Cinco postos de combustíveis localizados no estado do Tocantins estão sendo investigados por possível envolvimento com o crime organizado. A informação faz parte de um mapeamento inédito coordenado pelo Núcleo Estratégico de Combate ao Crime Organizado, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Segundo o levantamento, obtido pela Folha de S.Paulo, os estabelecimentos tocantinenses integram uma lista de 941 postos suspeitos espalhados por 22 estados brasileiros. Embora o número em Tocantins seja menor do que em outras unidades da federação, a inclusão do estado reforça a abrangência nacional do problema.

As investigações consideram indícios de lavagem de dinheiro, fraudes fiscais, uso de laranjas e adulteração de combustíveis. As apurações envolvem a Polícia Federal, Receita Federal, Coaf e o Ministério de Minas e Energia. Não foram divulgados os municípios tocantinenses onde estão localizados os postos sob investigação.

No cenário nacional, os estados com maior número de postos investigados são São Paulo (290) e Goiás (163), seguidos por Rio de Janeiro (146), Bahia (103) e Rio Grande do Norte (88). O relatório indica que há atuação de facções como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte, além de milícias. Confira a lista completa abaixo.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou em fevereiro que há preocupação com a presença de organizações criminosas no setor de combustíveis e que foi solicitado um inquérito mais abrangente à Polícia Federal.

O promotor Fábio Bechara, do Ministério Público de São Paulo e integrante do Gaeco, explica que o setor é atraente para o crime por movimentar grandes quantias em dinheiro vivo e por falhas na fiscalização. Investigações anteriores, como a Operação Rei do Crime (2020), já haviam revelado esquemas de lavagem de dinheiro com uso de distribuidoras e postos ligados ao PCC.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crime organizado fatura mais com combustíveis do que com cocaína: R$ 61,5 bilhões por ano, contra R$ 15 bilhões no tráfico da droga. O Instituto Combustível Legal estima que fraudes e sonegação no setor causam perdas fiscais de até R$ 23 bilhões anuais.

A atuação das organizações se estende por toda a cadeia do setor: da distribuição à revenda. Em muitos casos, empresas de fachada são usadas para encobrir operações ilegais, tornando o combate mais complexo para os órgãos de fiscalização.