Impeachment de Wanderlei: Geo tenta impulsionar, mas cenário na Aleto segue sem tração
25 novembro 2025 às 19h01

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O discurso do deputado Júnior Geo (PSDB) na tribuna nesta terça-feira, 25, recolocou o impeachment de Wanderlei Barbosa (Republicanos) no centro do debate. Ele cobrou da Casa a abertura do processo e buscou dar tração ao tema. Mesmo assim, o ambiente interno da Assembleia Legislativa permanece distante de qualquer escalada imediata. A temperatura política não acompanha a gravidade das operações que atingiram o governador em setembro, com o afastamento, e novamente em novembro, desta vez sob suspeita de embaraço à Justiça.
No bloco alinhado ao governo interino de Laurez Moreira, há uma perspectiva de até 12 votos favoráveis ao andamento do processo, caso seja aberto. Um ponto relevante na leitura política: o rompimento entre Laurez e Wanderlei ocorreu antes do afastamento, mas isso não se traduzia em força parlamentar. Laurez, enquanto vice, não tinha base robusta própria, a movimentação de deputados só se intensificou após sua ascensão ao cargo interino. Portanto, os cerca de 12 votos considerados hoje como potencialmente favoráveis ao impeachment não são “de Laurez”, mas resultado da reorganização natural que ocorre quando um grupo percebe mudança no centro de poder
Do lado oposto, oito deputados permanecem contrários à abertura do impeachment. A resistência é formada principalmente pela base mais próxima ao governador, entre eles nomes ligados a relações políticas e familiares. A esse grupo se somam cinco deputados que, até agora, não sinalizaram disposição para pautar ou apoiar o avanço do processo.
A equação ganha complexidade com a posição de um grupo adicional de quatro parlamentares que se move de forma coordenada. Nos bastidores, a avaliação é de que esses deputados só ingressariam na discussão se mantivessem atuação em bloco. A eventual adesão desse conjunto é vista como determinante para alcançar os 16 votos que o presidente da Casa apontou como condição para colocar o impeachment em pauta.
O resultado é um cenário em compasso de espera: há elementos políticos e jurídicos suficientes para alimentar o debate, mas a dinâmica interna da Aleto indica que o processo só avança se houver uma convergência mínima entre grupos que hoje operam em trilhas distintas. Até lá, prevalece a postura de observação e cálculo, típica de momentos em que o custo de cada movimento ainda é maior que o benefício imediato.
Além disso, o calendário joga contra qualquer avanço rápido. A Aleto deve entrar em recesso na segunda quinzena de dezembro, o que naturalmente reduz margem para colocar um processo dessa dimensão em movimento. Antes disso, a primeira semana de dezembro tende a esvaziar o plenário: a 28ª Conferência Nacional da Unale, maior encontro parlamentar da América Latina, leva deputados para Bento Gonçalves (RS) nos dias 3, 4 e 5. Na prática, é uma semana inteira com baixa presença e pouca capacidade de deliberação, o que empurra qualquer decisão mais pesada para um caminho incerto.
