Luana Ribeiro: “o Tocantins pode esperar a minha melhor versão daqui pra frente”

14 julho 2024 às 08h00

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Luana Ribeiro nasceu em Goiânia (GO) e é filha do falecido senador João Ribeiro e da empresária Belisa Ribeiro. Mãe de dois filhos, João Frederico e Pedro, Luana é formada em Turismo e possui pós-graduação em Gestão Pública. Ela foi eleita pela primeira vez para a Assembleia Legislativa do Tocantins em 2006 e desde então foi reeleita para mais três mandatos consecutivos, não se reelegendo apenas em 2022.
Luana é filiada ao PCdoB e se destacou por sua atuação legislativa, sendo autora de importantes projetos de lei, como a redução da jornada de trabalho dos profissionais da saúde de 40 para 30 horas semanais e a Lei do Parto Humanizado. Além disso, é responsável por legislações que abordam o trabalho nos presídios, oferta gratuita de água potável em bares e restaurantes, a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e iniciativas como a Patrulha Maria da Penha e o projeto Menstruação Sem Tabu.
Recentemente, Luana reassumiu o cargo de deputada estadual como primeira suplente pela federação formada pelo PCdoB, PT e PV, após o deputado Ivory de Lira (PcdoB) sair de licença para disputar a prefeitura de Miracema do Tocantins. Por motivos de saúde, o parlamentar desistiu da pré-candidatura e encontra-se de licença médica por 120 dias.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, Luana Ribeiro fala sobre sua trajetória política que é marcada por compromisso com a legislação em prol do bem-estar e dos direitos dos cidadãos tocantinenses.
Qual o sentimento de ter retornado para a Assembleia Legislativa depois de não ter sido eleita na última eleição, apesar da quantidade expressiva de votos?
Na verdade, não esperava exatamente esse retorno, foi uma surpresa. Tive uma votação muito expressiva. Não me elegi não por falta de votos, mas por falta de legenda partidária. Portanto, em relação ao eleitor tocantinense, não tenho do que reclamar, muito pelo contrário, sou muito grata. Estou muito animada e cheia de energia. Agora, em uma versão mais madura, mas com a mesma garra e determinação de sempre. Esse período fora me proporcionou uma nova visão sobre várias coisas e me deu mais tempo para minha vida pessoal.
O que a senhora fez nesse período?
Sou empresária e durante esse período dediquei-me aos meus negócios. Além de gerenciar as minhas empresas, iniciei outros empreendimentos na iniciativa privada. Todos os meus negócios estão no setor privado, e aproveitei esse tempo para me dedicar mais à minha família. Sou casada, tenho dois filhos e “um monte” de bicho em casa.
Quais foram seus principais projetos nesses quatro mandatos que teve como deputada estadual pelo Tocantins?
Todos os projetos são importantes e essenciais. Inclusive, uma doutora da Unitins fez uma tese de doutorado sobre minha atuação parlamentar, o que achei muito interessante. Sou reconhecida por apresentar muitos projetos. Tenho, por exemplo, as 30 horas para profissionais da saúde, um projeto muito relevante. Tenho um projeto que inibe a violência contra a mulher, proibindo que condenados pela Lei Maria da Penha ocupem cargos públicos no estado do Tocantins. Algumas de minhas leis são simples, mas têm grande valor para a população tocantinense, como a lei sobre o fornecimento gratuito de água em bares e restaurantes
Dessa lei todo mundo lembra.
Esse projeto é algo que todos lembram, pois é uma questão tão simples. Há um ditado antigo que diz que não se nega um copo d’água a ninguém. Esse é um projeto simples, mas de grande importância. Além desses projetos de lei, temos o que institui o Julho Verde, dedicado à prevenção e combate ao câncer de cabeça e pescoço, pois prevenir é sempre melhor do que tratar. Tenho um conjunto de leis que atendem aos anseios da sociedade e várias lutas em diferentes áreas.
Na saúde e na segurança pública, trabalhei tanto com a Polícia Militar quanto com a Polícia Civil, destinando muitas emendas parlamentares para a aquisição de equipamentos para as forças de segurança. Já destinei emendas para a construção de prédios dos bombeiros, como em Palmas e Porto Nacional, que receberam recursos de emendas de minha autoria.
Além disso, temos muitas obras em vários municípios do estado. Embora muitos deputados tenham investido em eventos e shows, minha prioridade sempre foram as obras. Tenho um vasto portfólio de serviços prestados, que é algo importante, pois os recursos têm um prazo para serem executados. Durante o período em que estive afastada da Assembleia, não me afastei dos municípios e inaugurei muitas obras, entregando resultados significativos.
Por exemplo, a Praça da Bíblia na cidade de Gurupi, que é uma praça lindíssima, foi reformada e ampliada com emenda de minha autoria. Agora, ela conta com acessibilidade, iluminação de LED, pista de caminhada e academia. Essas melhorias tornam nosso trabalho gratificante.

Também destinei recursos para asfaltamento em várias cidades, como Xambioá, Muricilândia, Pequizeiro, Lavandeira e Novo Alegre. Além de diversos bairros e municípios. Investi também em pontes, estradas na zona rural.
Nossa atuação parlamentar como deputado estadual não alcança todos os municípios, é verdade. Geralmente nos municípios que representei, tenho uma presença significativa e sou majoritária. Em Alvorada, por exemplo, inauguramos 11 obras importantes. A reforma de um ginásio de esportes ficou magnífica, pois estava em condições precárias. O prefeito Paulo Antônio realizou essa reforma com recursos de uma emenda de minha autoria. Mesmo durante o período em que estive afastada da Assembleia, mantive minha proximidade com as bases.
Como a senhora avalia o período em que esteve à frente da presidência da Assembleia Legislativa do Tocantins? A senhora foi a primeira e única mulher presidente da Casa.
Fui a primeira e única presidente da Assembleia, uma experiência muito rica e engrandecedora em minha história e na história de muitas mulheres que lutam por direitos. É chocante pensar que, apesar de compormos 52% do eleitorado, as mulheres são minoria nos cargos públicos. Hoje, por exemplo, não temos nenhuma mulher como deputada federal do estado do Tocantins.
Será que não há mulheres merecedoras, com capacidade e competência, ou será que as mulheres não estão votando em mulheres?
Para mim, foi extremamente relevante ocupar a presidência da Assembleia, pois demonstra que as mulheres também podem liderar, são capazes, competentes e têm a força necessária para gerir uma casa legislativa, assim como qualquer outro ambiente, seja na iniciativa privada ou pública. Gosto de refletir sobre isso. Muitos dizem que alcançamos a igualdade, mas estamos longe disso. Um exemplo é os Estados Unidos, uma das maiores potências econômicas do mundo, que nunca teve uma mulher presidente, e eu adoraria ver uma mulher assumir o cargo.
Inclusive, tem-se falado muito sobre Michelle Obama, dizem que ela seria a única capaz de derrotar Trump.
Ela é incrível. Michelle é uma mulher qualificada, preparada, corajosa e forte. Ela seria capaz de realizar uma gestão excelente, especialmente neste momento em que os Estados Unidos enfrentam uma grave crise econômica mundial. Essa crise não afeta apenas o Brasil, mas diversos países ao redor do mundo.
O que podemos esperar da senhora neste mandato que pode durar 120 dias ou dois anos?
Olha, não importa se serão 4 meses ou se será por mais tempo, eu vou dar o meu melhor. Pode contar com o que sempre entreguei: o meu máximo. Após um período de reflexão, estou mais motivada e determinada do que nunca para servir à população tocantinense.
Apesar do sucesso como empresária na iniciativa privada, sou uma pessoa política por natureza, nasci para isso e vou seguir neste caminho até o fim da vida.
Quais são suas pretensões políticas para o futuro, após o término deste período?
O amanhã pertence a Deus. Cada passo da minha vida é guiado pela Sua permissão. Estou certa de que tenho a Sua orientação neste momento. Estou pronta, preparada e com muita vontade. Eu desejo alçar voos mais altos na política, servir cada vez mais o povo. Quando ficamos fora de uma eleição, parece um luto, como se algo dentro de nós morresse. A política é minha grande paixão, cresci nesse meio. O que me sustentou foi ver que as pessoas não me abandonaram.
Mesmo fora do cargo, continuei ajudando empresas com problemas na Secretaria da Fazenda, Indústria e Comércio. Não deixei de ajudar, e as pessoas não deixaram de me procurar, não me esqueceram, não me abandonaram. Isso foi de um valor imenso para mim.
Mudando de assunto, por que a senhora desistiu da pré-candidatura à prefeitura de Palmas? Seu nome estava sendo muito cotado.
Eu não desisti. Eu não tive espaço. Eu nunca tive sorte com um partido, então foi por falta de espaço mesmo e oportunidade. Não tenho medo de enfrentar desafios. Na última eleição, por exemplo, optei pela reeleição como deputada estadual, mas poderia ter buscado outras opções. Percebi que permanecer na zona de conforto não é o caminho.
Este momento serviu para mostrar que na política, apenas os corajosos vencem, e estou preparada para enfrentar desafios.
Esse foi um dos motivos para a sua saída do PCdoB para o PSD, por exemplo?
Sim, mas foi como se eu nunca tivesse saído, porque não houve efetivação a mudança. Nunca tive controle partidário em minha vida nem a oportunidade de decidir por mim mesma. Isso é algo que sinto falta, mas acredito que tudo acontece no tempo de Deus. Quando minha oportunidade chegar, eu a abraçarei com determinação, pois não temo enfrentar desafios. Administrar a cidade de Palmas seria uma honra para mim. Estou confiante de que realizaria a melhor gestão da história da cidade, pois me preparo constantemente para qualquer desafio futuro. É fundamental ter uma visão abrangente, abarcando todas as áreas, e assegurar uma gestão que não descuide de nenhum setor, seja saúde, transporte público, geração de empregos, turismo, cultura, empresariado ou fortalecimento local. Se eu tiver a oportunidade, farei o possível e o impossível para garantir uma administração eficiente e eficaz.
Apenas aguardo a oportunidade certa, pois há momentos na vida em que é necessário esperar. Quem sabe o que o futuro nos reserva?

Dito isso, como a senhora avalia a gestão da Cinthia Ribeiro e do governador, Wanderlei Barbosa?
Vamos começar pelo município. A gestão municipal de Palmas foi muito ineficiente na área da saúde e da educação, falhando na ampliação de vagas e no cuidado com as escolas de tempo integral, que foram reduzidas. Considero que foi um desastre. Especialmente no transporte público, as pessoas com quem conversei como usuárias ficaram muito decepcionadas e enfrentaram muitas dificuldades com essa mudança. Foi uma gestão desastrosa que falhou significativamente com a população.
Um gestor deve estar próximo das pessoas, acessível e despachar regularmente com o secretariado. Faltou proximidade com a equipe e com o eleitorado. Na política, seu patrão são as pessoas, então é crucial estar sempre próximo delas, ouvindo críticas construtivas e feedback. Já recebi críticas nas redes sociais e, quando não são infundadas, respondo e dialogo com a pessoa. Inclusive, uma pessoa que inicialmente me criticou hoje é um eleitor fiel porque mostrei meu trabalho. Na vida pública, não se pode temer críticas. Você é um servidor do poder público e do povo, não o detentor absoluto do poder ou da verdade. Agora existem críticas infundadas, claro que existem. Mesmo Jesus Cristo, sendo perfeito, não conseguiu agradar a todos.
E sobre a gestão de Wanderlei Barbosa, o governador assumiu o estado do Tocantins em uma fase muito boa e tem mantido um momento econômico positivo para o estado. Ele tem realizado muitas obras e conduzido uma gestão que beneficia a população. É isso que tenho observado. Há áreas que precisam melhorar? Sim, sempre há aspectos a serem aprimorados. A saúde, por exemplo, pode ser melhorada, mas não posso dizer que é uma gestão ruim; pelo contrário, tem atendido aos anseios da população tocantinense.
E parece que ele vai concluir o mandato, algo que não vemos há muito tempo no estado.
Sim, exatamente. Vi ele declarar que não renunciará para concorrer a um cargo eletivo e que pretende encerrar seu ciclo. Acho que isso foi um gesto significativo do governador, muito positivo para o estado do Tocantins. Cada vez que sai e entra um governador, é gasto público, é despesa para o erário e a gente não aguenta mais. Nós precisamos fechar esse ciclo de crise no estado Tocantins.
Tem alguma coisa que a senhora queira acrescentar que eu não tenha perguntado?
À medida que o tempo passa, percebe-se a importância do trabalho legislativo, que é mais desafiador para alcançar as pessoas. Quando se entrega uma obra física, como uma inauguração, está ali o resultado visível. Porém, quando se trata de uma lei, o processo até chegar às pessoas é mais complexo. Por isso, ver alguém passando por um transplante de córnea no Tocantins me traz a certeza de que meu trabalho teve impacto. É gratificante e abençoado ver meu trabalho se concretizando e beneficiando a população. Às vezes, recebo mensagens de amigos ou eleitores com fotos de placas com leis ou simplesmente de um copo com água, simbolizando a importância dessas ações na vida das pessoas. Isso é simples, mas significativo.
O Tocantins pode esperar minha melhor versão daqui para frente, pois estou com força total, determinação e grata ao povo tocantinense e a Deus pela permissão concedida.
Recentemente, ao retornar, enfrentei um grande volume de mensagens no Instagram, mais de 5000, sendo 3000 em apenas um dia. Ainda estou respondendo a todas, uma por uma, pois cada uma traz histórias únicas do pessoal da saúde, polícia, educação, cada uma com sua história particular. Isso me emociona profundamente e me faz sentir muito amada, tanto por Deus quanto pela população tocantinense. É algo incrível e maior do que eu poderia imaginar.