A relação entre o vice-governador Laurez Moreira (PDT) e o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) no Tocantins continua se desgastando. Nos últimos dias, Laurez optou por não responder diretamente às críticas de Wanderlei, que o chamou de “vítima” após especulações sobre a retirada de seu cartão corporativo. Em vez de se envolver em um confronto direto, Laurez tem se concentrado em fortalecer sua base política no interior do estado, participando de eventos em Gurupi, Arraias e Dianópolis.

À imprensa, Wanderlei Barbosa voltou a criticar Laurez, acusando-o de trabalhar contra sua gestão nos bastidores, especialmente durante o período em que o vice-governador assumiu interinamente o governo. Apesar dos rumores sobre uma possível saída para disputar o Senado, Wanderlei foi claro ao afirmar que seu compromisso é terminar o mandato em 31 de dezembro de 2026, sem intenção de se envolver em disputas políticas para 2026. “Meu foco é concluir o governo e garantir a estabilidade até o final”, disse o governador, descartando qualquer possibilidade de facilitar o caminho para Laurez nas próximas eleições.

O distanciamento entre os dois foi consolidado ao longo de 2024, especialmente quando Laurez decidiu manter sua pré-candidatura ao governo estadual, contrariando a estratégia do grupo de Wanderlei. Aliados do vice defendem que havia um compromisso de apoio para 2026, mas o governador tem reforçado que sua prioridade é outra. Nos bastidores, surgem acusações de que Laurez teria tentado enfraquecer a gestão de Wanderlei, buscando alternativas para assumir o governo do Tocantins.

Corte no cartão corporativo

Um dos pontos mais evidentes da crise foi o corte do cartão corporativo de Laurez no final de 2024, medida que o governo justificou como parte de uma contenção de gastos. Enquanto isso, aliados de Laurez acusam Wanderlei de retaliação política. O vice ainda mantém veículos oficiais, segurança e assessoria, mas seus aliados afirmam que a retirada do cartão comprometeu suas condições de trabalho e é parte de uma estratégia para limitar sua atuação.

Vice enfraquecido

A aprovação de uma emenda constitucional que permite ao governador viajar por até 15 dias sem transferir o cargo ao vice também contribuiu para o aprofundamento da divisão entre os dois. A medida, que reduziu ainda mais o espaço de Laurez dentro da estrutura do governo, foi vista como um golpe contra o vice, que já enfrentava dificuldades para se firmar politicamente. A justificativa do governo é de que a mudança visa garantir a estabilidade administrativa.

Pré-campanha avança 

Com o enfraquecimento dentro do governo, Laurez tem intensificado suas viagens pelo interior, buscando consolidar uma base política própria e ganhar visibilidade para sua pré-campanha. Seus aliados, no entanto, acreditam que ele pode enfrentar dificuldades para se viabilizar eleitoralmente. Há quem especule que, caso não consiga avançar em sua candidatura ao governo, Laurez poderia disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. De qualquer forma, a relação entre ele e Wanderlei caminha para um confronto aberto, com ataques cada vez mais frequentes e a pré-campanha de Laurez ganhando forma nos bastidores do Tocantins.