Após prisão, Carlesse anuncia visitas políticas e manda recado a desafetos: “Não preocupa, não”

26 abril 2025 às 17h35

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Pouco mais de dois meses após deixar a base do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, onde estava preso sob suspeita de tentar fugir do país, o ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), anunciou que pretende percorrer o estado para visitar lideranças políticas e amigos, num claro recado aos que, segundo ele, se incomodam com sua presença.
“É, moçada do Estado do Tocantins. Brevemente estarei aí visitando todos os municípios do estado, visitando as lideranças, os amigos. E não preocupa não, moçada. Tem alguns aí que ficam preocupados, parece que o Carlesse incomoda um pouquinho algumas pessoas. Mas não preocupa não. O que é de Deus e o que é do homem, o bicho não come. Vamos em frente. Quem tem serviço prestado apresenta. Não é verdade? Então, vamos junto. Moçada, me aguarde. Estou chegando. Beijo no coração de todos vocês”, disse o ex-governador em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Carlesse foi solto no dia 19 de fevereiro, após mais de dois meses de prisão preventiva. Ele é investigado por corrupção e suspeita de ter planejado uma fuga para o exterior. Obteve liberdade provisória por decisão judicial que impôs medidas cautelares, como o comparecimento bimestral à Justiça e a proibição de deixar o país.
Governador entre 2018 e 2021, Carlesse alega ser vítima de perseguição política e afirma confiar na Justiça. As investigações envolvem suspeitas de fraudes em licitações, pagamento de propinas no plano de saúde dos servidores e favorecimento de delegados da Polícia Civil. Ele nega todas as acusações e afirma que sua prisão foi injusta.
O ex-governador também nega categoricamente qualquer plano de fuga, classificando a acusação como uma “grande mentira”. Segundo ele, nunca houve intenção de sair do país para escapar da Justiça, alegando que não há condenações contra ele e que sempre esteve disponível para responder aos processos.
Em entrevistas após a soltura, Carlesse classificou sua detenção como “um abuso de poder” e criticou a falta de transparência nos processos. Segundo ele, até hoje não teve acesso à documentação completa para apresentar sua defesa.
“Toinho Andrade liderou a traição”
Entre os “incomodados” que Carlesse não cita nominalmente, um nome é ventilado nos bastidores: o do deputado federal Toinho Andrade (Republicanos), então presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) no período em que o ex-governador foi afastado.
Carlesse não poupou críticas ao parlamentar. Disse que, antes de ser afastado, teve uma reunião com Andrade, na qual pediu que aguardasse a apresentação formal das acusações antes de tomar qualquer decisão. Segundo o ex-governador, o deputado ignorou o pedido e ainda liderou o movimento pelo pedido de impeachment.
“Esse sim foi o traidor. Duas vezes eu o apoiei para a presidência da Assembleia, e no momento em que eu mais precisava, ele virou as costas e puxou o tapete. Se ele quiser me processar, que processe, mas a verdade precisa ser dita”, desabafou Carlesse.
Wanderlei sumiu
Segundo Carlesse, sua última conversa com Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi no dia do seu afastamento, quando o atual governador prometeu dar continuidade ao projeto de governo. No entanto, após assumir o cargo, Wanderlei nunca mais entrou em contato