O governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), afirmou nesta segunda-feira, 24, que o governo não dará continuidade ao processo de venda da participação acionária do Estado na Energisa Tocantins, operação autorizada pela Lei nº 4.758, sancionada na gestão anterior. A proposta previa a alienação de cerca de 23% das ações pertencentes ao Estado, que hoje rendem aproximadamente R$ 70 milhões anuais em dividendos.

Segundo Laurez, o processo estava estruturado quando assumiu a gestão interina, mas não seguirá adiante: “Era um patrimônio que gera receita constante ao Estado. Já estava tudo pronto para vender, mas nós não vamos vender”, afirmou, destacando que os dividendos acumulados em quatro anos ultrapassariam R$ 280 milhões, estimados em valores atuais.

Ele disse que nunca concordou com a decisão da gestão passada e destacou que um bom governo não se faz vendendo os patrimônios do estado.

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Ao apresentar medidas de contenção de despesas, Laurez mencionou que assumiu o governo e encontrou gastos elevados em áreas como frota, combustível e transporte aéreo. Segundo ele, o gasto com serviço aéreo foi reduzido para 33% do valor antes praticado, e despesas com veículos e combustível também tiveram cortes.

Foi nesse contexto que o governador fez referência a viagens internacionais realizadas na gestão de Wanderlei Barbosa, muitas delas em comitivas maiores: “Viagem internacional, o governador não fez nenhuma mais e não tô vendo necessidade de fazer tão cedo, ainda mais levando muita gente de novo”, disse.

Laurez não citou nomes, mas a fala ocorre após um período em que viagens ao exterior foram alvo de debates públicos durante a administração anterior.

Ele afirmou que a orientação atual é priorizar despesas consideradas essenciais. “Estamos economizando cada centavo que entra no cofre público”, reforçou.

Redução do custeio e impacto em investimentos

Durante a coletiva, Laurez também afirmou que, ao assumir, o Estado utilizava cerca de 32% da receita em custeio, o que, segundo ele, limitava a capacidade de investimento. Agora, o índice está em 28%, mesmo com o pagamento de dívidas herdadas de anos anteriores.

A meta é reduzir o percentual para 20%, patamar considerado pelo governo como necessário para recuperar a capacidade de investimento com recursos próprios.
“Na hora que tivermos um Estado que gasta 20% em custeio, vocês vão ver a capacidade de investimento crescer”, afirmou.

O governador citou exemplos de projetos paralisados por falta de contrapartida estadual, como o programa de irrigação em Arraias, que possui R$ 23 milhões do governo federal disponíveis e não executados.

Laurez também relatou que o Tocantins não conta hoje com uma estrutura específica para fiscalizar o serviço prestado pela Energisa. Segundo ele, o governo já está em diálogo com a Aneel para ampliar as atribuições da ATR (Agência Tocantinense de Regulação), que passaria a incluir também a fiscalização da energia elétrica.

“Atualmente a empresa não tem um órgão estadual que faça esse acompanhamento de perto. Estamos buscando essa autorização para que a ATR possa fiscalizar”, disse.

Concursos públicos e reorganização administrativa

O governador afirmou ser favorável à realização de concursos, mas disse que é necessário avaliar a real demanda por cargos em cada área após reorganizar as contas. Citou casos anteriores em que concursos geraram nomeações sem necessidade operacional, defendendo que novos processos seletivos só ocorram após revisão estrutural.