A deputada estadual Cláudia Lélis (PV) não compareceu à sede Polícia Federal em Palmas no último dia 3 de setembro, quando estava intimada para prestar depoimento no âmbito da Operação Fames-19 (2ª fase). A investigação apura supostos desvios de recursos de cestas básicas destinadas à população em vulnerabilidade durante a pandemia de covid-19.

A ausência foi registrada pela equipe policial em relatório de cumprimento de mandados encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 16. Também não compareceu o marido da deputada e então secretário de Meio Ambiente do Estado, Marcello Lélis, igualmente intimado para o mesmo dia e horário. Marcello não é investigado na operação. 

Segundo os documentos obtidos pelo Jornal Opção Tocantins, Cláudia Lélis foi alvo de mandado de busca e apreensão no gabinete, salas e anexos da Assembleia Legislativa do Tocantins. A Polícia Federal apreendeu dois aparelhos celulares e documentos considerados de interesse para as investigações. As diligências foram acompanhadas pelo advogado da parlamentar.

A Fames-19 apura suspeitas de desvio de recursos públicos por meio do Instituto de Desenvolvimento e Gestão Social, Esportiva e Cultural (Idegesesc), que teria recebido emendas parlamentares e firmado contratos para fornecimento de cestas básicas sem inserção no portal da transparência estadual. Segundo a Polícia Federal, há indícios de que a deputada tenha direcionado emendas ao instituto a pedido da primeira-dama Karynne Sotero Campos, esposa do governador Wanderlei Barbosa.

O que diz a deputada

Em nota enviada à reportagem, Cláudia Lélis afirmou que, no dia da operação, foi intimada para depoimento às 9h, mas protocolou petição pedindo acesso aos autos do inquérito e à decisão que determinou as diligências, além da redesignação da oitiva. Segundo ela, apenas em 15 de setembro o delegado responsável respondeu, informando que remarcaria o depoimento para data futura.

A parlamentar também declarou que foram apreendidos seu celular, o celular do marido e uma agenda institucional de Marcello Lélis. “Sequer os itens do esposo da deputada deveriam ser apreendidos. De toda forma, a deputada Cláudia Lélis está tranquila quanto à inexistência de qualquer ilícito cometido por ela, portanto, nada nos itens apreendidos lhe comprometeria com a narrativa investigativa”, diz o texto.

Sobre a destinação de emendas ao Idegesesc, Cláudia Lélis afirmou que não praticou qualquer irregularidade e que todos os recursos por ela indicados seguiram rigorosamente os princípios de transparência, legalidade e responsabilidade com o interesse público.

A deputada também declarou que a execução e a prestação de contas dos recursos são de responsabilidade exclusiva do instituto ou órgão contemplado e que mantém amizade de longa data com a primeira-dama Karynne Sotero e com o governador Wanderlei Barbosa. “Enquanto deputada da base do Governo, sempre trabalhei para o desenvolvimento do Tocantins”, completou.

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