“Fiz mais por ele do que ele por mim”: Vicentinho Júnior fala sobre distanciamento de Wanderlei e projeta 2026

Andar 7, sala 710. Uma movimentação intensa de pessoas, políticos, vereadores e prefeitos. Entre um café e outro, a agenda é apertada para dar conta da demanda em um dia comum na passagem do deputado federal Vicentinho Júnior (PP) por Palmas. O parlamentar concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Opção para falar sobre sua trajetória política, o projeto para o Senado Federal em 2026, e sua relação com Wanderlei Barbosa (Republicanos) e com o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos).

Para o parlamentar, chegar ao Senado é um objetivo que, segundo ele, não surgiu do acaso, mas é resultado de anos de trabalho e de uma trajetória política que se confunde com a história recente do Tocantins. “Ninguém colhe uma fruta sem antes plantar uma semente. A nossa candidatura é resultado de uma semeadura que eu faço ao longo do tempo”, afirma.

Com três mandatos como deputado federal, Vicentinho destaca sua presença constante nos municípios do estado, defendendo que seu trabalho vai além dos períodos eleitorais. “Eu não ando no interior do estado só em época de eleição”, garantiu. Ele ressalta que seu nome está marcado em diversas obras e projetos pelo estado, desde infraestrutura até educação e saúde.

Político normal

“Eu sou um político normal”, enfatiza o deputado, afastando a ideia de que precisa construir um personagem para a disputa eleitoral, uma crítica velada a alguns de seus pares tocantinenses na Câmara Federal.

Para ele, a política deve ser pautada pela proximidade com a população e por resultados concretos. “Se o eleitor do Tocantins quiser um político normal para representar o estado no Senado, eu estarei à disposição”, declara. Ele também destaca sua ficha limpa, apontando que, mesmo em meio a embates políticos, sua trajetória se manteve sem escândalos ou processos judiciais.

Articulação

Questionado sobre sua base política e o apoio de prefeitos, Vicentinho Júnior ressalta que, apesar de estar à frente do PP no estado, não acredita que a quantidade de prefeitos em sua legenda deva ser um fator determinante para medir sua força política. “Eu não sou dono de ninguém. Eu convivo com o estado do Tocantins e com sua classe política de uma forma respeitosa e harmoniosa”, comenta.

O Progressistas, partido que ele preside no Tocantins, elegeu 15 prefeitos, 23 vice-prefeitos e 175 vereadores no último pleito municipal. Contudo, ele reforça que sua caminhada política é focada no sentimento popular e na entrega de resultados.

Wanderlei Barbosa

Em 2024, em meio a costuras políticas no ano de eleições municipais, Vicentinho Júnior foi convidado a assumir a Secretaria Extraordinária de Ações Estratégicas no governo Wanderlei Barbosa, cargo que ocupou entre maio e outubro. A passagem pela secretaria demonstrava o prestígio e consideração de Wanderlei Barbosa pelo deputado, um dos poucos políticos a fazer oposição ao ex-governador Mauro Carlesse (Agir) enquanto ele esteve no comando do estado.

Em março de 2022, devido à apuração de denúncias, Carlesse renunciou ao cargo e Barbosa, que era seu vice, assumiu, o que fortaleceu a relação entre o deputado e agora governador, segundo Vicentinho. Contudo, a decisão do parlamenar no segundo turno da eleição para a prefeitura de Palmas, quando apoiou Eduardo Siqueira Campos, algoz de Janad Valcari (PL), candidata apoiada pelo governador, esfriou essa relação.

“Antes de ser secretário, fui um companheiro de primeira hora. Levei meu mandato, minha base política e meu trabalho para ajudar a construir a vitória de 2022. Não me leiam na relação com Wanderlei apenas como secretário, porque nessa relação, confesso que fiz mais por ele do que ele por mim. Mas a relação esfriou bastante após o segundo turno das eleições de Palmas. Parece que ele mediu só por Palmas e esqueceu de todo o meu apoio no interior do Tocantins”, pontua.

Apesar do distanciamento, o deputado federal diz seguir focado no mandato e nas demandas do estado. “Faltou compreensão por parte do governador. Hoje cuido da minha vida, do meu mandato, e sigo trabalhando pelo Tocantins”, destaca.

Sobre uma possível reaproximação política, Vicentinho adota uma postura cautelosa. “Bons amigos brigam, mas às vezes reatam amizades. Vou dar um tempo para entender o que Wanderlei realmente pensa sobre mim”, declara. Com essa declaração, ele deixa em aberto a possibilidade de um novo alinhamento no futuro, caso haja um entendimento entre as partes.

Eduardo Siqueira Campos

Prefeito do maior colégio eleitoral do estado, Eduardo Siqueira Campos terá muitas escolhas a fazer para 2026. Uma delas não será a de candidato ao Senado, já que seu apoio à candidatura de Vicentinho Júnior a uma das vagas não é segredo para ninguém.

Vicentinho se diz honrado com esse apoio e reforça que não se arrepende da decisão de apoiar o filho do ex-governador Siqueira Campos para prefeito.

“Agradeço muito ao prefeito Eduardo pela consideração que ele tem demonstrado. A campanha dele foi de construção e ele mereceu o resultado que teve. Fui apenas um apoiador de uma candidatura que cresceu com o clamor popular. Não me arrependo de ter apoiado Eduardo, filho de um amigo querido e histórico da minha família. Siqueira é uma referência na minha vida política”, confirma. Segundo ele, a relação entre as duas famílias é sólida e parte de sua história pessoal.

Futuro

A corrida pelo Senado é um desafio que exige estrutura e alianças estratégicas. Vicentinho Júnior reconhece que o caminho até a candidatura oficial é longo, mas se diz preparado para construir um projeto “viável, lógico e pé no chão”.

“Se eu for candidato ao Senado, será com o apoio das pessoas que acompanham meu trabalho e acreditam na minha capacidade de representar o Tocantins. Continuarei minha caminhada, apresentando resultados e dialogando com a população”, ressalta.

Com um discurso pautado na coerência e no trabalho prestado ao estado, o deputado federal busca consolidar sua posição como um dos principais nomes na disputa pelo Senado em 2026. O tempo dirá se essa semente dará frutos.