Em nova fase da carreira após grande turnê, Titãs se apresenta pela segunda vez no FGT; confira entrevista
05 setembro 2024 às 11h40
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Com o fim da aclamada turnê Titãs Encontro, que contou com os membros originais da banda e passou por diversos pontos do país, além de datas nos Estados Unidos e em Portugal no ano passado, o Titãs retorna à sua formação atual, composta por Sérgio Britto, Branco Mello, Tony Bellotto, com o projeto “Titãs Microfonado”, que une grandes sucessos da banda e nomes de destaque da música brasileira, como Lenine, Ney Matogrosso e Preta Gil.
Pela segunda vez no Festival Gastronômico de Taquaruçu, o Trio de Ferro, como são chamados pelos fãs, promete trazer para o público palmense alguns dos maiores hits que acompanharam a trajetória do grupo ao longo de 40 anos de estrada. Além do Titãs, também estão na programação apresentações musicais locais, e o chef Felipe Bronze no espaço Cozinha Show, dedicado à demonstrações culinárias de chefs regionais e nacionais.
Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, o músico Tony Bellotto comenta a diversas fases da carreira dos Titãs, e o que pode-se esperar da banda na segunda noite do festival.
Vocês passaram recentemente por uma grande turnê de celebração da banda em sua formação original, a turnê Titãs Encontro, com shows em grandes estádios e festivais pelo país afora. Essa turnê colaborou de alguma forma para a fase atual que a banda se encontra musicalmente?
Tony Bellotto: Sim, a turnê Titãs Encontro, com os ex-integrantes foi realmente uma turnê muito grande, gloriosa, e majestosa. Eu acho que ela colaborou sim para a fase atual, porque agora, com o “Titãs Microfonado”, esse momento que a gente está vivendo, temos um outro tipo de show, mais intimista, em que a gente toca muitas músicas que ficaram de fora daquele outro projeto. E depois do grande sucesso daquela turnê Titãs Encontro, a gente quis fazer alguma outra coisa que nos surpreendesse, que trouxesse alguma carga de novidade, esse o momento que a gente está agora.
Alguns dos maiores sucessos da banda foram inspirados pelo contexto e as problemáticas enfrentadas pelo Brasil na década de 1980, mas que de certa forma continuam extremamente atuais. Como é possível justificar esse fenômeno?
O início dos Titãs, em 1982, em plena redemocratização do Brasil, e toda a nossa geração do rock dos anos 80, foi muito influenciada por aquela postura política de fim da ditadura, da reconquista dos direitos democráticos e tudo isso permeia a nossa carreira até hoje. Somos democratas, nós somos libertários, absolutamente contra qualquer ameaça à democracia, qualquer regime que não seja um regime democrático.
Infelizmente, muitos problemas continuam, alguns outros até se agravaram, mas muitos outros também melhoraram, né? E a gente permanece numa democracia muito sólida, que foi ameaçada até neste último governo, mas a gente conseguiu passar por isso e a nossa democracia segue firme. Então a gente continua aqui, vigilantes e alertas para que nada de errado aconteça.
Se pudessem escolher uma música de seu repertório que definisse o que é o Titãs, qual seria, e porquê?
É muito difícil conseguir resumir a nossa obra em uma música só. Mas eu acho que “Comida” é uma música que expressa muito bem o que são os Titãs. É uma música poderosa, dançante e que está falando uma coisa muito interessante, né? Eu poderia escolher muitas outras, mas essa acho que define bem o que a gente é.
Como vocês veem a indústria da música hoje em comparação à época do início do Titãs? Assim como a banda inspirou diversos novos artistas brasileiros, vocês têm algum destes novos nomes como inspiração?
Eu acho que a indústria da música mudou muito, e sempre viveu em mudança. Quando a gente começou, era a era dos vinis, mas a era do gramofone já tinha acabado. Existiam as fitas cassete, e então as fitas cassete acabaram, o vinil veio, o CD, e agora é a música por streaming. Mas eu acho que a coisa principal, que é a música ao vivo, os shows da banda, isso continua igual. Então acho que essa essência não muda, vão mudando os formatos, mas quando você quer ver a banda, você vai no lugar e vê a banda tocando. Isso é igual o que sempre foi.
A gente gosta de ouvir coisas novas nesse nosso novo trabalho. No Titãs Microfonado, inclusive, a gente deu espaço a coisas novas, por exemplo, o Major RD, um novo nome do rap brasileiro, que é um fenômeno. A gente não conhecia o trabalho dele, ficamos conhecendo, gostamos, e chamamos ele para fazer “Cabeça Dinossauro” junto com a gente. Então, assim como a gente influencia novas gerações, as novas gerações continuam influenciando a gente também. Acho que existe uma troca que fortalece muito a música brasileira como um todo.
Esta não é a primeira vez da banda no Festival Gastronômico de Taquaruçu, vocês têm alguma lembrança marcante da última edição que participaram? E o que o público pode esperar do show do Titãs para esta edição do festival?
A gente tem lembranças, sim, muito boas, de um de um povo muito hospitaleiro e animado. E eu acho que todo mundo que for ao show pode esperar o melhor dos Titãs, não é? A gente toca sucessos, músicas da carreira inteira, desde “Sonífera Ilha”, uma música de 1984 e nosso primeiro sucesso, até coisas mais recentes como “Apocalipse Só”, que é uma música que está no nosso último disco de músicas inéditas, o “Olho Furta-Cor”, e também esse projeto do “Titãs Microfonado”. Então, quem for ao show vai ver Titãs no seu melhor. Apareçam!