Palmas nasceu com a promessa de ser a capital do futuro. De tempos em tempos, essa frase ressurge em discursos políticos, inaugurações ou campanhas institucionais. Mas o que realmente faz de uma cidade um lugar de futuro? Estradas largas? Shopping centers? Ou a capacidade de oferecer qualidade de vida, dignidade e respeito às suas áreas naturais e à sua população? É por isso que vale prestar atenção no início das obras do Parque dos Pioneiros, na região sul de Palmas.

A implantação da primeira etapa do parque, planejado para ser o maior parque urbano linear da Região Norte do Brasil, pode não ser só mais uma obra de paisagismo. Parece ser uma oportunidade concreta de corrigir distorções históricas da ocupação urbana de Palmas e de devolver à cidade uma relação saudável com seu meio ambiente. Durante anos, o Córrego Machado e suas margens foram esquecidos, virando depósito de entulho, alvo de ocupações precárias e áreas de alagamento no período das chuvas. Agora, com o parque, o que se propõe é justamente o contrário: recuperar, preservar e oferecer à população espaços acessíveis e de convivência.

O projeto contempla muito mais que árvores e pista de caminhada. O projeto promete pista de skate de três mil metros quadrados, academia ao ar livre, espaço sensorial para crianças neurodivergentes, quadra de vôlei, espaço pet e campo de futebol. Tudo isso com uma proposta integrada ao programa Palmas Mais Resiliente, que reúne ações de regularização fundiária, drenagem, pavimentação e acessibilidade nos bairros vizinhos. Uma intervenção urbana, social e ambiental daquelas que Palmas sempre precisou, mas quase nunca conseguiu executar.

Chama a atenção também o fato de o projeto já despertar interesse e reconhecimento nacional e internacional. A Agência de Cooperação Alemã (GIZ), o Ministério das Cidades, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) enxergaram em Palmas algo que boa parte do Brasil ainda ignora: que cuidar do meio ambiente e investir em urbanismo de qualidade não é luxo, é sobrevivência. E Palmas, que viu suas periferias crescerem sem estrutura adequada, precisa urgentemente disso.

É importante que a sociedade acompanhe de perto o andamento desse projeto. Que cobre a continuidade e a manutenção, para que não vire mais uma obra inaugurada para fotografia de placa e discurso vazio. Que os espaços públicos sejam, de fato, públicos – pensados para todos os perfis e idades. Que as áreas verdes sejam preservadas e que as políticas de ocupação do solo não continuem permitindo que a especulação imobiliária avance sobre os córregos e nascentes.

O Parque dos Pioneiros tem potencial para ser um marco. Não só pelo tamanho ou pelo investimento, mas pela ideia que carrega: de que Palmas pode, sim, se reencontrar com seus córregos, com suas matas ciliares, com suas praças e com o convívio social em espaços abertos, seguros e democráticos. Que isso não seja exceção, mas o começo de uma nova cultura urbana para a capital mais jovem do Brasil.

Se for por aí, talvez a gente possa voltar a dizer – com menos ceticismo – que Palmas é, sim, a cidade do futuro.