X encerra operações no Brasil após decisão judicial; serviço permanece disponível
17 agosto 2024 às 17h55
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A rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil após suposto descumprimento de uma ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O comunicado foi feito neste sábado (17) e incluiu a divulgação de uma decisão sigilosa de Moraes.
Apesar da suspensão das atividades do escritório, o serviço da rede social continuará acessível aos usuários brasileiros.
O STF ainda não confirmou a veracidade do despacho mencionado. A assessoria de imprensa do Supremo informou que a Corte não se manifestará sobre o caso.
Conforme o documento divulgado pela X, a empresa teria se recusado a bloquear perfis e contas relacionados a um inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga obstrução de investigações de organização criminosa e incitação ao crime. O despacho supostamente revela que, ao não cumprir a ordem, Moraes determinou a intimação pessoal do representante da X no Brasil. Contudo, o oficial de Justiça não conseguiu localizar os responsáveis pela rede social.
O despacho também alegaria que a representante da empresa agiu de má-fé, tentando evitar a intimação. Diante da impossibilidade de localizar os representantes da X, Moraes teria ordenado a prisão da representante legal da empresa por desobediência e uma multa diária de R$ 20 mil, conforme o documento divulgado.
O setor de assuntos globais da X declarou: “Para proteger a segurança de nossa equipe, decidimos encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato. O serviço X continua disponível para a população do Brasil.” A empresa acrescentou que a decisão do STF não é reconhecida e acusou Moraes de ameaçar sua equipe.
O proprietário da X, Elon Musk, comentou sobre o fechamento. “Encerrar o escritório X no Brasil foi uma decisão difícil, mas se aceitássemos as exigências de censura secreta e entrega de informações privadas, não teríamos como justificar nossas ações,” afirmou Musk.
Este não é o primeiro confronto de Musk com o Judiciário brasileiro. Em abril, ele criticou Moraes por alegada censura a conteúdos da plataforma. Analistas sugerem que essas ações podem ser parte de uma estratégia mais ampla da extrema-direita global para obstruir investigações sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 no Brasil.
Além de sua atuação na X, Musk é conhecido por seu envolvimento político e empresarial em diversos países, incluindo Bolívia, Venezuela, Brasil e Estados Unidos, onde apoia publicamente Donald Trump. Musk também comentou sobre a violência no Reino Unido, onde grupos extremistas atacaram imigrantes, e a X foi acusada de promover conteúdo anti-imigrante.