Tiago Dimas (Podemos) é empresário, político e deputado federal pelo Estado do Tocantins. Marido e pai de três filhos, aos 36 anos representa uma nova geração de lideranças tocantinenses que assumiram responsabilidades públicas desde cedo. Filho do engenheiro, ex-prefeito de Araguaína e  secretário de Planejamento Urbano de Palmas, Ronaldo Dimas, Tiago seguiu os passos do pai na política, mantendo forte atuação no setor produtivo e no empreendedorismo regional.

Em 2018, foi eleito deputado federal pela primeira vez, tornando-se o parlamentar mais votado do Tocantins naquela eleição, com mais de 71 mil votos. Na Câmara dos Deputados, atuou na defesa de pautas voltadas à geração de emprego e renda, incentivo à inovação e tecnologia, proteção aos direitos dos consumidores, inclusão e garantia de direitos das pessoas com autismo, além do apoio à agricultura familiar e a iniciativas de impacto social.

Em junho de 2025, Tiago reassumiu oficialmente o mandato na Câmara após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que modificou a regra de distribuição das sobras eleitorais das eleições de 2022. Com a retotalização determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo TRE-TO, Tiago Dimas foi diplomado e voltará a ocupar a cadeira que está com Lázaro Botelho (PP).

Com esse retorno, Tiago Dimas inicia seu segundo mandato como deputado federal, com a promessa de atuar com independência, priorizando iniciativas de fomento ao setor produtivo, incentivo ao empreendedorismo e modernização das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico e social do Tocantins e do Brasil. A seguir, confira a entrevista exclusiva que o mais novo parlamentar concedeu ao Jornal Opção Tocantins. 

O que o senhor pretende fazer nesse período que assumir? O tempo é pouco, o senhor vai focar em alguma prioridade?

Será o tempo suficiente para demonstrar e desenvolver um bom trabalho. A gente pretende resgatar iniciativas que deram certo no nosso último mandato, a exemplo do processo seletivo para as emendas parlamentares destinadas a instituições não governamentais, entidades privadas sem fins lucrativos, que têm bons projetos e que demandam recursos. Foi uma iniciativa inovadora à época, pelo nosso mandato, que deu muito certo e que pretendemos retomar logo no início, buscando desenvolver esse processo seletivo, conhecendo com mais profundidade esses projetos para verificar se conseguimos contemplá-los com boa parte dos recursos que temos direito nas emendas parlamentares.

Esse é um projeto que levamos muito a sério, sem cunho político, no sentido de contemplar entidades que realmente tenham bons projetos e com embasamento exclusivamente técnico. Queremos levar isso adiante. Além disso, temos outras pautas e matérias que estão em tramitação no Congresso Nacional, projetos de lei que protocolamos no outro mandato e que ficaram pendentes.

Nesse primeiro momento, queremos levar isso adiante, mas também trabalhar nas pautas que sempre defendemos, como a defesa dos micro e pequenos empresários, que geram a maior parte da renda e dos empregos no nosso estado. Queremos defendê-los. Há outras inúmeras pautas que surgirão, mas eu colocaria essas como prioridade: o processo seletivo de emendas e a defesa dos micro e pequenos empresários.

As pequenas empresas e os pequenos empresários sempre foram uma das bandeiras que defendemos. O empreendedorismo como um todo, mas principalmente os pequenos empresários, e pretendemos desenvolver algumas ações nesse sentido.

Como funcionava essa questão do processo seletivo de emendas que o senhor está falando? Como era no seu mandato anterior?

Lançávamos um edital, apresentando um prazo para que essas entidades apresentassem seus projetos, com bastante riqueza de detalhes: qual o valor, onde seria destinado, como seria aplicado, qual o cronograma. Tínhamos um crivo bem profundo e técnico nesse aspecto, porque não é fácil destinar recurso público federal para entidades. Elas precisam estar muito bem organizadas juridicamente e o projeto precisa ter viabilidade, porque ele passa por um convênio.

Nossa equipe faz esse crivo, filtra as propostas viáveis e depois selecionamos em áreas distintas. Já conseguimos contemplar diversos segmentos, como meio ambiente, inovação, agricultura familiar, empreendedorismo, geração de renda, projetos sociais. Pretendemos ampliar para projetos esportivos e dar espaço para que instituições com bons projetos possam se apresentar. Como é um processo que leva um certo tempo, queremos logo de imediato começar a desenvolvê-lo.

Para o senhor, como foi vencer esse imbróglio judicial que se arrastou durante tanto tempo? Qual foi o sentimento ao ser diplomado ontem pelo TRE, depois de esperar quase dois anos e meio?

Foram dois anos e meio nesse imbróglio jurídico. Desde o primeiro momento, sempre tivemos convicção de que esse mandato pertencia a nós, ao Podemos. Tenho a honra de representar o partido e a nossa presidente nacional, Renata Abreu, foi fundamental. Ela apresentou a ação de inconstitucionalidade para corrigir esse equívoco legislativo de interpretação da norma pelo TSE. De fato, estávamos corretos.

Hoje, com a diplomação consolidada, podemos afirmar que esse mandato nos pertence e que é de todos aqueles que confiaram no Podemos: mais de 72 mil votos, sendo 42.970 eleitores que nos honraram diretamente com seu voto.

O senhor está feliz? Já montou sua equipe? Como está isso?

Foi um longo processo. Ficamos na expectativa, mas não deixamos de trabalhar pelo estado. Crescemos e tivemos a oportunidade de fazer isso mesmo sem mandato. A eleição do Eduardo é prova disso. Apostamos e acreditamos nas pessoas corretas. Ele está honrando e temos orgulho de fazer parte. Eu, como presidente do partido, toquei isso.

Agora, estamos comemorando, mas já pensando no trabalho, na formação da equipe, aguardando ansiosamente a posse. Protocolei hoje a solicitação na Câmara dos Deputados. Ontem, o TRE expediu ofício comunicando e oficializando isso, inclusive para a Câmara. Agora, estamos aptos a tomar posse e tenho convicção de que o presidente Hugo Motta fará isso o mais breve possível.

Sobre a presidência do partido, agora com mandato, o senhor pretende repassar a presidência ou continuará à frente?

Hoje, temos o prefeito Eduardo Siqueira Campos, que é, sem dúvida, um ilustre representante, que nos honra muito no partido. Venho como presidente há bastante tempo, com o respaldo da executiva nacional. Essa questão da presidência precisa ser discutida, porque há outras pessoas relevantes e importantes dentro do partido, como o professor Vanderlei Luxemburgo, que também é um bom quadro.

Apesar de eu estar atualmente como presidente, isso não significa que coordeno e comando tudo. As decisões precisam ser tomadas em conjunto e assim pretendo seguir, como sempre foi. Agora, de forma ainda mais forte, preparando o partido para as eleições de 2026. As articulações já estão ocorrendo. Esse mandato chega num momento em que isso está acontecendo e tenho convicção de que o crescimento do Podemos será refletido em 2026.

Seu pai pretende retornar ao Podemos?

Essa é uma discussão que, como filho e admirador de todo o trabalho que ele desenvolveu, e como muitos tocantinenses também pensam, acredito que seria uma honra tê-lo no Podemos. Mas essa é uma questão que vai demandar amadurecimento e muita discussão. A decisão não será tomada agora, mas mais à frente. O Podemos, sem dúvida, se honrará muito se ele estiver junto aos nossos quadros. São discussões sendo levantadas, há muitas situações envolvidas, e ele é, sem dúvida, um ótimo nome que merece estar nos mais altos cargos da política tocantinense. Torço muito para que isso aconteça e, no que depender de mim, vamos contribuir para esse fortalecimento.

O que o senhor achou da não fusão do Podemos com o PSDB? Aquele movimento de junção não foi para frente.

As tratativas foram encerradas, pelo menos neste momento. Estamos discutindo outras alianças e questões partidárias. O Podemos vem num ritmo de crescimento muito forte, com lideranças que pregam modernização, inovação, uma gestão eficiente, próxima à população. Qualquer aliança só faz sentido se tivermos parceiros que compactuem com esse pensamento e com as premissas do Podemos. Infelizmente, não prosperou com o PSDB, por questões políticas e também jurídicas, uma vez que o PSDB está em federação com o Cidadania até o início do ano que vem, entre outras situações. Neste momento, essa questão está suspensa.

O senhor vai tentar a reeleição em 2026 ou ainda é cedo para falar sobre isso?

Meu foco agora é trabalhar e desenvolver um bom mandato. É natural que, como políticos, pensemos em seguir adiante e crescer. Encaro a política como uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas. Sou jovem, com muita vida pela frente, se Deus permitir, e quero contribuir muito com o Tocantins. Neste momento, meu objetivo é honrar este mandato e trabalhar muito para prestar um bom serviço no Congresso Nacional.

O senhor tem 36 anos. Como avalia a participação da juventude nesses espaços historicamente ocupados por pessoas mais velhas, por homens? Como é para o senhor, sendo jovem, ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados?

Venho de um berço em que a política sempre foi vista como uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas. Desde muito novo, aprendi isso com meu pai. Quando levada a sério, a política é muito positiva. Tive a oportunidade de ingressar ainda jovem. Hoje, com 36 anos, caminhando para o segundo mandato como deputado federal, é uma honra.

Acho que minha eleição e minha presença no Congresso Nacional representam e mostram para os jovens que é possível. Precisamos correr atrás, buscar participar, porque não adianta só reclamar dos representantes e não participar. Temos direito ao voto, mas mais do que isso, precisamos participar ativamente. Espero que minha eleição, com pouca idade, sirva de exemplo para que muitos tenham vontade de ingressar na política e promover as transformações de que o Brasil precisa.