Cynthia Pastor, editora do Jornal Opção Entorno

Passeando por verdadeiros símbolos da capital francesa e em exaltação à história do País, o espetáculo visual celebrou, sobretudo, o lema da república francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. No entanto, a “grandiosidade” do evento foi questionada e quase ofuscada pelo contraste marcante de ativistas pró-Palestina, que utilizaram o cenário das Olimpíadas dias antes, com o intuito de denunciar o genocídio do povo palestino.

Os cartazes de protesto traziam frases como: “Quando se trata de matar por esporte, não há competição”, em referência à morte de atletas no território que abrange a Faixa de Gaza e áreas da Cisjordânia, no Oriente Médio. É válido ressaltar, que apenas oito atletas palestinos estão presentes nestes Jogos Olímpicos.

A abertura também fez alusão à Revolução Francesa, com a representação de Maria Antonieta decapitada. Contudo, foi a banda Gojira que garantiu um verdadeiro show, com seu metal pesado nas janelas da Conciergerie, às margens do Sena.

Muito embora seja a primeira vez que uma banda heavy metal abra o evento, o que sugere uma certa “democracia”; assim como nomes que ensejam um sentimento de liberdade tenham embalado o espetáculo (leia-se Lady Gaga e Aya Nakamura), ainda assim, parece que a tal sociedade mais “inclusiva do globo” realmente é apenas para francês ver.

Há um silêncio velado nas mídias mais proeminentes sobre a população de rua da Cidade Luz que, segundo a ONG “O Reverso da Medalha” (Le Revers de la Médaille), teve mais de 12 mil pessoas retiradas de Seine-Saint-Denis, onde está localizada a sede da Vila Olímpica. Não obstante, a tão pregada “égalité” foi oculta numa mordaz faxina social, que baniu, sem nenhuma sutileza e respeito, moradores de rua, imigrantes, desempregados e sem teto.

E já que é mesmo muito difícil esconder um elefante atrás de um abajur, há veículos de comunicação franceses contrários ao governo, que garantem que a série de ataques coordenados que causaram a paralisação das linhas de trem (ocorridos na madrugada do dia anterior à abertura dos jogos), foi algo elaborado em moldes midiáticos.

Teorias da conspiração à parte, posteriormente aos ataques à rede ferroviária, o aeroporto de Basileia-Mulhouse foi evacuado por suspeita de bomba, poucas horas antes da abertura dos Jogos, o que gerou atitudes potentes por parte do governo francês.

Por fim, o show foi aberto com direito a final feliz nas transmissões das TVs mundiais e suas narrações melosas. Pira olímpica acesa com sucesso, segue o baile imperialista europeu disfarçadamente “socialista” e embalado ao som de La vie en Rose. Allons enfants!