De acordo com uma nova pesquisa do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), o Brasil se tornou o terceiro principal destino dos investimentos chineses, e o primeiro fora da Europa. A parceria entre os dois países subiu 113%, atraindo cerca de U$4,2 bilhões no ano passado. Além da exportação de produtos, um dos principais setores são as empresas de energia “verde”.

Segundo os dados da Reuters, os maiores investimentos chineses no Brasil, além da exportação de produtos, são os carros elétricos e a energia sustentável. Em junho, a empresa de eletricidade chinesa SPIC anunciou a construção de dois novos centros de energia solar no nordeste brasileiro totalizando um investimento de 780 milhões de reais.

As empresas chinesas já haviam investido na construção de dois parques solares em junho no Ceará e Piauí cujo 70% foi comprada pela SPIC. Os novos parques eólicos estão sendo construídos no Rio Grande do Norte com os investimentos da empresa.

A CEO do unidade brasileira da SPIC, Adriana Waltrick, contou em entrevista a Reuters que a compania está “diversificando” os seus ramos e pretendem se tornar uma das maiores empresas de energia no país. Ela ainda afirma que esses investimentos são positivos e demonstram a “fome” dos chineses em investir no Brasil.

Além dos investimentos sustentáveis na energia, a China e o Brasil também estão focando em estudos de hidrogênio com a instalação de turbinas eólicas, algo que a empresa chinesa já tem experiência fora do país sul-americano.

Por que isso agora?

Historicamente, o Brasil era um forte aliado dos Estados Unidos mas acabou se afastando devido à taxação elevada imposta pelo atual presidente norte-americano. A ação levou o Brasil a focar no bloco econômico Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), especialmente na China.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês, Xi Jinping, se encontraram duas vezes no último ano anunciando parcerias em diversos setores. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, intensificou a guerra comercial, impondo tarifas elevadas sobre produtos de ambos os países.

O que isso significa no Tocantins?

No Tocantins, a produção de energia solar também está crescendo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), o estado possui mais de 48 mil conexões operacionais de energia solar em telhados e pequenos terrenos, espalhadas por 140 cidades, ou 100% dos municípios da região.

Um exemplo é o Instituto de Pesquisa e Produção de Energias Renováveis (IPPER) em Figueirópolis, uma usina solar fotovoltaica instalada na cidade há mais de dois anos com investimento de cerca de R$35 milhões de acordo com os dados da prefeitura local. Em Miracema, a TTS Energia e a Brasol fecharam um contrato de R$25 milhões para a construção de uma usina solar. A empresa Lyon já possui um parque em Miracema (Fazenda Solar – Sol Maior) e foi reconhecida ainda em 2020 pela ePowerBay como o parque solar de maior desempenho do Brasil. Em Palmas, o Parque Solar Municipal foi inaugurado ano passado, representando uma economia média de R$11,2 milhões ao município de acordo com a Secretaria Municipal da Habitação, Assuntos Fundiários e Energia Sustentável.

Ou seja, o Tocantins também estaria apto a receber investimentos de energia pela China nos próximos anos, visto que já existem investimentos chineses no estado em outras áreas como o Boi China, projeto de ferrovias e exportações. A Federação das Indústrias do Estado Tocantins (Fieto) confirmou que no primeiro trimestre deste ano o estado teve crescimento de 46,5% nas exportações do primeiro trimestre e a China é o principal parceiro comercial.