O deputado federal Eli Borges (PL) criticou, em mensagens divulgadas em grupos de WhatsApp e verificadas pela Folha de São Paulo, os impactos das explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na última quarta-feira, 13. Em sua mensagem, Borges afirmou que o ataque, que resultou na morte de Francisco Wanderley Luiz, um ex-candidato a vereador pelo PL, pode prejudicar o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. “Se tentou ajudar, atrapalhou”, escreveu o parlamentar. “Agora o Xandão (referência ao ministro Alexandre de Moraes, do STF) vai dizer: ‘é a prova que o 8 de janeiro era necessário’”, completou.

Em uma conversa exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, o parlamentar detalhou o contexto de suas declarações e comentou as implicações dos acontecimentos recentes. “Não conheço o cidadão, não sei de quem se trata, porém a intenção de minha fala foi a de dizer que a solução dos problemas constituídos do Brasil, enquadrando-os dentro da Constituição, tem que acontecer por postura, por mudança, por procedimento do Poder Legislativo”, afirmou. Ele destacou, por exemplo, que “a proposta de Lei da Anistia é uma proposta libertadora”.

O parlamentar avaliou que a atitude do responsável pelas explosões foi prejudicial ao movimento: “O procedimento do cidadão foi incorreto porque deu oxigênio a ações do Supremo que eu discordo parcialmente. A imensa maioria das pessoas estava ali de boa fé, mas uma pequena minoria de infiltrados, com medo de serem condenados, acabou complicando tudo”. Eli Borges ainda contextualizou com eventos passados, dizendo que “em períodos pretéritos, ocorreram procedimentos muito mais fortes, como os do MST e outros, que deveriam ser trazidos à baila, mas que foram deixados de lado”.

O deputado concluiu reiterando que “o cidadão não ajudou, complicou. Se ele tinha a intenção de ajudar, complicou”, e enfatizou que a resposta mais apropriada seria “quando votamos com uma Lei da Anistia, quando devolvemos ao Supremo seu papel adequado, sem que um ministro sozinho possa tomar decisões mais fortes do que a do Senado e da Câmara. O Brasil tem quase 600 parlamentares votando, é isso que temos que devolver ao país, e é esse procedimento que ajuda a dar a resposta adequada”.

O episódio, que ganhou grande repercussão, envolve o extremista Francisco Wanderley Luiz, conhecido como “Tiu França”, que detonou  artefatos em frente ao STF e próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados, tirando a própria vida no ato. A ação levou a uma nova onda de reações entre parlamentares e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que consideram a proposta de anistia uma pauta crucial.

Eli Borges não foi o único a manifestar apreensão. Outros deputados da oposição, como Gustavo Gayer (PL-GO) e Capitão Alden (PL-BA), também expressaram preocupações semelhantes em mensagens internas. A declaração de Borges, no entanto, demonstra preocupação de que o episódio venha a ser usado como argumento para intensificar investigações e reforçar a narrativa de que os atos de 8 de janeiro ainda representam um risco às instituições.

O ministro Alexandre de Moraes, citado nas mensagens, foi categórico ao afirmar que o ocorrido não é um “fato isolado”, associando-o a ações anteriores do chamado “gabinete do ódio”. Moraes descartou a possibilidade de anistia e defendeu a continuidade das investigações para garantir a segurança e a integridade das instituições democráticas.