A operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) contra fraudes no INSS, realizada na última quarta-feira, 23, abriu espaço para uma nova batalha política nas redes sociais. No Tocantins, o ex-deputado federal e ex-prefeito de Porto Nacional, Paulo Mourão (PT), saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com críticas do que chamou de “distorções” sobre a responsabilidade pelas irregularidades.

Em vídeo publicado em suas redes, Mourão afirma que a suposta quadrilha que atuava no INSS se instalou em 2019, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, tentar atribuir o esquema ao atual governo é “distorcer fatos” e “propagar mentiras” para atacar Lula e o PT. Mourão destacou que a atual administração foi quem determinou a investigação, que resultou no afastamento do presidente do INSS, além de servidores envolvidos.

“O que nós precisamos fazer agora é combater as mentiras. O Brasil precisa ser passado a limpo”, afirmou o ex-parlamentar, com a defesa que o governo federal enfrenta a herança de esquemas ilegais deixados pela gestão anterior.

Leitura dos bastidores

A fala de Mourão se encaixa em um movimento maior de blindagem do governo Lula, que tenta evitar que a operação seja explorada politicamente pela oposição. Com valores astronômicos envolvidos, cerca de R$ 6,3 bilhões, desviados, segundo a PF, o caso é munição pesada para quem busca desgastar o Planalto, especialmente num momento em que o governo já enfrenta dificuldades na economia e pressões no Congresso.

A estratégia petista é clara: amarrar a origem das irregularidades à era Bolsonaro e apresentar Lula como o “faxineiro” da corrupção herdada. A oposição, por outro lado, tenta colar no governo atual a pecha de leniência e de “falta de controle” sobre os órgãos públicos. Em ano pré-eleitoral, a disputa pelas versões dos fatos é tão importante quanto os fatos em si.

Um risco calculado

Ao se posicionar publicamente, Paulo Mourão também faz um movimento de fortalecimento dentro do próprio PT, onde é visto como um nome de peso para futuras disputas no Tocantins. Alinhar-se diretamente à defesa de Lula em um momento sensível pode ser um ativo político, mas também é uma aposta: se a narrativa petista não se sustentar no médio prazo, o desgaste poderá respingar.

Por ora, Mourão reforça a linha do partido: combate à “desinformação” nas redes sociais e foco em apresentar o governo Lula como agente da limpeza ética e do resgate institucional.