O deputado federal Vicentinho Júnior (PP) segue em ritmo de pré-campanha ao Senado, mesmo diante de um cenário fechado na chapa de Dorinha Seabra (UB). O parlamentar tem respaldo da direção nacional do PP e não demonstra disposição para recuar da disputa, mantendo presença constante nos municípios e ampliando articulações, como mostra seu recente giro pelo Bico do Papagaio ao lado do governador interino Laurez Moreira (PSD).

Vicentinho lançou sua pré-candidatura em agosto, no Bonfim, com a presença de Laurez, então vice-governador. Desde então, a sintonia entre os dois vem crescendo. Com o afastamento de Wanderlei Barbosa (Republicanos) do governo, Laurez assumiu o comando do estado e abriu espaço para novas alianças, buscando nomes com musculatura regional. A presença de Vicentinho ao seu lado tem peso político e pode indicar o início de uma composição mais ampla para 2026.

Na chapa de Dorinha, o cenário é diferente. As duas vagas ao Senado já parecem encaminhadas para Eduardo Gomes (PL) e Carlos Gaguim (UB), o que deixa Vicentinho sem espaço. Mesmo com os caminhos da federação entre União Brasil e PP, o arranjo local ainda é um entrave. Ciente disso, o deputado tem olhado para o outro campo, o de Laurez, por exemplo, onde há uma vaga aberta na majoritária, já que o senador Irajá Abreu (PSD) vai à reeleição e a segunda posição segue indefinida.

Além do movimento político, há conexões práticas. Vicentinho não tem indicações claras na gestão interina, mas nomes que têm afinidade com o deputado ocupam funções dentro da gestão e podem trabalhar como ponte entre o deputado e o grupo de Laurez, o que pode facilitar um eventual desembarque formal do PP nesse projeto.

Vicentinho, que já teve relação próxima com Wanderlei Barbosa (Republicanos), se distanciou do governador após apoiar Eduardo Siqueira (Podemos) na disputa pela Prefeitura de Palmas em 2024, contrariando o grupo de Wanderlei, que estava com Janad Valcari (PL). A vitória de Eduardo e a derrota de Janad esfriaram de vez a aliança entre os dois. Embora a relação tenha sido parcialmente reatada nos meses seguintes, o afastamento judicial de Wanderlei recolocou o deputado em outro eixo de poder, mais próximo de Laurez e do grupo que hoje comanda o estado.

Nos bastidores, chegou a ser ventilada uma possível composição entre Wanderlei e Vicentinho para o Senado, com Alexandre Guimarães (MDB) na cabeça de chapa ao governo. Mas essa engenharia política exigiria que Wanderlei renunciasse ao cargo para concorrer, ao mesmo tempo que busca se defender na justiça das suspeitas de desviar cestas básicas, um movimento de risco que o deputado não parece disposto a bancar.

Hoje, o caminho de Vicentinho aponta para o grupo de Laurez, em uma aliança que parece mais viável politicamente e mais confortável eleitoralmente. Enquanto a majoritária de Dorinha se fecha, a de Laurez pode ser a porta aberta que Vicentinho procura.