O delegado Cassiano Ribeiro Oyama, lotado na 2ª Delegacia de Polícia de Palmas, tem sido alvo de uma série de denúncias por parte da agente de polícia civil, Giovanna Cavalcanti Nazareno, que narrou em suas redes sociais que Oyama tem praticado assédio moral e sexual contra ela. Oyama é conhecido por ter sido um dos acusados pela morte de um policial militar no sul de Palmas.

Giovanna afirmou, em um vídeo no Instagram, ter feito 11 pedidos de remoção da delegacia na Secretaria de Segurança Pública (SSP) após, segundo ela, o delegado, por vezes, passar a mão em seu corpo, seus genitais e seus seios, enquanto a agente realizava qualquer atividade. “Ele ficava se esfregando em mim”, disse. Após a repercussão do vídeo, Giovanna comunicou ao Jornal Opção que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil entrou em contato para fazer sua remoção para a Polícia Comunitária.

Delegado Cassiano Ribeiro Oyama | Foto: Ascom Sindepol/TO

Ela denunciou que Oyama gritava com ela, expulsando-a da delegacia, por dizer, alterada, que o denunciaria. “Eu fui humilhada, diminuída a zero por esse delegado. Eu tenho nojo desse delegado”, disse, ressaltando que ele a diminuía por ser mulher, que a colocava para fazer coisas que não tinham ligação com o seu trabalho, após não aceitar suas investidas. Giovanna também denunciou que por conta da situação, tentou suicídio por três vezes, ficando de licença que mesmo com o repouso liberado pela Junta Médica teve seu salário cortado.

O Jornal Opção acessou o Portal da Transparência do Governo do Tocantins, em busca do nome da agente. No contracheque de Giovanna, consta que o valor bruto do salário dela no mês de outubro, último mês publicado, era de R$ 17.056,69, sendo que os descontos eram de R$ 14.181,91. “Eu não estou morta graças à minha família e ao meu médico. O que eu vivi foi muita humilhação. Agora fui olhar meu extrato de remoção, novamente negado pela Delegacia Geral [de Polícia Civil] para agora continuar sob o comando desse agressor”, completou.

Giovanna é reconhecida na Capital por atuar à frente da Associação de Mulheres Policiais (AMP), onde apoiou bombeiras militares a denunciarem seus chefes e colegas por assédio moral e sexual. “Estou vivendo perseguição há muito tempo na minha vida […] topei com um chefe que se aproveitou da minha situação de vulnerabilidade […]. Eu não aguento mais, eu quero saber se vocês delegados vão estar do lado desse. Eu não sou a primeira a sofrer assédio de Cassiano Oyama. Eu quero que vocês façam alguma coisa por mim ou vocês estão esperando o meu caixão para vocês jogarem uma pá de terra e falarem que graças a Deus eu morri?”, perguntou.

Outro lado

Segue abaixo a nota do delegado Cassiano Ribeiro Oyama na íntegra

Essa é uma história que vem se desenrolando desde 2022, quando a servidora, voltando de licença, parece para tentar um pleito eleitoral, procurou a unidade da segunda delegacia, todos os policiais e este delegado de polícia, que é o delegado chefe desde então, para tentar lotação nessa delegacia, que fica muito próximo da residência dela.
Por resistência da equipe, por dificuldade de relação interpessoal com essa pessoa, com essa policial, não foi bem recepcionado isso, e desde então ela começou a criar essa história. Mas antes disso, por várias ocasiões, ela faz todo o esforço para ser lotada na segunda delegacia, a delegacia onde eu trabalho até hoje, sou o delegado chefe.
Então ela fez todo o esforço para ser lotada na delegacia junto comigo. E aí, quando descobre que não será lotada, que essa pretensão é frustrada, ela inicia essa narrativa de que ela sofreu assédio sexual.
Tudo uma grande inverdade, são falácias fantasiosas, e que já existem procedimentos, tanto em fase de sindicância investigativa, quanto na delegacia de assuntos internos da Secretaria de Segurança Pública.
Então esse assunto já está sendo alcançado pelo órgão sensor e dentro em breve tudo será elucidado. Diferentemente até da policial, eu não tenho só discurso, eu tenho conteúdo probatório que prova que jamais assediei sexualmente essa servidora.

Secretaria de Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que no dia 15 de junho deste ano, uma sindicância foi instaurada de ofício pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil para apurar denúncias feitas pela referida servidora em sua rede social. Naquele momento, sem citar nomes.

Ao ser ouvida, ela relatou os supostos assédios e indicou o servidor que seria o autor dos mesmos. Embora o procedimento seja sigiloso, é importante esclarecer que todas as providências investigativas foram tomadas pela Corregedoria para elucidação da denúncia. A sindicância se encontra em fase avançada e deve ser concluída em breve.

Por fim, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins destaca que não admite qualquer desvio de conduta por parte de seus servidores, bem como não coaduna com qualquer juízo prévio de culpa.

A Secretaria reafirma o seu compromisso com o estado democrático de direito e respeita os dispositivos constitucionais nos quais o acusado é inocente até prova em contrário, principalmente nestes tempos em que as redes sociais promovem verdadeiros linchamentos morais.

A SSP-TO reafirma ainda seu compromisso com a moralidade e a ética, investigando todos as denúncias recebidas, conforme os ditames da Lei estadual 3.461/2019.