Higor de Sousa Franco é economista formado pelo Centro Universitário de Goiás. É especializado em áreas como Administração Pública, Gerência de Cidades, Planejamento e Orçamento Público. Além disso, possui mestrado em Auditoria e Perícia em Processos Licitatórios e é especialista em Perícia Judicial.

Sua trajetória profissional começou no setor privado, onde trabalhou no Banco do Estado de Goiás, no Banco Panamericano, e prestou assessoria jurídica à Dívida Ativa do Município de Goiânia. Em Palmas, Higor assumiu diferentes responsabilidades, como Analista de Crédito na Agência de Fomento e Gerente de Orçamento na Secretaria de Planejamento do Estado. 

Também participou do Comitê de Governança Pública no Consórcio Brasil Central. No município de Palmas, foi Diretor de Compras Públicas, Licitações e Contratos, e atuou como Secretário e Secretário Executivo nas Secretarias de Infraestrutura, Educação, Saúde, Segurança Pública e Assistência Social. Além dessas funções, trabalhou como Auditor Externo no Tribunal de Contas da União (TCU).

Desde 2009, Higor atua como professor universitário nas áreas de Administração, Economia, Gestão Pública e Direito, lecionando em instituições públicas e privadas nos estados de Goiás e Tocantins. Atualmente, ele atua como empresário e consultor, oferecendo serviços nas áreas econômica, financeira e jurídica para empresas públicas e privadas em todo o Brasil. Também se dedica à elaboração de planos governamentais voltados à administração pública, buscando sempre contribuir para a melhoria da gestão pública e privada.

Em entrevista exclusiva  ao Jornal Opção Tocantins, o economista detalha como as pessoas podem manter o controle do orçamento familiar para evitar o endividamento, enfatizando a necessidade de planejamento financeiro contínuo. Ele explica que a revisão constante dos gastos é essencial para poupar e evitar juros. O entrevistado também critica a desigualdade entre o reajuste do salário mínimo e o aumento dos preços dos produtos essenciais, sugerindo a necessidade de um ajuste entre renda e custos.

Quais são as melhores práticas para estabelecer um orçamento doméstico eficaz no início do ano?

Não existem “melhores práticas” para estabelecer um bom orçamento. O que realmente importa é a disciplina. Precisamos trabalhar essa questão: consumir com consciência. Toda vez que saímos para consumir, acabamos justificando: “Ah, eu mereço.” E claro, todo mundo merece. Mas o orçamento precisa ser controlado para que você comece o ano bem, mantenha esse controle ao longo dele e termine o ano da mesma forma.    

No início do ano, o orçamento deve ser planejado. É importante perguntar: “O que eu pretendo comprar ao longo do ano?” É evidente que imprevistos acontecem, mas é possível fazer um planejamento básico focado nas obrigações iniciais. Com esse controle, tudo se torna mais fácil. 

Portanto, as práticas para estabelecer um orçamento doméstico eficaz incluem: manter o controle sobre o orçamento, registrar seus gastos e consumir de forma consciente. Priorize o essencial, reserve um espaço para o lazer e, quando possível, guarde uma parte em poupança.    Esses três princípios — controle, consciência no consumo e poupança — ajudam a manter as finanças equilibradas, evitando o endividamento.

Como posso avaliar minhas finanças pessoais para saber onde posso economizar mais durante o ano? 

Para avaliar as finanças, é fundamental, como já mencionei, ter um planejamento. Após elaborar o planejamento, identifique o que você pretende gastar e quais são suas despesas básicas, como água, luz, telefone, aluguel, alimentação e saúde. Essas são as prioridades iniciais. Se, durante o período, você conseguir honrar todas essas obrigações e ainda sobrar algum valor, esse excedente pode ser destinado à poupança ou a investimentos. 

No final do ano, você terá a opção de resgatar esse dinheiro para consumo ou decidir mantê-lo aplicado por mais tempo, conforme suas necessidades e objetivos. Essa é uma decisão a ser tomada com base no desempenho financeiro ao longo do ano. O primeiro passo para essa avaliação é entender suas finanças. Como fazer isso? Justamente através do planejamento familiar e da organização da economia doméstica. O segredo está em ter controle sobre os gastos e evitar ultrapassar o limite definido no planejamento.   

Pode ocorrer algum fato imprevisto, algo que extrapole o orçamento. Mas isso não é algo rotineiro, e sim pontual. Com um bom planejamento e consumo consciente, esses imprevistos acabam sendo superados. Infelizmente, no início do ano, as despesas costumam ser bem mais elevadas, especialmente para famílias com filhos e veículos. Há uma série de gastos recorrentes, como IPVA, IPTU, matrículas e materiais escolares, além de outras taxas e tributos. Esses fatores tornam os três primeiros meses do ano — janeiro, fevereiro e março — os mais pesados financeiramente. Por isso, é essencial que o planejamento contemple essas despesas já no começo do ano.     

Quem deseja pagar com desconto, como no caso do IPVA, pode aproveitar essa oportunidade, já que se trata de uma situação interessante. Às vezes, o valor economizado com o desconto pode ser utilizado para quitar outras obrigações, desde que haja disponibilidade financeira.

Quais são as principais despesas que devem ser priorizadas no começo do ano e como organizar essas prioridades?

As principais despesas devem ser priorizadas no início do ano, para que, a partir do meio do ano, seja possível respirar um pouco e começar a poupar. A realidade é que, nos primeiros seis meses, o foco acaba sendo o pagamento de despesas eventuais, taxas e impostos, para só depois começar a colher os frutos desse esforço. As despesas básicas que não podem ser negligenciadas no orçamento incluem água, luz, telefonia, alimentação, saúde e educação. Essas são intransferíveis e devem estar sempre contempladas na sua renda.    

Qual a importância de criar um fundo de emergência e qual valor é recomendado para começar o ano com segurança financeira?

Um fundo de emergência ou uma poupança é extremamente importante. No meu ponto de vista, todos que tiverem essa possibilidade devem criá-lo, porque imprevistos acontecem, mesmo que a gente acredite que não. Pode parecer que nunca vai acontecer conosco, mas, em algum momento, acontece, e se não tivermos uma reserva, ficamos desprotegidos. 

Essa reserva financeira não serve apenas para lazer, como passeios ou viagens. Ela é essencial para situações imprevistas, como uma reforma emergencial em casa, a quebra de um eletrodoméstico ou até uma emergência médica — seja para cobrir despesas de um plano de saúde ou, na ausência dele, custear tratamentos. Portanto, a poupança deve ser encarada como uma segurança para imprevistos do dia a dia, situações que, muitas vezes, não podem ser adiadas e exigem um gasto imediato.    

A importância de ter um fundo de reserva está no fato de que você não precisa poupar valores altos. Para famílias de classe média ou média baixa, o ideal é guardar o que for possível: se sobrar R$ 50, R$ 20, R$ 100, ou até mesmo R$ 1, já vale a pena começar uma pequena poupança. Se não houver orientação ou conhecimento para investir em algo mais sofisticado, o simples ato de poupar já é um bom começo. Mesmo que você deposite R$ 50 ou R$ 100 e o rendimento seja baixo, é melhor ter algum rendimento do que não ter nada. 

Portanto, a ideia é criar um fundo de reserva, seja para saúde, educação ou lazer, que esteja disponível para emergências. Dessa forma, você evita recorrer a agentes bancários ou financeiros, que geralmente cobram juros elevados em empréstimos. A poupança, mesmo que modesta, proporciona mais segurança e reduz a necessidade de endividamento no futuro. Isso acaba se tornando uma bola de neve no futuro e compromete todo o orçamento da família. O endividamento atinge níveis altíssimos, porque ninguém planeja ficar doente, nem enfrentar uma reforma de emergência ou qualquer outro gasto imprevisto. 

Por isso, um fundo de reserva — seja emergencial, garantidor ou poupança financeira — traz segurança e tranquilidade. Ele permite que a família enfrente imprevistos sem se endividar, ajudando-a a consumir de forma consciente e a crescer financeiramente. Se algo der errado, há um recurso disponível para resolver a situação, o que traz paz e estabilidade. Com essa tranquilidade, as pessoas conseguem trabalhar melhor, pensar com mais clareza e, assim, gerar mais riqueza. 

Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem ao organizar suas finanças no início do ano e como evitá-los?

É importante evitar erros comuns, como exagerar nos gastos no final do ano, ao viajar sem levar em conta as despesas do início do ano. O problema é que as despesas e faturas das viagens e compras feitas em dezembro acabam chegando em janeiro, justamente quando já há uma série de gastos típicos desse mês. Se não houver planejamento, isso cria uma bola de neve e o endividamento financeiro da família se torna muito grande.

O maior equívoco que as pessoas cometem ao iniciar um novo ano é esquecer que existe um período subsequente e agir como se as finanças terminassem em dezembro. Muitas vezes, as compras são feitas no cartão de crédito com a justificativa de que “há limite disponível”. No entanto, é importante lembrar que o limite do cartão de crédito não é dinheiro seu — é um valor emprestado pelo banco, sujeito a altos juros caso não seja pago integralmente. Se você já não conseguiu pagar à vista, como vai conseguir pagar no mês seguinte, quando as despesas se acumulam ainda mais? É nesse ponto que começam os endividamentos, agravando a situação financeira familiar. Planejamento e consumo consciente são fundamentais para evitar essa armadilha.    

O mais importante é entender que crédito não é dinheiro. Crédito é apenas uma forma de adiar ou postergar o pagamento de uma dívida. Se você tem condições de pagar à vista, sempre é melhor optar por essa forma de pagamento, pois, geralmente, há descontos. Muitas pessoas preferem comprar a prazo, o que não é um problema, desde que as parcelas caibam dentro do orçamento, evitando a incidência de juros. 

O erro comum é que, ao ter limite no cartão de crédito, muitos acabam gastando sem controle, usando o cartão sem pensar no impacto das parcelas futuras. Quando a fatura chega, ela geralmente ultrapassa o orçamento familiar, obrigando a recorrer a empréstimos para pagar parte ou o total do valor. E, como os juros do cartão de crédito são altíssimos, isso resulta em um grave descontrole financeiro.

Como devo balancear o pagamento de dívidas com a construção de economias ao longo do ano?

Ao iniciar o ano, é fundamental se programar e definir um limite de gastos realista. Infelizmente, em muitos casos, o limite do cartão de crédito das famílias é maior que a própria renda mensal, o que pode levar ao descontrole total, já que, ao usar todo o limite, a pessoa acaba gastando além do que pode pagar, comprometendo o orçamento e não conseguindo honrar suas obrigações. Esse descontrole financeiro no início do ano é uma das causas mais graves do endividamento. 

Outro erro frequente das famílias é adiar o pagamento de dívidas, apostando em um dinheiro extra futuro — como um bônus ou qualquer outro valor eventual — que pode não se concretizar. Esse tipo de atitude, ao não honrar as obrigações no momento certo, gera juros acumulados e acaba resultando em um endividamento ao longo do ano, trazendo ainda mais dificuldades financeiras.    

Está endividado? Para onde vai? Se você tem dívidas, o primeiro passo é renegociá-las de forma que as parcelas caibam dentro do seu salário, minimizando ou até evitando juros no futuro. O que muitas pessoas fazem, erroneamente, é dizer: “Ah, não tenho dinheiro para pagar agora, deixo para o mês que vem”. Isso é um grande equívoco. Não deixe a dívida sem pagar. Vá até o local onde a dívida foi contraída — seja o banco, uma loja ou um crediário — e renegocie. Renegociar a dívida pode reduzir o impacto do endividamento a longo prazo. 

Um erro comum é esperar um dinheiro futuro, pegar mais crédito e acabar acumulando dívidas, o que só gera uma bola de neve de juros e compromete ainda mais o orçamento familiar. Se você já está endividado, reconheça a situação e refaça seu planejamento financeiro. Coloque todas as dívidas renegociadas dentro do seu orçamento e controle rigorosamente os gastos. Não se trata de deixar de consumir, mas de consumir apenas o que for realmente necessário. Consuma com consciência, evitando compras por impulso e gastos desordenados.    

Na verdade, o ponto de equilíbrio entre dívidas e a construção de uma economia a longo prazo é fundamental. E como o próprio nome diz, “longo prazo” exige planejamento. Se você quer alcançar conforto financeiro no médio e longo prazo, é preciso começar agora. No início do ano, revise suas contas, reanalise suas dívidas e ajuste-as de forma adequada. Se não for possível pagar tudo de imediato, renegocie conforme suas necessidades e interesses. É o momento de controlar os gastos. 

Às vezes, é necessário abrir mão de alguns luxos por três, quatro ou até dez meses para garantir fôlego financeiro e flexibilidade para compras melhores no futuro. Fazer esse sacrifício agora traz grandes benefícios a longo prazo, permitindo mais liberdade financeira. O planejamento é essencial, pois ele se refere ao futuro, ao “longo prazo”. 

A economia doméstica começa em casa, com uma compreensão clara sobre o valor do dinheiro e a necessidade de cada compra. Pergunte-se sempre: “Eu realmente preciso disso? Essa compra é urgente?” Se a resposta for sim, tudo bem. Se não, é melhor segurar a compra, pesquisar mais e adiar até ter certeza de que ela se encaixa no seu orçamento. Às vezes, ao cair em uma promoção, compramos por impulso, especialmente quando se vê um desconto à vista. No entanto, essa decisão tomada no calor do momento, influenciada pela emoção da propaganda, pode resultar em prejuízos financeiros. Portanto, ao planejar uma compra — especialmente um bem ou produto significativo — faça várias pesquisas e compre com calma, cautela e planejamento. A vantagem de agir assim é enorme, principalmente para quem está começando a organizar as finanças.    

O que você recomenda para quem está começando a investir e quer organizar melhor suas finanças no início do ano?

Para quem está começando a investir, o primeiro passo é entender o valor que pode ser disponibilizado para isso. Por exemplo, se você tem uma folga orçamentária de R$ 100, R$ 200 ou até R$ 1.000 reais por mês, há várias formas de poupar e investir, dependendo do seu objetivo, seja a curto, médio ou longo prazo. Para quem nunca investiu, uma boa recomendação é começar pela poupança. A partir disso, busque um especialista ou se informe por meio de cursos ou plataformas online. Existem diversos recursos que ensinam pessoas com renda baixa ou média a poupar e investir, como o Tesouro Direto ou CDBs.

Se possível, procure um especialista ou seu agente bancário, pois eles podem orientar sobre os melhores investimentos para o seu perfil e objetivos. Um investimento mal feito pode gerar prejuízos, especialmente se for feito a longo prazo e você precisar resgatar o valor antes do tempo, perdendo os juros. Por isso, é essencial que o investimento seja bem analisado e orientado por alguém qualificado.

Quais são as melhores estratégias para cortar gastos desnecessários sem comprometer o bem-estar financeiro das pessoas?

A melhor estratégia para evitar gastos exorbitantes ou desnecessários é sempre se perguntar: “Eu realmente preciso deste produto ou bem que estou comprando agora?” Se a resposta for sim, a compra é justificada. Caso contrário, evite o impulso, principalmente no começo do ano, quando há muitas liquidações e promoções chamativas. Muitas vezes, você pode ser tentado a comprar algo como uma calça, roupa, bolsa ou sapato apenas porque está barato. No entanto, se você não tiver uma ocasião especial para usá-los, não compre por impulso. Só faça essas compras se realmente forem necessárias ou se você tiver um plano para vender o item mais tarde. Comprar por impulso, sem necessidade real, só vai aumentar o descontrole financeiro.    

É essencial adotar estratégias financeiras internas para evitar comprometer o orçamento. Muitas vezes, nos deparamos com promoções e sentimos a tentação de comprar algo só porque está barato, mas é importante questionar: “Eu realmente preciso disso agora?” Se a resposta for sim, tudo bem. Mas se a resposta for não, ou se você ficar na dúvida, é melhor não comprar. Promoções acontecem o ano inteiro, e sempre podemos planejar nossas compras de forma estratégica e parcelada, desde que isso não comprometa o orçamento. 

Por exemplo, se você vê uma calça de R$ 300 sendo oferecida por R$ 200 em uma promoção, pense: “Eu realmente preciso dessa calça?” Se a resposta for “não”, é melhor deixar essa compra para quando for realmente necessária. Ao invés de gastar os R$ 200, você pode investir esse dinheiro, e ao final de alguns meses, ele pode render, por exemplo, 0,7% ao mês. Isso representaria um rendimento de R$ 14, que ao longo de alguns meses pode ser usado para realizar a compra quando houver uma necessidade real. Assim, você pode comprar à vista, aproveitando descontos, ou até mesmo parcelar sem juros. Essas estratégias são importantes para alcançar um bem-estar financeiro e evitar gastos desnecessários. 

As pessoas precisam entender que o dinheiro disponível não significa que ele deva ser gasto imediatamente. O dinheiro precisa ser rentável, não deve ficar parado. Dinheiro parado não gera benefícios financeiros. Quando bem aplicado, de acordo com as necessidades de cada pessoa, pode trazer retorno e ajudar no planejamento a longo prazo.    

Ao organizar o orçamento deste mês em casa, podemos colocar uma poupança. Se no mês seguinte faltar algo, retiramos um pouco dessa poupança para cobrir. O importante é sempre manter o orçamento no azul. Quando não se tem esse controle, o orçamento acaba ficando no vermelho, o que se transforma numa bola de neve. Quando chega no final do ano, a situação pode piorar ainda mais, sem conseguir retorno financeiro. E é aí que entram os empréstimos, o que é muito prejudicial para a saúde financeira da família.

Como lidar com o planejamento financeiro durante os períodos de inflação ou instabilidade econômica no início do ano?

Bom, agora é algo difícil de falar, pois muitos especialistas dizem que não há inflação, que o processo inflacionário está congelado. Na minha opinião, a inflação é real e tem inúmeras oscilações. Por isso, o planejamento financeiro é indispensável. Ele não pode ser negligenciado. Deve estar presente em todos os momentos, como algo natural. Quando você acorda, vai para o trabalho, volta para casa, é importante ter um planejamento dos seus gastos. Não é necessário ficar obcecado, calculando tudo o que gasta, mas sim ter a noção do que se gasta, com o que se gasta, para evitar gastos com supérfluos. Quanto à inflação, você vai ao supermercado para comprar os itens básicos da cesta básica, por exemplo, e percebe que os preços estão reajustados no mês seguinte. Infelizmente, o governo federal anunciou o reequilíbrio salarial, mas os índices dos itens básicos continuam subindo.

O reajuste do salário mínimo tem sido muito baixo, mas todos os índices que compõem os preços dos itens da cesta básica — arroz, feijão, macarrão, óleo, sal, açúcar, carne, enfim, os produtos que consumimos no dia a dia — tiveram reajustes superiores ao aumento do salário mínimo. Ou seja, estamos empobrecendo, porque, toda vez que o salário mínimo aumenta, os produtos que consumimos têm reajustes muito maiores. Isso reduz nosso poder de compra. Por isso, acredito que o brasileiro vai precisar se reinventar. A inflação funciona assim: de um lado, o salário é reajustado, mas, do outro, os preços aumentam duas ou três vezes mais, o que resulta em uma perda no poder de compra. Na minha opinião, isso deveria ser o processo inverso. Sempre que há um reajuste na renda, o ideal seria que os preços dos produtos seguissem uma linha mais equilibrada.

Preciso, no mínimo, congelar ou reequilibrar os preços abaixo do valor da renda, porque assim eu consigo ter uma economia saudável, próxima de um ponto de equilíbrio entre demanda e oferta, dentro da relação entre consumidor e produtor, consumidor e empresário. O consumidor está ali para comprar, mas se os preços estão exorbitantes, e tudo tem taxas e impostos embutidos, ele vai se retrair. Essa retração traz um desaquecimento econômico, especialmente para as famílias de classe média e baixa, o que causa um certo desconforto. Ou seja, o consumo diminui. Quando o consumo diminui, a produção também diminui, o que pode aumentar o desemprego. E, com isso, as famílias buscam rendas alternativas, o que, no Brasil, tem sido bastante difícil. 

Qual a importância de revisar o orçamento regularmente e fazer ajustes durante o ano?

Esse planejamento precisa ser feito, não vou dizer diariamente, mas o ideal seria. O produtor reajusta, e a relação de renda também deveria ter um reajuste, mas nem sempre acontece. Enquanto os empresários ajustam os preços dos bens e serviços que consumimos ao longo do ano, muitas vezes esses reajustes são quinzenais ou mensais.

Já o nosso salário mínimo tem apenas um reajuste anual, o que cria um desequilíbrio de renda, e esse desequilíbrio precisa ser ajustado. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio. Por isso, é extremamente importante revisar o orçamento regularmente. Toda vez que faço essa revisão, estou dando uma brecha para consumir com consciência e, o que sobrar, poupar. Se não sobrar, preciso honrar com as minhas parcelas. Se revisei o orçamento, estou conseguindo poupar e está sobrando dinheiro, mas ainda tenho parcelas. O que fazer com isso?

Ao organizar o orçamento de casa, podemos, por exemplo, colocar uma poupança para o mês e, se faltar algo, retirar um pouco dessa poupança para cobrir as despesas. O importante é sempre manter o orçamento no azul. Quando não se tem esse controle, o orçamento acaba ficando no vermelho, e isso se transforma numa bola de neve. Quando chega no final do ano, a situação pode ficar ainda pior, sem conseguir retorno, e aí surgem os empréstimos, o que é muito prejudicial para a saúde financeira da família.

É difícil falar sobre a inflação, pois existem muitos especialistas que dizem que não há inflação ou que o processo inflacionário está congelado. Mas, na minha opinião, a inflação é real, e ela tem várias oscilações. Por isso, o planejamento financeiro é indispensável. Não pode ser dispensado em nenhum momento. O planejamento financeiro deve ser parte do nosso dia a dia. Não é necessário calcular tudo minuciosamente, mas é importante ter noção de onde se gasta o dinheiro, para evitar gastos com supérfluos.

Por exemplo, ao ir ao supermercado, os itens da cesta básica, como arroz, feijão, carne, óleo, entre outros, sempre sofrem reajustes. E, infelizmente, o governo federal anunciou um reajuste muito baixo no salário mínimo, enquanto os preços dos produtos aumentaram muito mais. Isso significa que estamos empobrecendo, pois o reajuste do salário mínimo não é suficiente para cobrir os aumentos dos preços dos bens de consumo. Esse ciclo pode levar a uma redução no poder de compra, o que exige que o brasileiro se reinvente.

A inflação funciona assim: de um lado, você tem um reajuste, mas do outro lado, os preços aumentam ainda mais. Esse processo faz com que o poder de compra diminua. O consumo fica mais restrito, e a produção pode diminuir, o que, por sua vez, pode gerar desemprego. E, infelizmente, buscar rendas alternativas no Brasil está se tornando cada vez mais difícil. Portanto, o planejamento financeiro deve ser contínuo. O ideal seria que esse controle fosse feito diariamente, mas se não for possível, pelo menos semanalmente, você deve revisar seus gastos, refletir sobre o que foi consumido e avaliar se foi necessário. Se sobrou dinheiro, é hora de poupar; se não sobrou, é necessário ser mais consciente nos próximos consumos. Essa revisão constante do orçamento é essencial.

Assim como as empresas fazem ajustes nos seus preços, nós, como consumidores, também precisamos revisar constantemente o que compramos. No caso de produtos essenciais como arroz, feijão, carne, energia elétrica e internet, que são praticamente indispensáveis, o reajuste nos preços é constante. O problema é que, enquanto os preços desses produtos aumentam, o salário mínimo tem apenas um reajuste anual, o que cria um desequilíbrio entre renda e custos. Esse desequilíbrio precisa ser ajustado para manter uma economia doméstica saudável.

Portanto, é fundamental revisar o orçamento regularmente. Ao fazer isso, você se dá a chance de consumir com mais consciência e ainda poupar o que for possível. Caso sobre dinheiro, aproveite para antecipar parcelas, se possível. A antecipação de parcelas geralmente resulta em amortização dos juros, o que é uma ótima estratégia para economizar. Se não for possível antecipar, faça compras parceladas apenas quando os juros forem baixos ou, de preferência, sem juros. No caso de parcelas longas com encargos financeiros altos, vale a pena fazer a antecipação para reduzir o impacto dos juros.

Revisar o orçamento constantemente é a chave para evitar prejuízos e evitar o pagamento de juros desnecessários. Em vez de pagar juros, você pode economizar e até gerar lucros. Portanto, faça a revisão do seu orçamento mensalmente ou, se possível, quinzenalmente. O importante é refletir sobre como está usando seu dinheiro, para que ele seja utilizado da melhor forma possível e não prejudique a sua saúde financeira e da sua família.