Deputado federal por dois mandatos (entre 1989 e 1995) e senador da República por mais outros dois mandatos (entre 1995 e 2011) conforme biografia disponível no site do Senado Federal, Leomar de Melo Quintanilha, em julho de 2022, era reeleito para mais quatro anos à frente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF), um ciclo que já dura 35 anos e não tem perspectiva de encerramento nem em 2027, quando acaba mais esse mandato no cargo máximo do futebol tocantinense.

O mandatário do futebol regional acumula controvérsias. Em sua estadia no Congresso Nacional, o senador chegou a presidir o Conselho de Ética do Senado, mesmo enfrentando investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria Geral da República (PGR) por suspeitas de desvio de recursos públicos, sonegação fiscal e crimes contra a ordem tributária.

O caso envolvia suspeitas de peculato, corrupção ativa e passiva, estelionato, formação de quadrilha e crime organizado, com denúncias de que emendas parlamentares teriam beneficiado municípios do Tocantins e, indiretamente, a Construtora Rochedo, do irmão de Leomar, Cleomar Natal Quintanilha.

Ainda durante seu período no Senado Federal, Quintanilha foi citado na PGR sobre uma investigação por sonegação fiscal relacionada à sua atuação na Federação Tocantinense de Futebol, citada no relatório final da CPI da Nike, o que não deu em nada.

Quintanilha teve uma trajetória partidária marcada por mudanças (PPB, PFL, PMDB, PCdoB e retorno ao PMDB) e discursava de forma inflamada contra a legislação que combate o trabalho escravo, posicionando-se em defesa do agronegócio. “Quero trazer ao conhecimento dos meus nobres pares e de toda a sociedade uma preocupação que tem causado muita inquietação no segmento rural de nosso país. Trata-se da aplicação da legislação que define o trabalho escravo ou do trabalho realizado em condição análoga ao de escravo, a pretexto do qual têm se cometido inomináveis absurdos contra a classe que presta relevantes serviços à nação”, discursou ele, em agosto de 2004.

As investigações não atrapalharam Quintanilha de terminar seu mandato e seguir a vida como presidente da FTF.

Prestígio

Em março de 2025, Quintanilha, aos 79 anos, tornou-se um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na gestão do baiano Ednaldo Rodrigues, de 71 anos, reeleito com 100% dos votos do colégio eleitoral, entre federações e clubes das Séries A e B.

O prestígio de Quintanilha com a CBF é de longa data. Quando saiu candidato ao governo do Tocantins pelo PCdoB em 2006, ele recebeu diretamente da confederação, na época comandada pelo Ricardo Teixeira, R$ 50 mil de doação para a campanha, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele perdeu a eleição, mas não perdeu o prestígio com a CBF.

Doação da CBF para Quintanilha | Foto: Reprodução

Agora, em relatos recentes divulgados pela Revista Piauí, o presidente da FTF aparece com um salário que na gestão de Ednaldo, saltou de R$ 50 mil para R$ 215 mil. Em contrapartida, o campeonato estadual da primeira divisão no Tocantins segue sem premiação em dinheiro para os clubes vencedores. Isso gerou uma onda de manifestações de políticos, que em 2025, descobriram que a competição existe há anos sem essa forma de prêmio.

Premiação indireta

O time que vence o estadual precisa se contentar com uma vaga na Copa do Brasil do ano seguinte, o que rende uma cota em dinheiro por participação em cada fase. A partir de 2024, a CBF mudou o formato de ingresso na competição nacional e o Tocantins passou a ter duas vagas garantidas. Antes, apenas o campeão era classificado, agora o vice também tem direito. Neste ano, por exemplo, os já eliminados da competição, Tocantinópolis e União receberam na 1ª fase R$ 830 mil cada um. Os clubes foram finalistas do estadual em 2024.

Para 2026, o União, que na edição deste ano da Copa do Brasil faturou mais que o Tocantinópolis, pois avançou para segunda fase e recebeu mais R$ 1 milhão, e o Araguaína, respectivamente, campeão e vice da edição 2025 do Campeonato Tocantinense, estão garantidos na competição nacional.