A pauta ambiental tem ganhado destaque nos últimos dias devido às inúmeras tragédias que o Rio Grande do Sul tem enfrentado por conta da crise climática, que o mundo claramente tem vivido em diferentes graus. Portanto, o Jornal Opção Tocantins questionou os quatro principais pré-candidatos à prefeitura de Palmas sobre os planos de governo para melhorar a qualidade de vida dos palmenses e mitigar os impactos ambientais na cidade, cuja população vê suas temperaturas aumentarem a cada ano. Confira a seguir, em ordem alfabética e na íntegra, as respostas de cada um.

Carlos Amastha (PSB)

Carlos Amastha | Foto: Prefeitura de Palmas

Sempre tratei a pauta ambiental como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável da cidade. Nesse sentido, quero relembrar o muito que fizemos pelo meio ambiente quando fui prefeito de Palmas. Em 2015, lançamos o maior projeto da história do Tocantins de incentivo à adoção de matriz energética limpa, o Palmas Solar, que concedeu incentivos para a adoção de projetos de energia fotovoltaica na cidade. O projeto expandiu e democratizou o acesso a essa fonte energética, transformando Palmas na Capital da Energia Limpa no Brasil.

O projeto ganhou tamanha relevância que fui convidado a apresentá-lo na Conferência Mundial do Clima, COP-21, em Paris, discutindo com líderes mundiais a redução da emissão de gases de efeito estufa e suas consequências climáticas para o planeta. Também em 2015, lançamos o Plano para Arborização Urbana de Palmas, trabalhando o planejamento, o plantio, o monitoramento, a avaliação e a conservação da arborização urbana, contribuindo para a biodiversidade, o equilíbrio ambiental e climático, o bem-estar da população e a constituição da paisagem urbana.

Fomos pioneiros no país ao instalar usinas de energia solar em escolas municipais e prédios públicos de Palmas, demonstrando o compromisso da gestão com o desenvolvimento sustentável da cidade e gerando economia aos cofres públicos.

Destaco ainda o projeto que realizamos para a melhoria do sistema de esgoto e saneamento da cidade, com a implantação de quatro novas estações de tratamento de água em áreas carentes e as obras de macrodrenagem das avenidas LO-15 e LO-19, resolvendo o problema de alagamentos em diversos trechos da cidade, além da reconstrução do Aterro Sanitário. Destaco as obras de esgoto e saneamento, macrodrenagem e do aterro, porque a cada R$ 1,00 investido em esgoto e saneamento, economizam-se R$ 6,00 em saúde. Portanto, além do grande valor ambiental que essas obras representam para a população, há uma forte contribuição dessas iniciativas para a saúde pública de Palmas.

Começamos também a desenvolver na capital o que será uma das maiores florestas urbanas do Brasil. O início desse projeto começou com a entrega do Parque dos Povos Indígenas, que seguirá desde a nascente do Córrego do Sussuapara, passando pela Praça da Árvore, até o lago de Palmas. Numa próxima etapa do projeto, esse parque fará a integração com outras áreas verdes da cidade, como Água Fria, Orla, Brejo Comprido e Prata. Sem contar diversas outras iniciativas de preservação do meio ambiente que fizemos em Palmas. Defendo que o desenvolvimento só acontece de maneira sustentável e pensando sobretudo no bem das pessoas.

Eduardo Siqueira Campos (Podemos)

Eduardo Siqueira Campos | Foto: Aleto

Desde os adventos posteriores à revolução industrial, analisando as cidades como um todo, o que o homem vem fazendo ao longo dos tempos? O próprio poder público, governos e prefeituras, de modo geral, ainda não aprenderam a lidar com a água e os efeitos das mudanças climáticas; trabalham agindo nas consequências e emergências, em vez de adotarem um pensamento estratégico em relação às águas e a todos os aspectos a elas relacionados em nossas cidades.

O nível de impermeabilização do solo – com asfalto e calçamento -, a canalização de córregos, o desmatamento e a consequente proliferação de gases que provocam efeitos danosos ao clima, afrontam os cursos naturais das águas. Cabe ao poder público a gestão das águas, o estabelecimento de políticas públicas que lidem com a questão de forma inteligente, com soluções que já vêm sendo adotadas em outros lugares do mundo e apresentam resultados extraordinários.

A água não respeita os limites que o homem quer impor. Vamos falar diretamente da nossa capital. Participei, ainda como candidato, do mais importante encontro de conscientização ecológica das nações, a Rio Eco 92, ocasião em que iniciei a elaboração do meu plano de governo para a campanha que me tornou o primeiro prefeito eleito de Palmas. Empossado como prefeito, em janeiro de 1993, formalizei uma estrutura denominada Fundação ECOPALMAS, presidida por Walfredo Antunes de Oliveira, que, além de arquiteto e urbanista – autor do Plano Urbanístico da nossa capital – tem larga experiência nas questões ambientais. Nós priorizamos um cinturão verde para Palmas. Nos idos de 94, já pensávamos nos impactos do crescimento da cidade, visando uma capital ecológica.

A Fundação ECOPALMAS fez estudos que mostram que a nossa capital, comparada a outras cidades, tem situação menos preocupante no quesito enchente, desde que nunca abandonemos a macrodrenagem planejada. Temos uma serra, um cinturão verde, áreas de preservação ambiental. Nossa cidade é plana, o que demanda o escoamento das águas via sistemas eficientes de macro e microdrenagem.

Na minha gestão como prefeito, priorizei a construção de grandes galerias de águas pluviais para drenagem e escoamento das águas, mas isso foi há 30 anos. Se esse trabalho continuasse sendo executado, a cidade não teria tantos alagamentos.

A preservação do nosso cinturão verde e áreas verdes é crucial. Planejar as margens dos córregos e nascentes para que a água siga seu curso natural é essencial. A canalização de rios e córregos já se mostrou ineficaz diante da descontrolada impermeabilização do solo, causada por desmatamento e ações das administrações ao longo da história das cidades. Palmas, por ser planejada e jovem, tem que estar à frente desse debate, para prevenir catástrofes, evitando os erros comuns de outras cidades.

Existem eventos climáticos que não estão sob nosso controle, como volume de chuvas, trombas d’água e ventos fortes, mas podemos, como administradores, ter um pensamento inteligente, ecológico e atual, para lidar com a questão. A água é uma solução e assim deve ser enxergada, não como um problema.

Se estudarmos a dinâmica das águas em nossas cidades e adotarmos uma visão estratégica, com atitude, obras e ações efetivas, podemos evitar e minimizar catástrofes. Existem exemplos de gestões que já enxergaram a necessidade de se respeitar a absorção das águas, deixando áreas para que isto ocorra naturalmente, sem falar da indispensável continuação das macrodrenagens e microdrenagens, das construções de galerias de águas pluviais, dentre tantas outras medidas. Temos um cinturão verde a ser respeitado, córregos importantes que atravessam a nossa cidade e matas ciliares que precisam de preservação.

No estado do Tocantins, com a maior bacia hidrográfica do Brasil, temos que estar em sincronia com o agro e ter um planejamento urbano para que as águas sejam naturalmente absorvidas. Precisamos de margens permeáveis, para que a água siga seu curso no solo, em vez de ser canalizada.

O plantio de árvores e a manutenção das áreas verdes são fundamentais. O reflorestamento pode ajudar a compensar o desmatamento. Esse é o meu pensamento; a água é um bem precioso e Palmas, além das nascentes, tem um lago maravilhoso.

Vamos pensar a cidade, vamos executar o plano de macrodrenagem e microdrenagem, vamos plantar árvores e cuidar do nosso cinturão verde. Vamos evitar o desmatamento. Vamos deixar áreas permeáveis que permitam respeitar a absorção natural das águas. Assim estaremos garantindo o futuro da nossa cidade.

Janad Valcari (PL)

Janad Valcari | Foto: Ascom Aleto

Primeiramente, cabe esclarecer que o termo crise climática é muito amplo. Tragédias como as que ocorreram (e ainda estão ocorrendo) no Rio Grande do Sul, ou grandes secas na Amazônia, como as que assistimos em 2022-2023, são episódios de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña.

Tragédias climáticas como as que ocorrem no Rio Grande do Sul poderiam ter sido mitigadas/evitadas se houvesse investimentos na prevenção a desastres ambientais.

Apesar dos alertas dos especialistas e da gravidade da questão ambiental, o tema não sensibiliza a classe política, que prefere dedicar energia e verbas a obras com mais apelo eleitoral. Como consequência, a população fica desprotegida. Em 2022, último ano de estatísticas disponíveis, mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por alagamentos, enxurradas e inundações no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA). Na calamidade gaúcha, já são mais de 1,5 milhão de pessoas atingidas pelas enchentes. Em 2023, o Rio Grande do Sul já tinha passado por pelo menos quatro eventos climáticos provocados por ciclones e chuvas persistentes, que deixaram cerca de oitenta mortos, mas não há registros de grandes medidas de prevenção tomadas desde então.

Nossas propostas visam o destaque na arborização urbana, na manutenção e restauração da qualidade de suas fontes hídricas, preservação de nossa fauna e flora, ações integradas de prevenção e combate a incêndios, investimentos em energias sustentáveis, além do uso adequado de nossos resíduos sólidos, acesso a esgoto e saneamento básico universal e de qualidade, e gestão verde para garantir uma melhor qualidade de vida aos cidadãos. Assim elencamos:

  • Elaborar um programa para promover o reflorestamento das unidades/reservas ambientais municipais, com plantio de mudas na Bacia do Ribeirão Taquaruçu, recuperação ambiental de áreas degradadas na Região do Taquaruçu Grande e Taquaruçuzinho;
  • Revitalização do viveiro para produção de 150 mil mudas/ano;
  • Implantar o Plano de Ação de Mudanças Climáticas;
  • Doação de aproximadamente 50.000 mudas/ano de espécies nativas para reflorestamento e implantação do plano municipal de arborização;
  • Realização de um curso para formação de viveirista com foco na produção e na gestão dos viveiros de Palmas;
  • Construção de mais um viveiro comunitário para produção de mudas de espécies nativas em Taquaruçu;
  • Elaboração do Plano Operativo de Prevenção e Combate a Queimadas e Incêndios Florestais do município de Palmas;
  • Uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) para monitoramento de focos de calor;
  • Prioridade de ações de sensibilização com pequenos agricultores da APA Serra do Lajeado para evitar queima de lixo e o uso do fogo para limpeza de áreas produtivas.

Professor Júnior Geo (PSDB)

Professor Júnior Geo | Foto: Talita Gregório/Aleto

Para mitigar a crise climática, é essencial a contribuição de todos, não apenas do poder público, mas de toda a população. Por exemplo, no que se refere à pavimentação asfáltica, podemos buscar materiais que promovam a absorção da água da chuva. Em Palmas, poderíamos substituir o asfalto por bloquetes nos condomínios para permitir a infiltração da água. Além disso, cada condomínio poderia ter uma quantidade mínima de árvores proporcional ao número de moradores ou residências. Também devemos promover o plantio de árvores nas vias públicas e incentivar os moradores a plantar árvores em frente às suas casas, oferecendo descontos no IPTU como incentivo.

No entanto, o plantio de árvores deve ser controlado pelo poder público, garantindo o uso de espécies adequadas à região do cerrado e considerando a presença de infraestrutura como cabos de energia. Árvores plantadas sob cabos de energia, por exemplo, devem ser de espécies que não cresçam além de uma altura específica para evitar conflitos com a rede elétrica.

A participação da população é fundamental, pois a crise climática afeta a todos. O poder público é o principal responsável por implementar medidas de mitigação, mas a colaboração de todos é necessária. Se cada município fizer a sua parte, podemos reduzir significativamente os impactos da crise climática.

Em relação às altas temperaturas em Palmas, precisamos aumentar as áreas verdes. Nas últimas décadas, muitas áreas verdes foram substituídas por construções, calçadas e asfalto, o que contribuiu para o aumento da temperatura. É necessário um controle rigoroso por parte do poder público para promover o plantio de árvores em toda a cidade. A arborização ajuda a amenizar o calor e traz mais conforto térmico para a população.

Além de incentivos financeiros e fiscais, o poder público deve realizar campanhas educativas para mostrar os benefícios de uma cidade mais arborizada. Uma cidade com mais sombra é mais agradável e facilita a mobilidade dos cidadãos, que podem caminhar por distâncias maiores sem sofrer com o calor intenso.

Também é crucial proteger as matas ciliares e as matas de galeria dos diversos córregos, riachos e ribeirões que cortam nossa cidade. A Serra do Lajeado, ao lado de Palmas, possui nascentes que precisam ser preservadas. O governo estadual, em conjunto com o municipal, pode oferecer incentivos financeiros para os proprietários de chácaras que mantêm a preservação dessas áreas.

Ao invés de apenas punir quem desmata, devemos recompensar aqueles que replantam ou mantêm a vegetação além do exigido pela legislação. Incentivar a preservação das matas nativas ajuda a garantir que a água pura chegue à nossa cidade.

Precisamos de uma conscientização ambiental e de ações concretas do poder público para promover a preservação e o plantio de árvores, bem como a proteção das matas ciliares. Palmas é uma cidade excelente para se viver, e queremos mantê-la assim, melhorando ainda mais com a preservação do meio ambiente.