“Chegou a hora de disputar o governo”, diz Laurez Moreira, vice que quer imprimir novo projeto ao Tocantins

04 agosto 2025 às 13h11

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Com mais de 40 anos de vida pública, Laurez Moreira (PDT) se movimenta para disputar o governo do Tocantins em 2026. Atual vice-governador, ele está rompido politicamente com o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), mas mantém uma rotina intensa de agendas pelo interior, onde se apresenta como pré-candidato e busca apoios. Existe a possibilidade de Laurez assumir o comando do executivo estadual, caso Wanderlei opte por disputar o Senado e renuncie até abril de 2026, como exige a legislação eleitoral.
Apesar de o afastamento entre os dois já ter ficado evidente em episódios como a proposta de emenda constitucional que restringiu o exercício da vice-governadoria e o suposto bloqueio de seu cartão corporativo, Laurez evita o confronto direto com o governador e diz que não é oposição. “Eu não tenho inimigos. O meu inimigo é a dificuldade que as pessoas vivem no meu estado”, afirma. Na entrevista ao Jornal Opção Tocantins , o vice-governador expõe sua visão de desenvolvimento para o estado, com foco na industrialização, descentralização dos serviços e valorização das vocações regionais.
Ao longo da conversa, Laurez também fala sobre alianças, a relação com o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, e como tem se articulado mesmo sem a estrutura oficial do governo. Ao ser questionado se será candidato independentemente de assumir ou não o comando do estado, é direto: “Sou candidato em qualquer possibilidade”.
Jornal Opção Tocantins – O senhor já manifestou publicamente o desejo de disputar o governo em 2026. Como acredita que terá força para entrar nessa disputa, com ou sem estar no governo?
Laurez Moreira – Venho de longe, mas de muito longe mesmo, me preparando para governar o Estado do Tocantins. Conheço esse estado como ninguém. Comecei minha vida pública como vereador de Dueré, depois fui deputado estadual por três mandatos, secretário estadual de Indústria, Comércio e Turismo, deputado federal por dois mandatos e prefeito de Gurupi por oito anos, com 95% de aprovação. Hoje sou vice-governador. Eu conheço bem como funciona uma câmara de vereadores, uma prefeitura, um governo estadual, o Congresso Nacional. Estou pronto para levar meu nome, conversar com as pessoas, dizer o que penso e o que quero fazer pelo Tocantins.
Sou candidato em qualquer possibilidade. Venho me preparando há muito tempo para isso e agora chegou a hora de disputar o governo.
Jornal Opção Tocantins – O senhor acredita na possibilidade de renúncia do governador Wanderlei Barbosa para disputar o Senado?
Laurez Moreira – Prefiro não me posicionar sobre isso por respeito a ele. Ele foi eleito governador e cabe a ele decidir. O que ele resolver, eu respeito. Estarei pronto para colaborar com o que for melhor para o Estado.

Jornal Opção Tocantins – Como o senhor avalia a PEC que permite que o governador se ausente do Estado sem que o vice assuma o comando?
Se eu fosse governador, jamais mandaria uma PEC dessas para a Assembleia. Mas respeito a decisão dele
Laurez Moreira – A Constituição deve reger os destinos do Estado, não pode ser moldada ao gosto de uma pessoa. A Constituição deve ser permanente, não pode ser alterada ao bel-prazer de alguém. Eu, particularmente, não faria isso.
Jornal Opção Tocantins – Sobre o suposto bloqueio do seu cartão corporativo, isso realmente aconteceu?
Laurez Moreira – Sim. O cartão era utilizado para atender o segurança que anda comigo. Infelizmente, o governador entendeu que não deveria fornecer alimentação para eles. Acho que é um direito deles ter esse apoio, mas respeito a decisão dele. Se eu fosse governador, não faria isso.
Jornal Opção Tocantins – Como o senhor tem lidado com essa restrição no dia a dia? Está arcando com as despesas do próprio bolso?
Laurez Moreira – Sim, continuo fazendo meu trabalho normalmente. Não vou deixar de trabalhar por isso. Visito o estado, vejo o que precisa ser feito, desenvolvo projetos. Todo cidadão que trabalha pelo Estado tem direito de ser ressarcido, mas respeito a posição dele. Eu não faria isso com meu vice-governador.
Jornal Opção Tocantins – Como o senhor tem exercido sua função como vice-governador?
Laurez Moreira – Fui eleito vice-governador e tenho consciência disso. Atendo as pessoas no Palácio, visito os municípios, recebo prefeitos, deputados, empresários, trabalhadores, donas de casa. Quem quiser conversar sobre o Tocantins, eu atendo da melhor forma possível.
Jornal Opção Tocantins – E como essas demandas têm sido encaminhadas ao governo, já que o senhor e o governador estão politicamente afastados?
Laurez Moreira – Dou um jeito de fazer chegar. Às vezes, converso com secretários ou com alguém que tenha acesso ao governador. O importante é que as demandas do povo sejam atendidas.
Jornal Opção Tocantins – O senhor tem viajado bastante. Já tem apoio de prefeitos para sua pré-candidatura?
Laurez Moreira – Tenho muito senso de responsabilidade. Não é hora de falar em alianças. Estou levando meu nome, minhas propostas e conhecendo as demandas dos municípios. Mais perto de abril, começaremos a falar sobre apoio político.
Sei que os prefeitos precisam de apoio do governo, dos deputados, dos senadores.
Jornal Opção Tocantins – O que o senhor tem observado de principal gargalo no Estado durante essas visitas?
Laurez Moreira – O Tocantins precisa de uma nova frente de desenvolvimento. Já tivemos quatro: a do ouro, a do cristal de rocha, a da construção de Brasília e a do projeto Rio Formoso. Agora, convido o povo para construir a quinta frente: a industrialização do Estado. Precisamos agregar valor ao que produzimos, gerar emprego e oportunidades, investir em ciência e tecnologia.
Jornal Opção Tocantins – Na eleição de 2024, o senhor apoiou Eduardo Siqueira Campos em Palmas. Como está a relação entre vocês hoje?
Laurez Moreira – O Eduardo é meu amigo, tenho grande admiração por ele e pela família. Fui secretário do pai dele, que é uma das minhas inspirações na política. Eduardo está focado na gestão dele e precisa de bom relacionamento com todas as forças. Eu sou pré-candidato ao governo. No momento certo, vamos conversar.

Jornal Opção Tocantins – O senhor já tem algum nome pensado para vice na sua chapa?
Laurez Moreira – Tudo que faço na vida é planejado. Até abril, estou focado em conhecer ainda mais cada região do Estado, entender suas vocações. Cada município é como um ser humano: tem sua identidade, sua força.
Depois disso, vamos dialogar para montar uma chapa forte.
Jornal Opção Tocantins – O senhor está elaborando um plano de governo com base nessas visitas?
Laurez Moreira – Sim. Mas não é um plano para mim, é um plano para o Tocantins. O mundo discute segurança alimentar e energética. O Tocantins tem potencial para ser referência nesses dois pontos. Já somos grandes exportadores de energia e temos tudo para crescer ainda mais. Nosso estado pode liderar a produção de alimentos e energia com inovação.
Jornal Opção Tocantins – Quais são as principais demandas que o senhor tem ouvido da população?
Laurez Moreira – Emprego e desenvolvimento. Tirando as dez maiores cidades, o restante do Estado mudou pouco. Precisamos industrializar. Hoje vendemos milho para o Paraná e compramos de lá frango e suíno industrializados. Tocantins nasceu para ser grande.
No meu governo, vamos sair da 24ª economia do país para estar entre as 14 ou 15 primeiras.
Jornal Opção Tocantins – O senhor se considera hoje oposição ao governador Wanderlei?
Laurez Moreira – Não sou oposição a ninguém. Dou a mão para todo mundo. Não tenho inimigos. Meu único adversário é a dificuldade que o povo enfrenta. Quero um Estado resolutivo, com saúde e educação de qualidade, que funcione para as pessoas.
Jornal Opção Tocantins – O senhor pretende conversar com o governador em algum momento?
Laurez Moreira – Não tenho restrição nenhuma. Se eu fosse governador, aproveitaria a experiência do vice para ajudar na gestão. Fui prefeito e sei como é difícil encontrar bons quadros. O Tocantins precisa de boa gestão. Quero um Estado que explore melhor o potencial turístico, que se conecte com o Nordeste, que tenha saúde descentralizada e educação de excelência. É esse Tocantins que eu sonho em construir.
Quando ele achar interessante, estarei pronto.
