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Hareli Cecchin*
Enquanto a campanha “Janeiro Branco” nos convoca a refletir sobre a saúde mental, buscando promover a prevenção e o tratamento de doenças como ansiedade, depressão e pânico, é crucial destacarmos os desafios especiais das mulheres brasileiras em situação de vulnerabilidade social em torno dessa questão – um debate que a Incubadora Social da Universidade Federal do Tocantins tem se empenhado em promover.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros enfrentam quadros de depressão, correspondendo a 5,8% da população. Os distúrbios psicológicos afetam cerca de 22 milhões de brasileiros, representando 12% da população, enquanto quase 19 milhões de indivíduos do país convivem com algum tipo de transtorno de ansiedade, o que equivale a quase 9,3% da população. Mais do que estatísticas, esses números representam histórias reais de dor e resiliência.
Anualmente, são registrados 800 mil casos de suicídio no mundo, frequentemente relacionados a episódios graves de depressão não identificada ou tratada. As mulheres apresentam maior suscetibilidade à depressão, que se configura como um tipo de transtorno mental.
Em meio aos desafios enfrentados pelas mulheres brasileiras, a saúde mental emerge como uma preocupação crucial que merece atenção dedicada. A realidade é que as mulheres muitas vezes carregam fardos múltiplos, equilibrando responsabilidades profissionais, familiares e sociais. A pressão cultural e as expectativas muitas vezes exacerbam o estresse, contribuindo para a prevalência de problemas de saúde mental. Segundo o último relatório da organização internacional IHME (The Institute for Health Metrics and Evaluation), 45% das mulheres entrevistadas afirmaram ter algum diagnóstico de transtorno mental, com maior prevalência de depressão e ansiedade.
Isso é especialmente importante quando consideramos a realidade de mulheres de classes sociais mais baixas. Nesse contexto, tiveram início em 2023 e devem se estender ao longo de 2024, em Palmas e Araguaína, as atividades da Incubadora Social. A Incubadora é um projeto de extensão da Universidade Federal do Tocantins que tem como meta beneficiar 500 mulheres e suas famílias nos dois maiores municípios do estado. O foco são mulheres em situação de vulnerabilidade social, em especial pessoas em situação de rua, para oportunidades de capacitação e acolhimento. Uma das principais frentes de atuação do projeto, além da realização de oficinas e cursos, são os encontros periódicos de atendimentos psicossociais em grupo, acompanhados por profissionais da Psicologia, Assistência Social e Terapia Ocupacional.
Em Palmas-TO já foram realizados três encontros com a participação de 60 mulheres. Como psicóloga do projeto na capital, tenho percebido que as mulheres em vulnerabilidade sofrem múltiplas violências e que isso contribui para que elas tenham dificuldade em desenvolver sua autonomia. Ao final de um dos encontros, uma das participantes relatou que havia sofrido violência física do marido e estava sob medida protetiva. Com cinco filhos, me disse que não recebia pensão alimentícia e ainda enfrentava a suspeita de um diagnóstico de autismo do filho caçula. Ela pediu ajuda para que a criança pudesse passar por uma avaliação profissional e eventual encaminhamento para acompanhamento médico e psicológico, caso fosse necessário. Movi todos os meus esforços para ajudá-la – já que uma das propostas da Incubadora é identificar esse tipo de necessidade e encaminhar as participantes aos diferentes serviços da rede pública de assistência social – e descobri que, devido à fila de espera, o tempo para este atendimento pode chegar a até quatro anos. Fiquei pensando em todas as dificuldades que esta mulher enfrenta e como este tempo de espera pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Essa situação é apenas um exemplo de como as questões da saúde mental afetam de modo especial as pessoas de baixa renda, que enfrentam desafios ainda maiores para ter acesso a atividades de prevenção, diagnósticos e tratamentos adequados. Está, também, diretamente relacionada aos resultados do relatório internacional do IHME, que apontam que as mulheres mais prejudicadas são negras e das classes D e E, cujos índices de insatisfação na vida financeira superam os 50%.
Vivemos um momento muito difícil da sociedade brasileira em que a saúde mental deve ser olhada com muita atenção pelos gestores públicos. Faz-se necessário iniciativas individuais, da sociedade civil, do setor privado e, especialmente, do setor público voltadas a promoção da saúde mental da mulher. A Incubadora Social é uma iniciativa positiva que tem potencial de ajudar muitas pessoas, mas sua atuação é limitada e o seu êxito depende da continuidade do acompanhamento dessas mulheres, da participação das diferentes esferas do poder público e da mobilização de outros esforços por meio da rede de atenção às mulheres em situação de vulnerabilidade que a equipe da Incubadora também vem se esforçando em fortalecer. É preciso considerar o tema de maneira interdisciplinar, olhando para o cuidado, o peso excessivo de responsabilidades e a tendência à feminização da pobreza. É fundamental quebrar o silêncio em torno dessas questões e fomentar diálogos abertos para construir uma sociedade mais compreensiva e solidária em relação à saúde mental das mulheres no Brasil.
Para saber mais sobre as atividades da Incubadora Social, acesse o Instagram @incubadorasocialuft ou envie e-mail para [email protected].
*Psicóloga (CRP-23/743), integrante da equipe multiprofissional do projeto Incubadora Social da UFT, especialista em Logoterapia e Análise Existencial, e doutora em Psicologia Clínica e Cultura.

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O governo federal destinou aproximadamente R$ 2 milhões para fortalecer a capacidade logística das populações indígenas que participam do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no Tocantins. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com a Funai e órgãos gestores do PAA no estado, firmou convênios para a compra de veículos, embarcações e equipamentos. Esses recursos visam garantir o transporte dos alimentos produzidos e sua distribuição às comunidades indígenas, especialmente aquelas em áreas de difícil acesso.
No Tocantins, o Instituto de Desenvolvimento Rural (Ruraltins) será beneficiado com mais de R$ 2 milhões em recursos federais, somados à contrapartida do estado. Esses fundos serão direcionados para a aquisição de quatro caminhonetes, dois caminhões baú (um para carga seca e outro para carga refrigerada) e quatro barcos em alumínio, equipados com motor e carroceria. Esses meios de transporte têm o objetivo de facilitar o escoamento da produção indígena e a entrega de alimentos em regiões de difícil acesso.
A ação faz parte do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), que busca promover a segurança alimentar e nutricional, garantindo o acesso a alimentos de qualidade. A iniciativa visa unir comunidades indígenas fornecedoras de alimentos a outras que necessitam, fortalecendo a cadeia de produção local. Os recursos foram repassados por meio de convênios assinados no final de dezembro e publicados no Diário Oficial da União na primeira semana de 2024.
Ao todo, serão adquiridos 104 veículos, incluindo caminhões, caminhonetes, utilitários e picapes com diferentes especificações, além de 46 embarcações, entre barcos e lanchas. A ação beneficiará 14 estados brasileiros, incluindo o Tocantins, e visa aprimorar a distribuição dos alimentos adquiridos pelo PAA, garantindo que cheguem de forma regular e em condições adequadas às comunidades indígenas que mais necessitam.
O investimento nesse programa é parte de uma série de ações destinadas a fortalecer o PAA. O programa desempenha auxilia na compra direta de produtos de agricultores familiares para doação a entidades socioassistenciais e equipamentos públicos que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social e nutricional. A retomada do PAA, institucionalizada pela Lei nº 14.628, de 20 de julho de 2023, prioriza a participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais como consumidores e fornecedores de alimentos.