Irregularidades climáticas tem sido o principal desafio no início da safra 2025/26 no Tocantins. A escassez e a irregularidade das chuvas, aliadas às altas temperaturas, têm dificultado o avanço do plantio e provocado atrasos no calendário agrícola em várias regiões do estado. Na entrevista desta semana ao Jornal Opção Tocantins, o engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Seagro), Thadeu Teixeira Júnior, destacou que, apesar do atraso das chuvas neste início de safra, a expectativa é de que não haja grandes prejuízos climáticos no curto prazo, mas que o Estado tem acompanhado a situação tanto dos grandes produtores quanto dos pequenos.

Thadeu Teixeira é professor e coordenador do curso de Agronomia do Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica). Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), possui especialização pela Fundação Universidade do Tocantins (Unitins) e mestrado em Produção Vegetal com ênfase em Genética e Melhoramento, também pela UFT. Sua carreira acadêmica e profissional é dedicada ao ensino e à pesquisa em melhoramento de plantas, estatística experimental e fitotecnia, com foco nas culturas de milho e soja.

A Seagro acompanha o comportamento das chuvas e avalia a normalização do período chuvoso a partir da segunda quinzena de novembro, o que deve permitir o início efetivo do plantio em todas as regiões do Tocantins. Segundo a pasta, as previsões indicam um cenário de “La Niña fraca”, que tende a favorecer volumes maiores de chuva no Norte e Nordeste.

A Seagro tem algum levantamento sobre o percentual de área já plantada nessa safra em comparação com o mesmo período do ano passado?


Sim, nós fizemos um levantamento junto ao setor produtivo e às cooperativas para avaliar a situação do plantio no estado, nas diversas regiões. O comportamento é diferente em cada local, já que o Tocantins é um estado grande. Em parte do estado, já temos mais de 70% da área plantada; em outra parte, o avanço está em torno de 50%. O Norte ainda tem menor produção de grãos, mas a região central está avançando rapidamente no plantio. Atualmente, essa região já deve estar com mais de 70% a 80% da área plantada. Muitos produtores esperaram as chuvas se regularizarem e, a partir do último fim de semana, começaram a semear, pois as previsões mostravam que as chuvas chegariam.

Realizamos um evento de tendências climáticas, que fazemos há muitos anos em Palmas. Os agrometeorologistas informaram que outubro seria um mês com chuvas abaixo da média, mas não imaginávamos que seria tão irregular e com chuvas tão mal distribuídas. Agora, o estado está avançando, e esperamos que até meados de novembro mais de 90% da área de plantio esteja consolidada. Essa irregularidade já era esperada, pois as previsões apontavam outubro como um mês mais difícil. Imaginávamos que, ao entrar em novembro, a situação se normalizaria, mas os primeiros dez dias do mês ainda foram marcados por irregularidades, especialmente na região de Palmas. Agora estamos retomando o ritmo, e acreditamos que o plantio deve deslanchar.


Tem algum fenômeno que explica essa situação em que as previsões indicavam chuva e tempestade, mas nada acontecia?


Essas são previsões, e nem sempre elas se confirmam. O alerta serve para manter as pessoas em atenção. Por exemplo, se há previsão de ventania, é importante evitar deixar o carro embaixo de árvores. Aqui em Palmas, não tivemos tempestade, mas, na região onde ocorre a Agrotins, houve uma ventania muito forte. Às vezes, a previsão abrange todo o estado, mas o fenômeno não se materializa em todas as regiões.

No Paraná, por exemplo, quando ocorreu o ciclone, o alerta era para todo o estado, mas apenas uma cidade foi fortemente impactada. Isso acontece porque as condições climáticas — volume de chuva, ventos e outros fatores — se fragmentam.

Foto: Gabes Guizilin

É interessante observar que, na região central, choveu em quase todos os lugares, menos em Palmas. Muitas vezes, o espelho d’água do lago reflete o calor e interfere na formação das chuvas. As massas de ar úmido que vêm da Amazônia, trazidas pelos ventos do Atlântico, muitas vezes não avançam totalmente por conta desse calor concentrado. Por isso, o Vale do Araguaia, por exemplo, registra um volume de chuva muito maior — cerca de 2.000 mm —, enquanto aqui varia entre 1.500 e 1.600 mm.


Quais as regiões do Tocantins têm sido mais afetadas pela irregularidade ou atraso das chuvas?


A região Sul do estado, tradicionalmente, é a que menos chove. Nesse início de safra, o Centro-Sul foi o mais impactado pela irregularidade, resultando em atraso nos plantios.


Como o governo estadual está monitorando essa situação climática e seus efeitos sobre o calendário agrícola?


Nós contamos com diversas estações meteorológicas no estado, que geram informações — algumas de forma manual e outras automática — e as repassam ao Inmet, responsável por organizar esses dados. A Seagro emite boletins semanais com análises sobre o comportamento do clima e previsões para os próximos dias.

Acompanhamos a situação constantemente e alertamos o setor produtivo por meio de reportagens e comunicados. O evento de tendências climáticas que realizamos anualmente tem exatamente esse objetivo: reunir produtores e meteorologistas de várias regiões do Brasil para apresentar os cenários possíveis para o estado. Trabalhamos com previsões de curto, médio e longo prazo (até três meses). Quanto maior o período analisado, maior a margem de imprecisão, embora tenhamos avançado muito na qualidade das previsões ao longo dos anos.


Qual é o nome do evento?

Chama-se Tendências Agroclimáticas. Realizamos todos os anos em Palmas. É um evento muito bom, que costuma lotar o auditório do Palácio. Normalmente acontece em setembro, para oferecer aos produtores uma visão antecipada do cenário climático que pode influenciar o plantio.


Existe alguma orientação técnica repassada aos produtores para minimizar os riscos de perdas por conta do atraso das chuvas?


A principal recomendação é que o produtor se previna e esteja sempre atento às informações climáticas. O produtor tocantinense é muito preparado. Ele trabalha com palhada, o que ajuda a manter a umidade do solo. Esse é um tipo de prevenção muito importante.

Os grandes produtores já contam com apoio técnico constante de consultores e agrônomos, além de terem acesso rápido às informações. Nesses casos, o papel do Estado é mais de alerta e apoio em políticas públicas, especialmente relacionadas à logística e estradas.


E com relação ao pequeno produtor?

O pequeno produtor exige uma atenção maior. O governo do estado, por meio da Agência de Defesa Agropecuária, do Ruraltins e da Seagro, atua em parceria para levar informações e assistência a esse público. O Ruraltins e a Adapec possuem escritórios na maioria dos municípios, o que facilita a comunicação e a difusão das orientações. A Seagro, sediada em Palmas, repassa as informações para esses órgãos, que irradiam as orientações aos produtores em todas as regiões, sejam eles pequenos, médios ou grandes.

A Adapec, por exemplo, possui mais de 95 escritórios, e o Ruraltins também tem grande capilaridade. Dessa forma, conseguimos levar informação técnica e orientação ao setor produtivo em todo o estado.


O governo estadual planeja algum tipo de apoio emergencial, caso seja necessário? Há alguma programação para atender produtores mais afetados?


Em situações semelhantes no passado, como em 2015 e 2016, quando tivemos uma quebra de cerca de 40%, o governo do estado atuou junto à Defesa Civil e aos agentes financeiros. Na época, foi decretada situação de emergência, permitindo que os produtores, junto aos bancos, pudessem se resguardar e adiar o pagamento de suas dívidas. Esse é o papel do Estado: reunir os principais atores, comprovar a ocorrência de um estado de emergência e proteger o produtor.

Além disso, sempre chamamos a atenção do setor produtivo para ampliar a área segurada. Hoje existe o seguro rural, que sabemos ser caro, mas é uma ferramenta importante de proteção contra problemas climáticos. Apesar disso, acreditamos que, neste momento, não teremos grandes perdas em razão do clima. Pode ser que, mais à frente, surjam dificuldades na colheita, pois há expectativa de volumes elevados de chuva em janeiro e fevereiro. Mas, por agora, não vemos grandes riscos de perdas no plantio.


O senhor mencionou o Ruraltins. O órgão está reforçando a assistência técnica no campo neste período mais crítico?


Sim. O Ruraltins tem intensificado a assistência técnica, especialmente voltada ao pequeno e médio produtor, que agora está colocando suas sementes e mudas no solo. O órgão atua diretamente com o produtor rural, por meio de uma equipe formada por agrônomos, médicos-veterinários, zootecnistas, engenheiros florestais e outros profissionais capacitados para orientar o agricultor no momento em que ele mais precisa.

Foto: Acervo da Agrojem

Este é o período em que o produtor está plantando mandioca, milho e outras culturas, e a presença da assistência técnica é fundamental para garantir o sucesso do plantio.


Existe alguma recomendação sobre a escolha de cultivos ou ajustes no calendário de plantio para reduzir os impactos climáticos?


Tradicionalmente, no Tocantins, a primeira safra é considerada a partir de setembro. Porém, por causa do vazio sanitário, o estado adota oficialmente o início do plantio em 1º de outubro. Já a Conab considera o início do ano-safra em setembro.

O produtor ajusta o plantio de acordo com o comportamento das chuvas. Quando ele atrasa o plantio da soja, precisa reavaliar a janela de plantio da segunda safra e se preparar para isso. A primeira safra é predominantemente de soja, embora alguns produtores façam rotação com milho.

Na segunda safra, o milho é a principal cultura, mas há outras em expansão, como o feijão-mungo, o gergelim e o sorgo, que vêm crescendo há alguns anos no estado. Essa tendência deve continuar, embora o milho ainda seja o carro-chefe, especialmente porque muitos produtores já têm contratos assinados e precisam cumprir as entregas.


O atraso das chuvas pode comprometer as metas de produção de grãos no estado para a safra 2025/2026?


Ainda não acreditamos em um impacto significativo, mas existe essa possibilidade. Caso as chuvas não se firmem, o plantio da soja pode atrasar e, consequentemente, comprometer a segunda safra de milho.

A janela ideal de plantio da soja vai de meados de outubro a meados de novembro. Quando o plantio ocorre dentro desse período, o ciclo da soja se ajusta de forma que o produtor consegue colher e plantar o milho entre janeiro e fevereiro. Mas, quando a soja é plantada mais tarde, o milho acaba sendo semeado fora da janela ideal, pegando um período de chuvas menores, o que pode reduzir a produtividade e, consequentemente, a produção total.

Além disso, o produtor tende a se prevenir reduzindo a área de milho e substituindo por culturas mais resistentes à falta de chuva, como o sorgo e o gergelim, que toleram melhor o déficit hídrico do que o milho.


Qual o impacto esperado sobre a arrecadação do setor agropecuário caso as chuvas demorem mais a se regularizar?


Nesse caso, não consideramos apenas um fator. A produção influencia muito, mas também temos o preço e o câmbio, que impactam diretamente as commodities. Quando se fala em supersafra, é preciso observar o cenário internacional — Brasil, Argentina, Paraguai, Estados Unidos —, pois o volume global de produção interfere nos preços.

O mercado de commodities é regulado externamente, não por nós. Quando há uma supersafra, o preço tende a cair, dependendo da demanda. Nos últimos meses, por exemplo, a China reduziu a compra de soja americana e passou a adquirir soja brasileira, o que favoreceu o mercado e permitiu que o produtor negociasse melhores preços, inclusive no mercado futuro, que é o que ele utiliza.

O produtor não trabalha com o preço de balcão, e sim com o mercado futuro. Ou seja, ele já vende a produção antecipadamente para garantir receita e segurança. Hoje, cerca de 70% da soja que está sendo produzida já está vendida.


Há algum diálogo com o Ministério da Agricultura ou com órgãos federais para ações conjuntas de monitoramento e apoio ao produtor, seja ele pequeno ou grande?


Sim. O Ministério da Agricultura é um grande parceiro da Secretaria. Desenvolvemos várias ações conjuntas. No entanto, o Ministério, aqui no estado, não tem uma atuação direta voltada especificamente à questão climática. Sempre que necessário, a Seagro recorre ao Ministério, por meio da Superintendência Federal localizada em Palmas, que faz a interlocução em Brasília.

Além disso, acompanhamos constantemente os dados do Inmet, que é o Instituto Nacional de Meteorologia, responsável pelas informações e previsões climáticas. Também temos parceria com a Ceau, e várias estações do governo do estado são interligadas ao sistema do Inmet. Isso garante o monitoramento constante e a transmissão de informações atualizadas aos produtores sempre que necessário.


Que medidas estruturais o Estado vem adotando para lidar com a variabilidade climática, como incentivo à irrigação, manejo do solo e armazenamento de água?


Hoje, a irrigação é uma pauta muito importante. Inclusive, no dia 19, faremos o lançamento da terceira edição de um livro sobre irrigação para o Cerrado, de autoria de um pesquisador renomado da Embrapa, reconhecido no Brasil e no exterior, que atualmente está nos Estados Unidos.

Ele escolheu poucos estados para o lançamento — Mato Grosso, Tocantins e Bahia. No site da Seagro, há uma matéria que participei sobre esse evento. A iniciativa mostra como temos avançado em irrigação no Brasil e, especialmente, no Tocantins.

Quando percorremos o estado, observamos uma mudança de paisagem, com mais lavouras e novos pivôs centrais sendo instalados. O Tocantins possui a segunda maior bacia hidrográfica do Brasil, o que nos dá potencial para expandir a agricultura irrigada. Ainda há necessidade de novos barramentos, mas os três grandes lagos do Rio Tocantins já representam um grande potencial.

Tudo é feito com responsabilidade e monitoramento. Estamos em parceria com a Embrapa, que está trazendo esse pesquisador para o evento — será no dia 19, às 9h, no auditório da Embrapa. É um evento aberto, e a cobertura de vocês seria muito interessante. Ele vai apresentar um panorama da irrigação no Cerrado, tema essencial diante das mudanças climáticas que estamos vivendo e que, infelizmente, tendem a se intensificar nos próximos anos.

Qual a expectativa da Secretaria da Seagro quanto à normalização das chuvas e início efetivo do plantio em todo o estado?


Acreditamos que, a partir de agora, essa segunda dezena de novembro já mostra que podemos entrar na normalidade de chuva. Na segunda para a terceira dezena de novembro, e em dezembro, acreditamos que possamos ter chuvas acima da média. Mas são previsões com as quais trabalhamos e que já estamos monitorando.

Existe uma expectativa, por exemplo, de dez dias sem chuva em janeiro. Isso pode ser uma oportunidade para aquele produtor que planta mais cedo colher sua soja e já entrar com o plantio do milho. Então, são situações que, para alguns, podem não ser tão boas, mas para outros serão melhores. Já estamos monitorando isso com os agrometeorologistas, tanto do estado quanto de outros estados, para chamar a atenção dos produtores dentro do setor produtivo.

Existe alguma possibilidade de as chuvas se regularizarem agora, mas cessarem antes do previsto?

Não. A retomada é realmente a partir dessa segunda dezena de novembro, quando as chuvas devem se firmar. Estamos entrando em um período de La Niña, o que já está sendo confirmado. A La Niña é uma condição em que, teoricamente, há mais chuva nas regiões Norte e Nordeste, o que é um alento para nós.

 Foto: Guilherme Alves/Governo do Tocantins

Quando ocorrem maiores quebras de safra, geralmente é o fenômeno El Niño, que inverte o cenário: menos chuva no Norte e Nordeste e mais no Sul. Agora, está se confirmando uma La Niña fraca, de pouca intensidade, mas que pode realmente trazer os volumes de chuva tão esperados pelo setor produtivo. A partir dessa segunda dezena de novembro, acreditamos que as chuvas se materializem no campo.

Sabemos que tudo isso é reflexo das agressões humanas ao meio ambiente. A COP30 está reunindo governos e especialistas para discutir ações climáticas globais. O Tocantins levou ao debate essa preocupação sobre a irregularidade das chuvas e seus efeitos sobre a produção agrícola?

Certamente existem comitivas participando. Eu pude participar da COP, e vimos muita gente nas redes sociais e grupos partindo para o evento. Existem informações muito importantes em relação a isso. O setor produtivo e a Seagro coordenam um programa de agricultura de baixo carbono, de emissão reduzida de carbono aqui no estado.

Temos uma comissão que trabalha tudo isso de forma regular. Inclusive, recentemente, aprovamos o plano de mitigação, que tem como objetivo mapear o que está acontecendo, seja em nível de pesquisa ou de produção, e identificar o que está sendo feito para emitir menos carbono na atmosfera.

O Tocantins foi referência no Brasil na década passada em ações sustentáveis. Há muitas variáveis que entram nesse contexto, como o plantio direto. Hoje, a grande maioria dos produtores, quando não há abertura de área, trabalha com plantio direto. Também observamos a ampliação das áreas de integração lavoura-pecuária-floresta. Todo esse contexto favorece a obtenção de várias safras por ano, otimizando a produção na mesma área.

Aprovamos recentemente o planejamento até 2030, com várias frentes. Uma delas é o sistema de integração. Outra, por exemplo, é a polinização induzida, para ampliar a polinização e, consequentemente, aumentar a produtividade da mesma área. Tudo isso faz parte do plano de agricultura de baixo carbono do Tocantins.

Esse trabalho envolve a Seagro, o Ministério da Agricultura, a Embrapa e diversas instituições de ensino e pesquisa que compõem um comitê estratégico. O objetivo é acompanhar tudo o que é feito em relação a isso, principalmente para tentar diminuir os problemas que já enfrentamos no cotidiano. Quem é do Tocantins, como eu, lembra que no dia 7 de setembro sempre tínhamos chuva — e hoje isso mudou.

Essa política de agricultura de baixo carbono foi destaque na COP?

O Estado já trabalha há muitos anos com o incentivo a esse tipo de agricultura. O Governo Federal, inclusive, quando disponibiliza linhas de crédito para o produtor rural, oferece as menores taxas de juros justamente para as linhas voltadas à agricultura de baixo carbono. É um incentivo a mais para que o produtor adote práticas sustentáveis, com manejo e conservação de solo e água.

O produtor tocantinense, em sua grande maioria, é muito responsável e pensa no amanhã. Ele precisa dos recursos naturais para continuar produzindo. Precisa de solo, de água e de luz. Busca otimizar a produção na mesma área, ampliando a produtividade com sustentabilidade. Isso também traz sustentabilidade ao negócio, porque agricultura é negócio.

Quando se fala em produção agrícola, surge também a preocupação com o desmatamento. Como o Estado atua nessa frente?

Temos dois órgãos que atuam diretamente nessa questão ambiental. A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos faz o monitoramento, seja de bacias hidrográficas ou do desmatamento, com uso de imagens. E temos o órgão de fiscalização, que é o Naturatins.

A Seagro trabalha em consonância com esses órgãos, até porque o Estado depende diretamente dos recursos naturais para continuar produzindo. O Tocantins é um estado agropecuário. Se olharmos as exportações do Tocantins, mais de 95% são do agronegócio. É uma dependência muito grande e cíclica. O aumento da produção agropecuária gera aumento da agroindustrialização e, depois, da industrialização.

Hoje, 50% do território do Tocantins está em áreas protegidas. O Estado tem 27,8 milhões de hectares, e metade é preservável. Desses, usamos 2,6 milhões de hectares para a produção de grãos. Ainda há muito potencial de otimização sem precisar desmatar.

O que acontece é um processo de transformação de áreas de pastagem degradadas em áreas agrícolas. A pecuária também está evoluindo: sai da forma extensiva e caminha para a intensiva, com confinamentos crescendo bastante.

E hoje, qual é o principal produto agropecuário do Tocantins?

Vou citar os três principais. A soja é disparadamente o principal produto agrícola, o que mais pesa na balança comercial. Em segundo lugar, a carne bovina, e em terceiro, o milho.

Temos ainda outro produto que vem crescendo nas exportações, principalmente na área da mineração. Então, são esses os principais.

Há mais alguma informação que o senhor queira acrescentar?

Gostaria apenas de chamar a atenção para a responsabilidade do produtor tocantinense em preservar os recursos naturais. Assim como em outros estados, há pessoas boas e ruins em todos os segmentos, mas a grande maioria dos nossos produtores é responsável e preocupada com o meio ambiente.

Eles entendem que preservar é garantir sustentabilidade para toda a sociedade, inclusive para manter a qualidade de vida nas cidades. Isso é o mais importante.