Enegrecer repudia nomeação de Cleuzenir para chefiar pasta de Políticas Sociais e Igualdade Racial

24 janeiro 2024 às 14h33

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O Movimento Enegrecer repudiou a nomeação da educadora Cleizenir Divina dos Santos para a Secretaria Municipal Políticas Sociais e Igualdade Racial de Palmas, publicada no Diário Oficial do Município (DOM) desta segunda-feira, 22. Para a entidade “a nomeação […] de uma pessoa branca é um exemplo flagrante de racismo estrutural e desrespeito às lutas históricas do movimento negro. Acreditamos que a escolha de uma liderança para esta área requer proximidade e dedicação afinco com o debate racial”, diz a nota.
Anteriormente, Cleizenir estava presidindo a Fundação Cultural de Palmas (FCP). O Enegrecer também acrescentou que “é essencial destacar que a população negra considera crucial que as políticas voltadas para nós, povo negro, sejam conduzidas por aqueles que vivenciam diariamente a experiência do racismo. Somente através dessa vivência tão latente conseguiremos apontar com efetividade os meios para buscar a verdadeira igualdade racial”. O Jornal Opção Tocantins entrou em contato com a prefeitura de Palmas para saber quais foram os critérios de escolha para o cargo e aguarda um retorno.
Confira o restante da nota na íntegra.
Em um país marcado por séculos de discriminação e injustiça racial, é inadmissível que a liderança de uma instituição voltada para a promoção da igualdade seja entregue a alguém que não vivenciou as duras realidades enfrentadas pela população negra. Sabemos que uma das métricas do racismo estrutural é não garantir ao povo negro sequer o protagonismo na condução e na gestão de espaços que vão debater as nossas próprias vidas, como se não houvesse pessoa negra competente o suficiente para tal em Palmas.
O fato de incluir uma pessoa não negra à frente da secretaria de desenvolvimento social e igualdade racial gera incômodo. Com a informação da criação da secretaria voltada para a população negra, criou-se a expectativa de que ali teríamos uma pessoa do movimento negro palmense, que atua em prol dos direitos e das vidas negras.
Tal qual se espera que à frente de uma secretaria de mulheres, houvesse uma mulher na gestão. Perguntamos: seria razoável nomear um homem para chefiar uma Secretaria de Mulheres do município? Não, pois só quem vive o marasmo de uma opressão consegue compreender a injustiça social sob esse determinado grupo de pessoas e conseguirá ser mais sensível e realista com as propostas de programas da respectiva pasta.
A luta por igualdade racial não é uma questão de caridade, mas sim de justiça. Ao negligenciar a importância da representatividade, a administração não apenas falha em cumprir seu papel, mas também perpetua a desigualdade e mina os esforços de avanço social. Não conte com o nosso silêncio diante desta situação. Estaremos em luta pela nomeação de uma pessoa negra na condução da Secretaria de Desenvolvimento Social e Igualdade Racial.