A Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, defendeu que o comércio entre as partes pudesse ser efetuado em moedas alternativas ao dólar. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se pôs no meio da pauta, ao dizer em sua rede social (Truth Social) que imporá um adicional de 10% ao imposto de importação de produtos a qualquer país que se alinhe com essa ideia, que ele chamou de “antiamericana”. 

Depois das declarações nesta segunda-feira, 7, a Casa Branca não emitiu oficialmente uma ordem executiva. A mensagem informal e extra-oficial é de um bullying diplomático, uma intimidação àqueles países que possam estar indecisos ou ser simpáticos à ideia de prescindir do dólar. A resposta do presidente Lula (PT), entretanto, poderia ter sido mais eficiente. 

Com 4,45 bilhões de habitantes, o presidente do país sede da Cúpula poderia ter afirmado que os Brics têm o direito de discutir como realizarão o comércio entre eles mesmos, que a discussão nada tem a ver com os EUA, que não se trata de um ataque. Lula optou pelo enfrentamento. 

O presidente afirmou: “Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador”. A resposta beneficia Donald Trump, que prospera no caos e no enfrentamento. 

Ao comercializar em dólar, o mundo inteiro paga um tributo aos Estados Unidos, e meramente discutir uma alternativa não significa afronta. O dólar é um dos principais instrumentos da influência geopolítica americana, e é do presidente dos EUA o direito de espernear para mantê-lo. Mas a verdade é que, recentemente, ninguém fez tanto pela desvalorização do dólar quanto Donald Trump e seu governo de guerras tarifárias e big beautiful bills.