Em Palmas, 44% da população declarou ter lido um livro nos últimos três meses

30 junho 2025 às 17h44

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Em meio a um cenário nacional onde o hábito da leitura resiste entre telas e distrações digitais, Palmas aparece na parte de baixo do ranking das capitais brasileiras mais leitoras. Segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, apenas 44% dos palmenses disseram ter lido ao menos um livro, impresso ou digital, nos três meses anteriores à entrevista.
O levantamento foi realizado entre abril e julho de 2024 pelo Instituto Pró-Livro, em parceria com a Fundação Itaú e o Ipec, e ouviu 5.504 pessoas em 208 municípios. Para a pesquisa, é considerado leitor quem leu ao menos parte de um livro nesse período.
Enquanto cidades como João Pessoa (64%), Curitiba (63%) e Manaus (62%) lideram a lista, com políticas públicas consolidadas, bibliotecas comunitárias ativas e forte engajamento escolar, Palmas ainda enfrenta o desafio de fortalecer esse hábito para além dos muros escolares.
Segundo os pesquisadores, a capital do Tocantins apresenta bons indicadores na rede básica de ensino, mas peca na oferta de equipamentos culturais como bibliotecas públicas atrativas e espaços literários. Além disso, o acesso ao livro fora do ambiente escolar ainda é limitado, o que pode explicar o desempenho abaixo da média nacional.
Desigualdades regionais persistem
A pesquisa também destaca um padrão de desigualdade no acesso ao livro e à leitura. Capitais do Norte e Nordeste, como Belém (61%), São Luís (59%) e Aracaju (58%) surpreendem positivamente, com investimento em eventos literários, saraus e ações comunitárias. Já no Centro-Oeste, cidades como Goiânia (40%), Campo Grande (49%) e Cuiabá (48%) apresentam índices semelhantes ou inferiores aos de Palmas.
No outro extremo, a cidade com menor índice de leitura foi Goiânia, com apenas 40% dos entrevistados dizendo ter lido recentemente. Palmas ficou à frente de Porto Velho, Macapá e Rio Branco (todas com 41%), Boa Vista (42%) e Vitória (43%).
Desafios e oportunidades
Apesar do baixo índice, especialistas ouvidos pelo Instituto Pró-Livro afirmam que há espaço para crescimento em Palmas. Investimentos em clubes de leitura, feiras literárias permanentes e ampliação das bibliotecas nos bairros poderiam impulsionar o acesso ao livro e formar novos leitores.
A capital, que é uma das mais jovens do país, tem a vantagem de contar com uma população escolarizada em crescimento. A questão, agora, é transformar esse potencial em políticas concretas de incentivo à leitura — dentro e fora das escolas.