Um levantamento do projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, o MapBiomas, obtido a partir do monitoramento do território brasileiro por satélites, constatou que o Tocantins teve acentuada perda de florestas naturais em 37 anos. Os dados mostram que o Estado teve a devastação de 28,28% desse tipo de território entre 1985 e 2022. O número corresponde a 5.159.811 hectares de terra.

Em 1985, primeiro ano monitorado pelo MapBiomas para a série histórica, a região do Estado do Tocantins contava com 18.245.369 hectares (ha) de área preservada. Em 2022, data do último dado da organização, a área de floresta natural já era de 13.085.558. O número tende a ser menor, se for considerado o ano de 2023.

Atrela-se essa perda florestal ao crescimento considerável da agropecuária, pois, em contrapartida, enquanto em 1985 a área destinada ao setor era de 5.003.775 hectares, em 2022 o território utilizado pelo agro mais do que dobrou, chegando a 10.382.555 hectares. O crescimento do uso da terra pela agropecuária é, portanto, de 107,49% nesse período.

Conforme os dados do MapBiomas, o Tocantins está entre os cinco Estados com maiores áreas de desmatamento para conversão para pastagem, com 5,4 milhões de hectares nessa condição entre 1985 e 2022. Os demais são: Pará (18,5 milhões de hectares), Mato Grosso (15,5 milhões), Rondônia (7,4 milhões), Maranhão (5,4 milhões) – estados da Amazônia e do Matopiba, uma das principais fronteiras do desmatamento atualmente.

Outra área que se reduziu com o tempo no Tocantins foi a de formação de floresta não natural. O levantamento aponta que em 1985 esse território correspondia a 4.050.196 hectares, enquanto que em 2022 esse número chegou a 3.742.679 hectares. A redução é de 7,59%.

Percentualmente, conforme os dados do MapBiomas, o Tocantins então conta com 47,17% (13.085.558 hectares) de sua área total composta por área de floresta; 37,42% (10.382.555 hectares) de terras dedicadas à agropecuária; 13,49% (3.742.679 hectares) de área florestal não natural; 1,04% (288.239 ha) de corpo d’água; e 0,88% (243.313 ha) de área não vegetada.

Para Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas, as florestas são importantes não apenas para manter o equilíbrio climático. “Também para proteger os serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade e sua economia. A perda contínua das florestas representa uma ameaça direta para a biodiversidade, a qualidade da água, a segurança alimentar e a regulação climática”, reforça.

MapBiomas

O MasBiomas é uma rede colaborativa, formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia, que produz mapeamento anual da cobertura e uso da terra e monitora a superfície de água e cicatrizes de fogo mensalmente com dados a partir de 1985.