Após homicídio de vigilante em Palmas, PF evita explicar como foragido que diz ter tido surto seguia como CAC
04 dezembro 2025 às 10h23

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A Polícia Federal não esclareceu por que o foragido Waldecir José de Lima Júnior, suspeito de matar o vigilante Dhemis Augusto Santos, 35 anos, em uma galaria de Palmas, continuava com registro ativo de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), apesar de situações que, em tese, poderiam barrar a concessão ou manutenção do certificado. Mesmo após questionamentos formais enviados pelo Jornal Opção Tocantins, a instituição limitou-se a afirmar que informações pessoais são restritas e não podem ser divulgadas.
A PF não respondeu sobre como Waldecir passou no exame psicotécnico exigido para CAC, se a defesa afirma que ele fazia uso de medicação controlada e estava em “surto psicótico” no dia do crime; por que ele manteve o registro mesmo tendo respondido em 2013 por porte ilegal de arma, episódio que poderia impactar a análise de idoneidade.
Defesa diz que ato de 2013 não gerou condenação e que laudos serão apresentados ao processo
O advogado Zenil Drumond, que representa a família, afirma que Waldecir não foi condenado pelo porte ilegal em 2013. Segundo ele, houve suspensão condicional do processo, o que, após cinco anos, extinguiu a punibilidade e manteve o réu como tecnicamente primário.
Sobre a alegação de problemas psicológicos, o advogado diz que laudos médicos e exames serão entregues nos autos, mas não antecipou qualquer documentação. Drumond reforçou que, ao contrário do que circula nas redes sociais, a defesa não tem contato direto com o foragido: “A defesa não sabe do paradeiro de Waldecir. Nosso contato é apenas com a família. Estamos colaborando com as investigações”, afirmou o advogado.
Questionado se Waldecir estaria prestes a se entregar, o advogado não respondeu.
Arma usada no crime foi entregue à Polícia Civil
Nesta quarta-feira, 3, a 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) confirmou a apreensão da pistola utilizada no assassinato. A arma foi entregue pela defesa no mesmo endereço onde a Polícia Civil havia localizado, no domingo, as munições e o veículo usados na fuga. O material foi recolhido pelo delegado Israel Andrade e encaminhado para a perícia. Waldecir segue foragido.
Tocantins tem 7,7 mil CACs ativos
Dados obtidos pelo Jornal Opção Tocantins mostram que o Estado contabiliza 7.723 registros de CACs ativos em 2025. Só neste ano, 804 novos certificados foram emitidos pela PF — número que voltou a crescer após a queda brusca em 2023, com o endurecimento das regras do decreto do governo Lula.
Mesmo após a migração da fiscalização do Exército para a Polícia Federal, a PF não detalhou como é feita a checagem de antecedentes, nem se o episódio de 2013 envolvendo Waldecir foi considerado no processo de concessão do certificado.
