O Censo Demográfico de 2022 revelou que a taxa de alfabetização entre pessoas quilombolas com 15 anos ou mais no Tocantins foi de 83,4%, inferior à taxa de 90,4% registrada para a população geral dessa faixa etária no estado. A taxa de analfabetismo entre quilombolas foi de 16,6%, enquanto a população geral teve um índice de 9,6%. Essas informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 19.

A análise dos dados, publicados no “Censo Demográfico 2022 Quilombolas: Características dos domicílios e alfabetização, segundo recortes territoriais específicos: Resultados do universo” e no “Censo Demográfico 2022: Localidades Quilombolas”, mostra que o analfabetismo entre quilombolas é mais elevado em todas as faixas etárias em comparação com a população total, sendo mais pronunciado nas faixas etárias mais avançadas. Entre os 15 e 44 anos, a diferença nas taxas de analfabetismo entre quilombolas e a população geral era inferior a cinco pontos percentuais. No entanto, para aqueles com 65 anos ou mais, a diferença aumentou para 18,17 pontos percentuais, com taxas de 34,81% para a população geral e 52,98% para os quilombolas.

Os homens quilombolas apresentaram uma taxa de analfabetismo de 18,59%, 4,07 pontos percentuais maior que a das mulheres quilombolas, cuja taxa foi de 14,52%. Na população geral do Tocantins, a diferença entre homens e mulheres é de 2,12 pontos percentuais, sendo maior para as mulheres.

População quilombola no Tocantins

O Tocantins abriga uma população quilombola de 13.077 pessoas. Em 2022, foram identificadas 88 localidades quilombolas no estado, associadas a 79 comunidades, conforme declarado pelos informantes do Censo Demográfico. Apenas sete dessas localidades estão situadas dentro de Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. O Tocantins ocupa a terceira posição na Região Norte em termos de número de localidades quilombolas identificadas e a 15ª posição entre todas as Unidades da Federação.

Localidades

As localidades quilombolas são áreas do território nacional com um aglomerado permanente de habitantes quilombolas. Para serem consideradas localidades, esses locais precisam estar vinculados a uma comunidade quilombola e ter pelo menos 15 pessoas declaradas quilombolas, com domicílios a uma distância máxima de 200 metros entre si. O pertencimento a essas comunidades está ligado a questões étnicas, históricas e sociais, e uma mesma comunidade pode abranger mais de uma localidade.

No Tocantins, as 88 localidades quilombolas estão distribuídas em 28 municípios: Almas, Aragominas, Araguatins, Arraias, Brejinho de Nazaré, Chapada da Natividade, Conceição do Tocantins, Dianópolis, Dois Irmãos do Tocantins, Esperantina, Filadélfia, Ipueiras, Jaú do Tocantins, Lagoa do Tocantins, Mateiros, Monte do Carmo, Muricilândia, Natividade, Novo Acordo, Novo Alegre, Paranã, Ponte Alta do Tocantins, Porto Alegre do Tocantins, Porto Nacional, Santa Fé do Araguaia, Santa Rosa do Tocantins, Santa Tereza do Tocantins e São Félix do Tocantins.

Cenário nacional

Em 2022, foram identificadas 8.441 localidades quilombolas no Brasil, associadas a 7.666 comunidades. A Região Nordeste tem o maior número de localidades, com 5.386 (63,81%), e o Maranhão é o estado com mais localidades, totalizando 2.025 (23,99%).

A taxa de alfabetização das pessoas quilombolas no Brasil foi de 81,01%, inferior à taxa nacional geral de 93,0%. Consequentemente, a taxa de analfabetismo entre quilombolas foi de 18,99%, comparada a 7,0% na população geral. As regiões com as taxas de alfabetização mais altas para quilombolas foram o Sul (89,96%), Norte (87,45%) e Centro-Oeste (86,56%). As taxas mais baixas foram observadas no Nordeste (78,40%) e Sudeste (85,32%), sendo que 68,14% dos quilombolas residem no Nordeste, afetando significativamente a taxa de alfabetização nacional.