Notícias

Candidatos têm até o final do mês para garantir uma das 748 vagas em 39 cursos de graduação oferecidas pelas duas instituições

Novo bispo é designado para Tocantinópolis após mais de um ano de vacância

Destaque é para covid-29, que conta com mais de 8 mil casos no Tocantins somente neste ano

Nesta semana continuamos com as análises dos cenários políticos nas cidades mais importantes do Tocantins. O Raio-X dessa semana se debruça sobre municípios de Gurupi e Porto Nacional. Caso se interesse em conferir as análises anteriores, clique aqui.
Na capital da amizade, Gurupi, a prefeita Josi Nunes (UB) desponta como favorita. Se no começo da gestão – ainda em 2021 – defrontou com adversidades, quer seja no enfrentamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, iniciada por seus adversários, quer seja em razão dos efeitos nefastos da pandemia de Covid-19, a gestora superou ambos os problemas e chegou ao último ano do seu primeiro mandato, bem avaliada pela população local.
Filha de políticos tradicionais na cidade, Josi Nunes consolidou sua carreira no poder legislativo, onde exerceu cargos de deputada estadual e federal. Professora concursada da Unirg, a prefeita sentiu dificuldades para se adaptar ao poder executivo. Contudo, se superou neste quesito e o cenário político atual lhe é favorável.
Grande parte dos nossos entrevistados disseram que a gestora municipal “está fazendo uma revolução em Gurupi”. Quer seja pela entrega de obras infraestruturantes e revestimento asfáltico em CBUQ, cuja Secretária é nada menos que Juliana Passarim – conhecida por ter exercido de forma ímpar o mesmo cargo em nível estadual – quer seja pela eficiência dos atendimentos na saúde, as pessoas abordadas marcaram sinal positivo para a gestão da prefeita. A comunicação institucional também foi elogiada por aqueles que responderam o questionário, ao passo que a educação foi motivo de algumas críticas nas respostas obtidas. Entretanto, as reclamações foram muito pontuais, não sendo suficientes para macular a gestão como um todo.
Coesão de forças demonstra musculatura política
Sobre o grupo político que lhe prestará apoio, no sábado, 16, a gestora mostrou que é capaz de compor e atrair para perto de si, figuras relevantes da política tocantinense, como a Senadora Prof. Dorinha e o deputado federal Carlos Gaguim, ambos do UB. A ausência do senador Eduardo Gomes (PL) – antigo parceiro de lutas – foi sentida. Entretanto, águas passadas, neste mesmo ato, Josi teve sua ficha de filiação abonada pela senadora presidente estadual do União Brasil e, de quebra, assumiu o controle metropolitano do partido.
Já em relação aos apoios locais, a prefeita tem demonstrado que terá nove dos atuais quinze vereadores em seu palanque. Uma base de sustentação com 2/3 é algo realmente considerável. Por todas essas circunstâncias, aliado ao fato de estar com a “máquina administrativa na mão”, a titular do cargo será o alvo a ser batido.
Ex-prefeito e atual vice-governador, Laurez Moreira tem preferência pelo candidato Eduardo Fortes

O deputado estadual Eduardo Fortes vem numa curva crescente. Ancorado por um robusto grupo de empresários ligados a exploração do comércio frigorífico, como também pela FIETO, sua retaguarda promete lhe garantir suporte e fôlego para enfrentar a prefeita e seu legado. Além disso, Fortes conta com o apoio do vice-governador Laurez, que quer encaixar seu filho, Juarez Moreira, como vice da chapa. O fato do grupo de Laurez estar engajado na disputa é um elemento que não pode ser desconsiderado, uma vez que, ao final do seu mandato em 2020, Moreira contava com aproximadamente 80% de aprovação popular. Mas Fortes – até o momento – sequer declarou ser candidato e tem dito que aguarda a definição do grupo. Enquanto isso não ocorre, seus adversários avançam.
Entre os “Outsiders”, Mauro Carlesse também teria interesse na disputa
O “Outsider” Cristiano Pisoni, ao contrário de Fortes, já declarou sua pré-candidatura. Aproveitou a visita do presidente nacional do PSDB em Palmas, Marconi Perillo, e se filiou ao partido de Cinthia Ribeiro, prefeita de Palmas. Pisoni tem experiência em gestão, porém, o PSDB ainda não se consolidou na cidade para prestar o apoio que ele precisa. Contudo, ninguém se assustaria se ele surpreendesse nas urnas. Cabe aqui ressaltar os vínculos de Pisoni com a FECOMÉRCIO, que pode lhe render algum capital político e, por consequência, votos.
Na linha de candidatos à sucessão que correm por fora, ainda aparecem o ex-governador Mauro Carlesse (AGIR), que especula encarar a disputa, mas poucos acreditam que ele se arriscaria – em razão do latente desgaste – como também, o candidato petista professor Fabiano Kenji que, definitivamente, vai apenas marcar o território da esquerda na eleição municipal.
Na histórica Porto Nacional, gestor também tem bons índices de popularidade
Assim como em Gurupi, o cenário em Porto Nacional – a terceira maior economia do Estado do Tocantins – é de um gestor com boa avaliação junto à população. Sob o argumento de que precisa avaliar se o modelo de governo atende as expectativas da população, o prefeito Ronivon Maciel (PSD) possui levantamentos internos que garantem que 49,7% dos portuenses estão satisfeitos com sua gestão. Não há números acerca da popularidade do próprio prefeito, pois ele entende que não chegou o momento de encomendar essa pesquisa.
Mas o certo é que existe uma certa boa vontade dos munícipes em renovar seu mandato. Pelo menos neste momento e no atual contexto. Ex vice-prefeito entre 2017 e 2020, o atual gestor demonstrou força em 2020 ao competir e derrotar forças consideradas, até então, insuperáveis. Ele obteve 36,84% dos votos válidos batendo um adversário oriundo de família tradicional, Otoniel Andrade (PTB) – ex-prefeito da cidade – que conseguiu 31,17% dos votos, além do próprio gestor que também disputou o cargo, Joaquim Maia (MDB), que angariou 30,98% dos votos. Uma das eleições mais disputadas naquele ano no Tocantins, sem dúvidas.
Um fator preponderante e que influencia muito a eleição municipal de Porto Nacional é o distrito de Luzimangues. Com aproximadamente oito mil eleitores, a localidade tem demonstrado força política e, atualmente, dentre os quinze vereadores, conta com quatro representantes: Joelma, João Justino, Pim Junior e Soares Filho. Destes, apenas o último não faz parte da bancada do atual prefeito, Ronivon Maciel, como também, todos são candidatos à reeleição com grandes chances de atingirem o propósito.
Adversário conta com a força política do governador Wanderlei
Apesar do candidato adversário, o deputado federal Toinho Andrade, estar filiado ao partido Republicanos e, naturalmente, contar com o apoio da grande maioria dos filiados e do governador Wanderlei Barbosa – presidente estadual da sigla – o pré-candidato não vai contar com seu colega de partido, o deputado estadual Valdemar Junior. Ele já se manifestou seu apoio a Ronivon Maciel, assim como o deputado federal Filipe Martins (PL) também já o fez. A bem da verdade, o fato é que o Republicanos se transformou num gigante no Tocantins e se tornou, praticamente, impossível atender os interesses de todos filiados.

Nesse jogo, pode-se destacar que, a princípio, não seria crível que o deputado federal Toinho Andrade abrisse mão de continuar como deputado federal – posição que poderia trazer muito mais dividendos para o município – para se tornar prefeito de Porto Nacional. Todavia, o parlamentar já tomou essa decisão e virá para a disputa municipal de outubro com a “faca nos dentes”, mesmo porque – na sua visão – precisa recuperar o prestígio do sobrenome Andrade na cidade. Seu irmão, Otoniel, vem de duas derrotas consecutivas, em 2016 e 2020.
Mais uma vez, o favoritismo dos gestores em exercício desequilibra a balança
Assim como ocorre em Araguaína com Wagner Rodrigues (UB), em Colinas com Dr. Kasarin (UB) e em Paraíso com Celso Morais (MDB), em Gurupi e Porto Nacional os atuais gestores estão, pelo menos, um passo à frente dos adversários. Não apenas por terem o controle das máquinas administrativas, mas também pelos serviços prestados ao longo dos últimos três anos. Os legados destas gestões, nas mais diversas áreas, lhes credenciam a postularem os cargos com chances de serem reeleitos.
Aos adversários cabe o esforço redobrado, no sentido de “combater o bom combate”, apresentar projetos e propostas consolidadas, além de formar grupos políticos capazes de contribuir com ideias e capilaridade, visando competir de igual para igual, com quem ocupa o cargo.
Exceto em Colinas, o fiel dessa balança pode ser o governador Wanderlei Barbosa nos palanques oposicionistas. Esse é um trunfo, sem dúvidas, pois é quase impossível ganhar eleições – principalmente as municipais, dado às suas especificidades – sem um grupo coeso. A chamada musculatura política, que geralmente se transforma em resultados favoráveis nas urnas, está atrelada à escolha refinada dos parceiros.

Alerta emitido informa ainda que uma represa próxima do local foi rompida, o que aumenta o volume de água

Incidente ocorreu durante trabalho familiar de produção de farinha; familiares também sentiram a descarga elétrica mas não sofreram ferimentos

Além das prisões, também foram apreendidas armas de fogo e drogas, todas na região sul da capital

Detentos são julgadas pela maior fuga em massa já ocorrida no Tocantins

José Lauro Martins*
Li o Relatório de Monitoramento Global da Educação publicado pela Unesco em 2023, confesso que fiquei preocupado. O título do Relatório já me preocupou: “Tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”. Antes de dizer os motivos da minha preocupação, vamos entender o contexto.
Vivemos um tempo bastante complicado para a educação, pois desde os anos 80 com a popularização da Internet, os processos educativos tradicionais nunca foram postos em cheque quanto agora. Vamos entender algumas coisas: o modelo tradicional de ensino é centenário e não é por isso que é bom. Pelo contrário, é porque não foi atualizado. Então, quando vemos uma sala de aula com a mesma estrutura de 50 anos atrás, deveria dar calafrios em qualquer pai ou mãe.
A leitura do Relatório da Unesco me fez lembrar de uma luta de boxe, o lutador tem que saber a hora de atacar e a de recuar. Assim está acontecendo com alguns países que adotaram ostensivamente os sistemas digitais na educação, estão mudando de ideia, outros países mal começaram ou nem começaram. A questão dos usos das tecnologias digitais, não é uma questão simples. O Relatório informa que o estudo em 14 países indicaram que a simples proximidade de um aparelho celular seria capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem. Mesmo em países desenvolvidos que não tem problema nem com a formação de professores nem com a educação familiar dos estudantes, como é o caso da Finlândia, é um dos países que estão revendo o uso das tecnologias digitais na educação. Além de tudo, o Relatório indica que apenas cerca de 10% dos estudantes de 15 anos usam aparelhos digitais, por mais de uma hora por semana, para estudar matemática e ciência.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra! Talvez tenha chegado o tempo da prudência aristotélica, é hora do “justo meio”, é hora de mais cautela. Estamos de acordo que a oferta do acesso às tecnologias, em particular da Internet, é fundamental para preparar os nossos alunos para o mundo do trabalho na sociedade contemporânea. Por outro lado, não basta o acesso ao celular, ao notebook e a internet para ser uma escola moderna, isso é apenas verniz se não houver o uso adequado.
Por hora, penso que o acesso aos recursos digitais deve ser limitado no ensino fundamental. Entendo que nessa fase o livro em papel, o caderno e a caneta, os grupos de trabalho tem papel muito importante na formação. Essa é uma fase em que o estudante precisa aprender a ter uma boa gestão da aprendizagem, a ter bom relacionamento tête-à-tête com seus pares, ser capaz de ouvir os ‘nãos’ da vida sem transformar isso em drama. É o tempo certo para aprender a ler e interpretar texto linear, como um livro por exemplo.
Para o ensino médio já precisamos enfatizar mais a pesquisa que as aulas expositivas. Dá para usar com mais liberdade os equipamentos digitais, o que não dá certo é a aula expositiva com os estudantes olhando para o celular, isso é uma perda de tempo para o estudante e para o professor. Outra coisa: em regra, aquilo que está disponível na internet não precisa de aula! Sei que isso vai assustar muita gente. Mas, pense comigo: o papel de uma aula não é e nunca foi o de transmitir conhecimento. O papel das aulas sempre foi o de transmitir informações, com as informações de cada estudante, ao processá-las, constrói o conhecimento. Na medida em que se tem acesso às informações por outros meios, as aulas perdem o seu papel de espaço de acesso às informações.
Agora os professores têm outros papéis na orientação dos estudantes para que aprendam a aprender, a isso nós chamamos de construção da autonomia. De um professor mediador exige bem mais competências que de um professor “dador” de aulas. O que precisamos é de uma mudança profunda do currículo e estrutura escolar para que eles aprendam o que deve ser aprendido, não importa por que meios tiveram acesso aos conteúdos. Impedir que os estudantes do ensino médio tenham acesso ao celular, considero um exagero. O que não pode é permitir que eles saiam das escolas sem as competências e habilidades previstas no currículo.
É tempo de investir no ensino híbrido inteligente e não nesses arremedos que foram usados durante a pandemia. Não temos mais tempo de espera, sabemos o que fazer e a sociedade precisa pressionar o poder público para que atenda às necessidades dos nossos jovens com uma educação de qualidade adequada a sociedade contemporânea. O modelo tradicional de divisão por disciplinas e por aulas de 50 minutos é desumano; é apenas um modelo administrativo cômodo, mas que atrapalha os processos de aprendizagem. Para quem não conhece outra forma de organização curricular, adianto que no Brasil existem várias escolas, inclusive públicas, organizadas sem sala de aula tradicional, sem organização por disciplinas, sem turmas e com muito sucesso. Mas isso é assunto para outra oportunidade.

* José Lauro Martins, filósofo, doutor em educação, professor no Curso de Jornalismo e no Programa de Mestrado de Ensino em Ciências e Saúde da Universidade Federal do Tocantins.

Justiça condenou homem a oito anos de prisão