Resultados do marcador: Tocantins

Encontramos 3291 resultados
Luta pela saúde mental das mulheres em situação de vulnerabilidade: possibilidades e limites da atuação da Incubadora Social

Hareli Cecchin*

Enquanto a campanha “Janeiro Branco” nos convoca a refletir sobre a saúde mental, buscando promover a prevenção e o tratamento de doenças como ansiedade, depressão e pânico, é crucial destacarmos os desafios especiais das mulheres brasileiras em situação de vulnerabilidade social em torno dessa questão – um debate que a Incubadora Social da Universidade Federal do Tocantins tem se empenhado em promover.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros enfrentam quadros de depressão, correspondendo a 5,8% da população. Os distúrbios psicológicos afetam cerca de 22 milhões de brasileiros, representando 12% da população, enquanto quase 19 milhões de indivíduos do país convivem com algum tipo de transtorno de ansiedade, o que equivale a quase 9,3% da população. Mais do que estatísticas, esses números representam histórias reais de dor e resiliência.

Anualmente, são registrados 800 mil casos de suicídio no mundo, frequentemente relacionados a episódios graves de depressão não identificada ou tratada. As mulheres apresentam maior suscetibilidade à depressão, que se configura como um tipo de transtorno mental.

Em meio aos desafios enfrentados pelas mulheres brasileiras, a saúde mental emerge como uma preocupação crucial que merece atenção dedicada. A realidade é que as mulheres muitas vezes carregam fardos múltiplos, equilibrando responsabilidades profissionais, familiares e sociais. A pressão cultural e as expectativas muitas vezes exacerbam o estresse, contribuindo para a prevalência de problemas de saúde mental. Segundo o último relatório da organização internacional IHME (The Institute for Health Metrics and Evaluation), 45% das mulheres entrevistadas afirmaram ter algum diagnóstico de transtorno mental, com maior prevalência de depressão e ansiedade.

Isso é especialmente importante quando consideramos a realidade de mulheres de classes sociais mais baixas. Nesse contexto, tiveram início em 2023 e devem se estender ao longo de 2024, em Palmas e Araguaína, as atividades da Incubadora Social. A Incubadora é um projeto de extensão da Universidade Federal do Tocantins que tem como meta beneficiar 500 mulheres e suas famílias nos dois maiores municípios do estado. O foco são mulheres em situação de vulnerabilidade social, em especial pessoas em situação de rua, para oportunidades de capacitação e acolhimento. Uma das principais frentes de atuação do projeto, além da realização de oficinas e cursos, são os encontros periódicos de atendimentos psicossociais em grupo, acompanhados por profissionais da Psicologia, Assistência Social e Terapia Ocupacional.
Em Palmas-TO já foram realizados três encontros com a participação de 60 mulheres. Como psicóloga do projeto na capital, tenho percebido que as mulheres em vulnerabilidade sofrem múltiplas violências e que isso contribui para que elas tenham dificuldade em desenvolver sua autonomia. Ao final de um dos encontros, uma das participantes relatou que havia sofrido violência física do marido e estava sob medida protetiva. Com cinco filhos, me disse que não recebia pensão alimentícia e ainda enfrentava a suspeita de um diagnóstico de autismo do filho caçula. Ela pediu ajuda para que a criança pudesse passar por uma avaliação profissional e eventual encaminhamento para acompanhamento médico e psicológico, caso fosse necessário. Movi todos os meus esforços para ajudá-la – já que uma das propostas da Incubadora é identificar esse tipo de necessidade e encaminhar as participantes aos diferentes serviços da rede pública de assistência social – e descobri que, devido à fila de espera, o tempo para este atendimento pode chegar a até quatro anos. Fiquei pensando em todas as dificuldades que esta mulher enfrenta e como este tempo de espera pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Essa situação é apenas um exemplo de como as questões da saúde mental afetam de modo especial as pessoas de baixa renda, que enfrentam desafios ainda maiores para ter acesso a atividades de prevenção, diagnósticos e tratamentos adequados. Está, também, diretamente relacionada aos resultados do relatório internacional do IHME, que apontam que as mulheres mais prejudicadas são negras e das classes D e E, cujos índices de insatisfação na vida financeira superam os 50%.

Vivemos um momento muito difícil da sociedade brasileira em que a saúde mental deve ser olhada com muita atenção pelos gestores públicos. Faz-se necessário iniciativas individuais, da sociedade civil, do setor privado e, especialmente, do setor público voltadas a promoção da saúde mental da mulher. A Incubadora Social é uma iniciativa positiva que tem potencial de ajudar muitas pessoas, mas sua atuação é limitada e o seu êxito depende da continuidade do acompanhamento dessas mulheres, da participação das diferentes esferas do poder público e da mobilização de outros esforços por meio da rede de atenção às mulheres em situação de vulnerabilidade que a equipe da Incubadora também vem se esforçando em fortalecer. É preciso considerar o tema de maneira interdisciplinar, olhando para o cuidado, o peso excessivo de responsabilidades e a tendência à feminização da pobreza. É fundamental quebrar o silêncio em torno dessas questões e fomentar diálogos abertos para construir uma sociedade mais compreensiva e solidária em relação à saúde mental das mulheres no Brasil.
Para saber mais sobre as atividades da Incubadora Social, acesse o Instagram @incubadorasocialuft ou envie e-mail para [email protected].

*Psicóloga (CRP-23/743), integrante da equipe multiprofissional do projeto Incubadora Social da UFT, especialista em Logoterapia e Análise Existencial, e doutora em Psicologia Clínica e Cultura.

ECONOMIA
Joseph Madeira elogia criação do Ministério do Empreendedorismo e da Microempresa

Dirigente empresarial defende que criação do ministério pode contribuir para a abertura de novos negócios

Araguaína
Idoso é indiciado por estupro de menino de cinco anos em Araguaína

Suspeito, que é vizinho da vítima, atraiu o garoto para sua casa sob pretexto de oferecer doces enquanto este brincava próximo à residência

Extremo Norte
Homem é preso no Maranhão por suspeita de estuprar a própria filha em Itaguatins

Indivíduo foi encontrado na zona rural da cidade de João Lisboa, onde foi preso pela Polícia Civil

Procon
Preço da carne pode variar 128,76% nos açougues de Palmas

Levantamento destaca discrepâncias significativas em dez açougues e supermercados da capital

Educação
UFT oferta 688 vagas em cursos de graduação pelo Sisu

Candidatos podem utilizar suas notas do Enem 2023 para concorrer às vagas, desde que não tenham participado do exame como treineiros e não tenham obtido nota zero na redação

Piracema
Na Bacia do Araguaia, Naturatins apreende 26 kg de pescado e 450 metros de redes de emalhar

Um auto de infração de R$ 13,02 mil também foi lavrado aos responsáveis

Crime
Homem suspeito de explodir e furtar banco em Barrolândia é morto em confronto com o Bope

Homem morto tinha 32 anos e era natural de Paraíso do Tocantins; polícia afirma que o suspeito tinha passagem por outros crimes e já havia sido preso em Minas Gerais

Educação
Seduc abre matrículas para primeira Escola Bilíngue de Surdos no Tocantins, em Palmas

Inscrições podem ser feitas entre 11 e 26 de janeiro; vagas são para o 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e da 1ª a 3ª série do Ensino Médio, com turmas de período integral

Governo Federal
Tocantins recebe R$ 2 milhões para logística do Programa de Aquisição de Alimentos para povos indígenas

O governo federal destinou aproximadamente R$ 2 milhões para fortalecer a capacidade logística das populações indígenas que participam do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no Tocantins. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com a Funai e órgãos gestores do PAA no estado, firmou convênios para a compra de veículos, embarcações e equipamentos. Esses recursos visam garantir o transporte dos alimentos produzidos e sua distribuição às comunidades indígenas, especialmente aquelas em áreas de difícil acesso.

No Tocantins, o Instituto de Desenvolvimento Rural (Ruraltins) será beneficiado com mais de R$ 2 milhões em recursos federais, somados à contrapartida do estado. Esses fundos serão direcionados para a aquisição de quatro caminhonetes, dois caminhões baú (um para carga seca e outro para carga refrigerada) e quatro barcos em alumínio, equipados com motor e carroceria. Esses meios de transporte têm o objetivo de facilitar o escoamento da produção indígena e a entrega de alimentos em regiões de difícil acesso.

A ação faz parte do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), que busca promover a segurança alimentar e nutricional, garantindo o acesso a alimentos de qualidade. A iniciativa visa unir comunidades indígenas fornecedoras de alimentos a outras que necessitam, fortalecendo a cadeia de produção local. Os recursos foram repassados por meio de convênios assinados no final de dezembro e publicados no Diário Oficial da União na primeira semana de 2024.

Ao todo, serão adquiridos 104 veículos, incluindo caminhões, caminhonetes, utilitários e picapes com diferentes especificações, além de 46 embarcações, entre barcos e lanchas. A ação beneficiará 14 estados brasileiros, incluindo o Tocantins, e visa aprimorar a distribuição dos alimentos adquiridos pelo PAA, garantindo que cheguem de forma regular e em condições adequadas às comunidades indígenas que mais necessitam.

O investimento nesse programa é parte de uma série de ações destinadas a fortalecer o PAA. O programa desempenha auxilia na compra direta de produtos de agricultores familiares para doação a entidades socioassistenciais e equipamentos públicos que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social e nutricional. A retomada do PAA, institucionalizada pela Lei nº 14.628, de 20 de julho de 2023, prioriza a participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais como consumidores e fornecedores de alimentos.