Poderia o martelo substituir o carpinteiro?
17 abril 2024 às 16h56
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José Lauro Martins *
Ao longo da história da humanidade, desenvolvemos meios aprimorados para nossas atividades cotidianas, nossa vida e nossos conhecimentos. Desde tempos remotos, a inventividade e a capacidade inovadora do ser humano não conhecem limites. Exploramos terras desconhecidas, dentro e fora do globo terrestre. Estabelecemos conexões e parcerias com indivíduos distantes. Diariamente testemunhamos o surgimento de novas tecnologias, como o telefone, o automóvel, o computador. Essas inovações não substituem nosso papel, mas impactam significativamente as possibilidades e conquistas humanas.
Atualmente, estamos testemunhando uma grande influência da tecnologia no ambiente escolar. Professores, gestores, responsáveis e estudantes receberam a mensagem de que as tecnologias digitais são ferramentas fundamentais para a melhoria dos sistemas educacionais. Entenderam que elas têm o poder de proporcionar novas oportunidades, ampliar horizontes e transformar a realidade. Pode ser verdade, mas não é a solução milagrosa como proclamada. Embora as tecnologias digitais possam trazer uma cara de inovação para a sala de aula, elas não substituem um educador tão rapidamente quanto alguns sugerem.
Há questionamentos se as tecnologias digitais vão substituir os professores e há, também, uma resposta simples: Você trocaria sua inteligência por um computador de última geração? É a mesma coisa que afirmar que a tecnologia poderá substituir os professores seria como dizer que um martelo poderá substituir um carpinteiro. Precisamos dos dois, não é? Qual é sua preferência: ter um professor excelente ou tecnologia de ponta para aprender? Muitos dirão que a tecnologia diminuiu a importância dos professores. De fato, a maior parte do conhecimento acumulado do mundo agora está facilmente acessível com apenas um clique. Mas pode ser localizado? E uma vez que isso for feito, será possível diferenciar o que é genuíno e valioso do que é trivial e enganador? Temos a capacidade de discernir a qualidade dos conteúdos se deixados à própria sorte? Caso necessite adquirir novas habilidades ou aprender de forma mais profunda sobre um assunto particular, contar com a orientação de um mentor dedicado pode ser crucial. Além disso, a combinação de professor e tecnologia tende a potencializar o processo de aprendizagem.
A tecnologia tem um imenso potencial para melhorar a educação. Ela pode conectar indivíduos de diferentes partes do mundo facilmente, permitindo que os alunos experimentem o mundo de uma maneira inovadora. Além disso, pode oferecer oportunidades educacionais para aqueles que estão distantes. E, sem dúvida, desempenha um papel fundamental na difusão e popularização do conhecimento. No entanto, seria possível que a tecnologia substituísse os professores no futuro?
É improvável. Educadores têm usado várias ferramentas ao longo do tempo para atender melhor aos seus alunos. As tecnologias são essenciais para os professores, podendo expandir significativamente o aprendizado. No entanto, é importante ressaltar que a tecnologia é apenas uma ferramenta e não substitui a figura do professor, estando presente para auxiliá-lo.
Na verdade, a introdução de tecnologias digitais aumenta a importância dos professores. Precisamos de professores visionários, integradores e experimentadores. O educador contemporâneo deve estar disposto a correr riscos e ser capaz de entender não apenas o funcionamento da tecnologia, mas também como ela se encaixa em cada aluno e em que contexto seu uso é mais apropriado.
A educação do futuro será marcada pelo aprendizado personalizado com a ajuda da tecnologia. No entanto, há um problema. Quando alguém menciona o uso da tecnologia no campo da educação, a discussão se desvia da pedagogia e se concentra nos equipamentos de última geração ocupando nossas salas de aula. Isso representa um desafio, pois o foco não deve ser a tecnologia. Em vez disso, os sofisticados dispositivos são apenas uma ferramenta adicional para os educadores. A tecnologia não é o conteúdo para aprendizagem na educação básica, o que com ela se pode fazer é aprimorar a qualidade do ensino.
Uma sala de aula equipada com computadores para todos os alunos não deixa de ser uma sala de aula e pode ser tão tradicional quanto uma com apenas um quadro de parede, seja a cor que for. Porque não são as tecnologias disponíveis que oferecem a solução inovadora definitiva para a educação. Em vez disso, os educadores devem utilizá-la estrategicamente, apenas quando ela realmente contribui para a qualidade do ensino e das aprendizagens. É possível inovar no ensino sem depender exclusivamente de recursos tecnológicos.
As salas de aula estão passando por transformações lentas, enquanto as tecnologias estão em ritmo acelerado, e, diante de tantas mudanças em curso, é incerto o que será impactado e o que permanecerá. Teremos robôs assumindo o papel de professores? Já temos: aqueles professores que se dedicam apenas a distribuir conteúdos por meio das aulas expositivas e aplicar provas. Esses já deveriam ter sido substituídos. Bons professores não são máquinas distribuindo informações para os alunos. Eles representam liderança, orientação, facilitação e mentoria. Eles estimulam os estudantes diante dos obstáculos e os motivam a traçar e atingir seus objetivos. Eles são referências, inspirando através do exemplo e orientando quando necessário.
Um computador pode fornecer dados, mas um professor pode oferecer apoio, atenção e identificar o que é essencial para que um aluno prospere e queira prosperar. No entanto, os educadores são insubstituíveis. Independentemente do termo usado – professor, instrutor, guia ou qualquer outro – a importância do papel desempenhado por um professor na sala de aula é imensa. Todos nós reconhecemos isso em nossa experiência pessoal e podemos identificar um professor ou guia que tenha impactado ou alterado nossa trajetória de maneira positiva.
Indubitavelmente, a tecnologia terá um papel crucial na educação do futuro. No entanto, o papel do professor permanece fundamental. Este texto é a confirmação de quanto a tecnologia pode ser útil mas não substitui a autoria. Usei pelos menos oito softwares, além da rede de internet. Mas sem as minhas mãos tocarem o teclado do meu computador meus olhos acompanharem e informarem a meu cérebro só resultados este texto não existiria.
* Filósofo, doutor em educação, professor no Curso de Jornalismo e no Programa de Mestrado de Ensino em Ciências e Saúde da Universidade Federal do Tocantins.