos territórios. Por outro lado, em Cariri do Tocantins e Miracema do Tocantins, o domínio é exclusivo do PCC. No entanto, há outros conflitos entre os grupos ou predomínio de um deles em outras regiões do estado não apontadas pelo Fórum.

As cartografias mostram que as rotas e a presença de grupos criminosos estão interligadas, atuando nos mercados local, regional, nacional e internacional, sendo que a Amazônia serve como área de trânsito para a droga em direção à África e Europa, ao mesmo tempo em que abastece o mercado brasileiro. Atualmente, cerca de 59% da população vive em municípios com presença marcante de organizações criminosas, e aproximadamente um terço dos habitantes da Amazônia Legal vivem em áreas conflagradas por disputas entre facções criminosas, conforme aponta o Fórum.