Conheça produção artística de quadrinistas tocantinenses

31 janeiro 2025 às 11h32

COMPARTILHAR
Nesta quinta-feira, 30, comemorou-se o o Dia do Quadrinho Nacional, data escolhida em homenagem à publicação do primeiro quadrinho brasileiro, “As Aventuras de Nhô Quim”, em 1869, obra do artista ítalo-brasileiro Angelo Agostini, que também é considerado o primeiro desenhista do Brasil.
No Tocantins, a produção de quadrinhos tem se consolidado com artistas como Geuvar Oliveira, autor de obras como Liga do Cerrado, No Limiar dos Deuses – O Legado do Machado e a trilogia Mugambi, que exploram diversos gêneros, desde o mundo dos super-herois às histórias de suspense e terror. Inspirado por quadrinhos italianos e norte-americanos, como os da Marvel e DC Comics, em personagens como o Homem-Aranha, Tex e Zagor, o artista encontrou nos quadrinhos uma forma de aprimorar seu traço e capacidade artística.
Sua trajetória no Tocantins teve início em 1997, quando optou por explorar o cenário local para contar histórias ambientadas no estado. “Percebi que não tinha nada de quadrinhos sendo produzido e resolvi iniciar por aqui. Como sempre uso o pano de fundo de onde moro, o Tocantins foi um prato cheio”, conta Geuvar.

Apesar do crescimento do setor, o quadrinista relata que os desafios ainda são significativos. “A quantidade de pessoas lendo quadrinhos é pouca, gente comprando é pouca, as instituições não dão muita moral e temos poucos quadrinistas produzindo”, ressalta o artista, que também relata que a falta de investimentos na publicação dificulta a expansão do mercado.
Por outro lado, Geuvar destaca o potencial das narrativas regionais no enriquecimento dos quadrinhos nacionais. “O Tocantins tem uma rica cultura, formada por remanescentes de outros lugares que se recriaram aqui. A grande diversidade de pessoas e histórias traz uma riqueza impressionante”, afirma.
Mesmo com as dificuldades, há uma comunidade ativa de quadrinistas no estado, que se reúne regularmente para trocar experiências, realizar palestras e fortalecer a produção local. “Somos amigos conectados pela arte e nos ajudamos a expandir os quadrinhos do Tocantins”.
Ana Bernhard, arquiteta e ilustradora, encontrou nos quadrinhos uma forma de unir sua paixão por cores, formas e narrativa visual. Influenciada por clássicos como Turma da Mônica de Mauricio de Sousa – que a acompanhou durante a alfabetização – e por obras como Naruto, Os Vingadores e Liga da Justiça, Ana destaca o impacto de diferentes estilos de traço e escrita em sua trajetória. “A ideia de ser uma história em que você pode mostrar visualmente o que imaginou foi o que mais me cativou”, revela.

A paixão pela cultura pop e pelas paisagens tocantinenses deu origem a seu primeiro projeto publicado, “Anien do Céu! Um Humano no Meu Quintal”, uma história em quadrinhos de ficção científica ambientada no Tocantins. Para Ana, a escolha foi natural, “eu nunca gostei de histórias que se passam em ‘Nova York’. O Brasil é lindo, e o Tocantins é quente e inspirador. A terra vermelha, as flores e as árvores do cerrado sempre foram algo que admirei. Mesmo no planeta da Anien, do outro lado do espaço, há uma inspiração no Tocantins”, explica a artista.

Para a autora, as narrativas regionais têm o poder de enriquecer os quadrinhos nacionais ao aproximar o público de suas próprias vivências. “Na adolescência, todos assistimos Naruto, Dragon Ball e X-Men. Trazer esse estilo de aventura com elementos regionais é a receita perfeita para incentivar os jovens a admirarem nosso estado. O Tocantins tem cenários, lendas e culturas riquíssimas que podem ser respeitosamente exploradas para criar histórias incríveis.”
Assim como Geuvar, Ana também sente os desafios em trabalhar com quadrinhos no Tocantins, em especial na produção das obras. “A maior parte das gráficas especializadas está no Sul e Sudeste, o que encarece as produções em grande escala. Além disso, ainda temos poucos quadrinhos na região, mas estou otimista com o crescimento do incentivo cultural e da comunidade de quadrinistas”, destaca.