Ton Paulo

Nesta segunda-feira, dia 2 de dezembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) começa a analisar o inquérito da Polícia Federal (PF) que indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas – a maioria ligada ao seu governo ou ao próprio ex-presidente. Um grupo de nove procuradores vai analisar o documento que resultou da investigação policial e que atribuiu a Bolsonaro e seus seguidores os crimes de organização criminosa, abolição do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.

Será a partir da visão desses nove procuradores que a PGR decidirá se Bolsonaro e seus séquitos indiciados serão denunciados pelos crimes em questão. Em entrevista recente à imprensa, Paulo Gonet, procudora-geral da República, afirmou que o caso carece de “estudo aprofundado”, e que muito provavelmente o veredito não virá neste ano.

Estamos diante da possibilidade de um novo marco histórico da política brasileira. Assim como em abril de 2018, quando Lula da Silva se entregou à PF após um mandado de prisão expedido pelo então juiz Sérgio Moro, o início de 2025 pode entrar para a história quando, mais uma vez, um ex-presidente com (ainda) grande popularidade poderá se preso, causando grande furor e reação de seus apoiadores.

É claro, e aqui há grandes distinções no contexto em que Lula foi preso e no qual Bolsonaro pode ser. Contudo, sem entrar no mérito do porquê, mas mirando o se e quando, um ex-presidente novamente atrás das grades nos leva à conclusão de que o Brasil está longe de atingir a estabilidade que alguns, ingênuos, acharam que teriam pós-eleições de 2022. E isso, destaca-se, não é de todo ruim.

Se não apelar à impunidade mascarada de “anistia” é manter o país, ainda, em um clima de incertezas e agitação, que seja até que nenhum permaneça varrido para debaixo do tapete.