Mais de 80 policiais penais do Tocantins decidiram entregar seus cargos de confiança como forma de pressionar o governo do Tocantins por melhores condições para a categoria. O movimento segue crescendo e já atinge funções como chefes de plantão, segurança, cartório e até diretores de unidades prisionais.  Na semana que vem, os servidores devem oficializar a entrega dos cargos em ato público. 

O sistema prisional do estado conta com 154 funções de confiança, e algumas das principais unidades, como Barra da Grota, Unidade Prisional de Araguaína e de Palmas, já estão sem coordenação intermediária.

A mobilização começou após o governo apresentar uma proposta de reajuste de R$ 200 na indenização por sujeição ao sistema prisional, atualmente fixada em R$ 800, mas com histórico de atrasos. A categoria argumenta que o valor não supre as necessidades dos profissionais e reforça a necessidade de mudanças estruturais.  

Segundo o Sindicato dos Policiais Penais do Tocantins (Sindppen-TO), a reunião realizada na noite de quarta-feira, 2, foi marcada por um clima tenso, com falta de abertura para diálogo, o que levou os representantes da categoria a se retirarem da mesa de negociação.  

Os policiais penais deixam claro que a entrega dos cargos não significa uma greve e que nenhuma obrigação legal está sendo descumprida. Eles explicam que as funções de confiança são de livre nomeação e exoneração, podendo ser recusadas sem prejuízo legal.  

A ausência de chefias pode gerar sobrecarga para os diretores das unidades, que terão que administrar sozinhos diversas demandas operacionais, além do relacionamento com órgãos como Judiciário e Ministério Público.  

A mobilização também chama atenção para desafios internos da Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju), liderada pelo secretário Deuziano Amorim, que tem enfrentado dificuldades para manter o funcionamento pleno do sistema diante de cortes orçamentários. Um dos problemas relatados pelo sindicato é o atraso no pagamento das diárias de missão dos policiais penais desde o ano passado.  

Diante da situação, o sindicato não descarta solicitar o acompanhamento da Força Nacional da Polícia Penal para garantir que a gestão do sistema prisional siga dentro da legalidade e para fiscalizar contratos e procedimentos administrativos em andamento.

O Jornal Opção entrou em contato com a Seciju, que enviou a seguinte nota:
A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), por meio da Superintendência de Administração dos Sistemas Penitenciário e Prisional (Sispen-TO), esclarece que não recebeu oficialmente solicitações de revogações de funções de cargos de confiança e de chefia das unidades penais.

A Seciju reafirma que a Gestão está aberta ao diálogo, sendo que os procedimentos estão sendo conduzidos com a devida seriedade e dentro dos trâmites estabelecidos. Reforça-se o compromisso com a seriedade e com o zelo pelos direitos dos servidores, destacando que todas as providências estão sendo tomadas de acordo com as normativas e regulamentos vigentes.