Conforme noticiamos durante a semana, a pré-candidatura de Júnior Geo (PSDB) vem se aproximando cada vez mais do Partido dos Trabalhadores (PT). A aliança é previsível, considerando que a costura entre os petistas e tucanos vem sendo feita em diversos estados e municípios do Brasil. Ainda que em 2023 a executiva nacional do PSDB tenha emitido uma nota dura falando que não faria parte do governo Lula e se colocava como oposição. “O atual governo do PT não tem promovido ações consistentes de reconciliação nacional, talvez porque, em sua essência, não queira, não saiba ou não consiga fazê-lo”, dizia o texto. 

Quando se analisam as alianças locais entre os dois partidos, percebe-se um alinhamento visível. No entanto, esse apoio pode ser tanto uma benção quanto uma maldição, Carlos Amastha (PSB) que o diga. 

A bandeira “Lula Livre”

Carlos Amastha ao lado de seu vice, Célio Moura, segurando a bandeira de "Lula livre"
Foto: Redes Sociais

Na eleição de 2018, quando Amastha estava no auge de sua popularidade como ex-prefeito de uma capital que buscava desenvolvimento tecnológico, ele deixou a prefeitura com ótimos índices de aprovação. Apesar das suspeitas de corrupção e da alta tributação que lhe rendeu o apelido de “Amastaxa”, e mesmo com sua evidente proximidade com a esquerda, refletida pelo partido ao qual pertence, Amastha era visto como um “empreendedor” devido à sua trajetória como dono de diversas empresas, incluindo o maior shopping do estado.

A desilusão de alguns aconteceu no dia da convenção partidária, onde ao lado de algumas lideranças do PT, Amastha se viu “forçado” a segurar uma bandeira com os dizeres “Lula Livre”, o ato bastou para afastar aqueles que viam o ex-prefeito como uma alternativa mais “liberal” de administrar. No próprio Facebook do candidato à época, surgiram diversas críticas ao ato. 

Oposição e aliança histórica

montagem de duas fotos, na primeira a esquerda, uma foto em preto e branco de FHC e Lula, na foto da direita uma foto mais recente dos dois
Montagem: Redes Sociais

Não é de hoje a dualidade explícita (as vezes combinada) entre o PSDB e o PT. Adversários históricos, apesar de hoje serem vistos ambos como “esquerda”, durante muito tempo o PT classificou a gestão tucana como sendo a direita e o PSDB, por sua vez, dava ao partido dos trabalhadores a classificação de extrema esquerda e comunista. O fator decisivo para a “virada de chave” foi a adição do componente Bolsonaro (PL). Com o ex-presidente em jogo, os adversários perceberam que suas diferenças não eram tão grandes assim, e já em 2022, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) indicou apoio à candidatura de Lula. 

Apoio municipal

No caso de Júnior Geo, a aliança com o PT parece ser o menor dos seus problemas. No entanto, é de se questionar que, principalmente por sua fama de “certinho”, a associação com PT pode, em alguma medida, contrariar essa premissa na cabeça do eleitor. Sobretudo os que viveram na época Raul Filho (ex-PT), com diversos esquemas sendo investigados pela Polícia Federal e sua condenação no caso de Carlinhos Cachoeira


Mas como dito, esse deve ser o menor dos problemas do deputado neste momento, faltando poucos meses da disputa, seu braço direito acabou deixando a campanha. Soma-se a isso a baixa adesão que o nome dele teve dentro do próprio partido de Cinthia Ribeiro (PSDB) e o apoio displicente que teve da atual gestora da capital até o momento e podemos ver porque o segundo colocado na disputa, Eduardo Siqueira Campos(Podemos) têm mais que o dobro de intenções de votos. Outrossim, parece que Geo gosta de pregar para convertidos: enquanto seus adversários estão fazendo suas campanhas eleitorais em bairros e casas de lideranças, o tucano prefere passar seus finais de semana dando os “aulões” para concurseiros. É certo que há um público bastante promissor nesses eventos, no entanto, a maioria deles, ou não vota em Palmas ou já está decidido a votar nele.